Capítulo 21

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Sofia

Eu não pretendia permitir que tocasse em mim. Todo o tempo, havia sido apenas uma perigosa provocação. Clara havia rejeitado meus sentimentos tantas vezes, que me senti no direito de jogar com seu psicológico e rejeitar suas investidas – mas nunca brincar com seu coração.

E quando falei que não nos beijaríamos, era muito sério.

Encostada em seu antigo armário, de braços cruzados, continuei olhando-a de forma provocativa. Seria mentira se eu dissesse que, nesse momento, ela não me despertava desejo. Mas eu não estava disposta, de novo, a ceder e lhe dar exatamente o que cobiçava.

Eu não precisava só de sexo. Helena havia me deixado muito bem servida nas últimas semanas. Porém, com Clara, eu queria mais. Pena que ela não queria.

- Não vamos nos beijar. – Avisei logo, mas eu sabia que minha postura dizia exatamente o contrário. Afinal, eu a encarava ardentemente e sorria de maneira convidativa. Era inevitável.

- É mesmo? – Ela perguntou, com a voz duvidosa.

- Quer descobrir se falo a verdade? – Lancei o desafio.

Clara quebraria a cara. Quando se aproximasse, eu a afastaria e iria embora dali.

- Não brinca comigo. – Disse, ficando a um passo de distância.

Esperei que tomasse uma atitude. Nos encaramos por mais alguns segundos, enquanto ela tentava me interpretar e decidir se valia a pena se arriscar.

Como o esperado, ela não desperdiçou a oportunidade. Clara aproximou a boca da minha, e foi rápida quando tentou um beijo. Não consegui afastá-la, mas consegui desviar o rosto antes que encostasse os lábios nos meus. Essa já era sua segunda tentativa.

Ela não iria mesmo me beijar. Estava decidido.

Mesmo assim, não desistiu de me tentar o juízo. Não acertou minha boca, mas aproveitou a proximidade para tocar os lábios em meu pescoço.

Arrepiei-me toda.

Ela conhecia todos os meus pontos fracos, por isso, com o braço direito, dificultei sua tentativa de colar seu corpo junto ao meu. Seu calor, mais seu cheiro, acabaria com toda a minha força de vontade de resistir ao efeito que sua presença tinha sobre mim. Ela me dava choque.

- Clara, não força. – Pedi, quase implorei.

Suas mãos já tentavam afastar meu braço e abrir caminho.

- Deixe-me te sentir só um pouco. – Insistiu, com a voz abafada ainda em meu pescoço.

Começou a passar a língua por ali, e tentei empurrá-la para longe. Contudo, ela era mesmo muito insistente. Havia virado o jogo e só percebi quando eu já não tentava mais evitar seus toques.

Conseguiu passagem, pressionando toda a extensão de seu corpo contra o meu, e voltou a tentar me beijar nos lábios.

Mas isso, ao menos, ainda estava decidido. Não aconteceria.

- Falo sério. Não vamos nos beijar. – Avisei novamente, em vão. Com um sorriso safado de quem sabia o poder que tinha, tentou um beijo mais uma vez; portanto, fui obrigada a contê-la pelos cabelos, puxando firmemente seus longos fios para trás.

- Assim, me apaixono! – Falou, enquanto mordiscava os lábios.

- Você já é apaixonada por mim. – Provoquei, com meus lábios bem próximos aos seus.

Ela não disse nada, apenas investiu sobre mim de novo, deixando-me marcada ao chupar-me avidamente o pescoço e, em seguida, amenizar o ardor com beijos sobre as marcas em minha pele. Ainda não satisfeita, percorreu meu corpo com sua mão direita e, dessa forma, tentou arrancar a minha roupa.

Qualquer Semelhança É Uma Mera Coincidência 2Onde histórias criam vida. Descubra agora