Sofia
Eu não pretendia permitir que tocasse em mim. Todo o tempo, havia sido apenas uma perigosa provocação. Clara havia rejeitado meus sentimentos tantas vezes, que me senti no direito de jogar com seu psicológico e rejeitar suas investidas – mas nunca brincar com seu coração.
E quando falei que não nos beijaríamos, era muito sério.
Encostada em seu antigo armário, de braços cruzados, continuei olhando-a de forma provocativa. Seria mentira se eu dissesse que, nesse momento, ela não me despertava desejo. Mas eu não estava disposta, de novo, a ceder e lhe dar exatamente o que cobiçava.
Eu não precisava só de sexo. Helena havia me deixado muito bem servida nas últimas semanas. Porém, com Clara, eu queria mais. Pena que ela não queria.
- Não vamos nos beijar. – Avisei logo, mas eu sabia que minha postura dizia exatamente o contrário. Afinal, eu a encarava ardentemente e sorria de maneira convidativa. Era inevitável.
- É mesmo? – Ela perguntou, com a voz duvidosa.
- Quer descobrir se falo a verdade? – Lancei o desafio.
Clara quebraria a cara. Quando se aproximasse, eu a afastaria e iria embora dali.
- Não brinca comigo. – Disse, ficando a um passo de distância.
Esperei que tomasse uma atitude. Nos encaramos por mais alguns segundos, enquanto ela tentava me interpretar e decidir se valia a pena se arriscar.
Como o esperado, ela não desperdiçou a oportunidade. Clara aproximou a boca da minha, e foi rápida quando tentou um beijo. Não consegui afastá-la, mas consegui desviar o rosto antes que encostasse os lábios nos meus. Essa já era sua segunda tentativa.
Ela não iria mesmo me beijar. Estava decidido.
Mesmo assim, não desistiu de me tentar o juízo. Não acertou minha boca, mas aproveitou a proximidade para tocar os lábios em meu pescoço.
Arrepiei-me toda.
Ela conhecia todos os meus pontos fracos, por isso, com o braço direito, dificultei sua tentativa de colar seu corpo junto ao meu. Seu calor, mais seu cheiro, acabaria com toda a minha força de vontade de resistir ao efeito que sua presença tinha sobre mim. Ela me dava choque.
- Clara, não força. – Pedi, quase implorei.
Suas mãos já tentavam afastar meu braço e abrir caminho.
- Deixe-me te sentir só um pouco. – Insistiu, com a voz abafada ainda em meu pescoço.
Começou a passar a língua por ali, e tentei empurrá-la para longe. Contudo, ela era mesmo muito insistente. Havia virado o jogo e só percebi quando eu já não tentava mais evitar seus toques.
Conseguiu passagem, pressionando toda a extensão de seu corpo contra o meu, e voltou a tentar me beijar nos lábios.
Mas isso, ao menos, ainda estava decidido. Não aconteceria.
- Falo sério. Não vamos nos beijar. – Avisei novamente, em vão. Com um sorriso safado de quem sabia o poder que tinha, tentou um beijo mais uma vez; portanto, fui obrigada a contê-la pelos cabelos, puxando firmemente seus longos fios para trás.
- Assim, me apaixono! – Falou, enquanto mordiscava os lábios.
- Você já é apaixonada por mim. – Provoquei, com meus lábios bem próximos aos seus.
Ela não disse nada, apenas investiu sobre mim de novo, deixando-me marcada ao chupar-me avidamente o pescoço e, em seguida, amenizar o ardor com beijos sobre as marcas em minha pele. Ainda não satisfeita, percorreu meu corpo com sua mão direita e, dessa forma, tentou arrancar a minha roupa.
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Qualquer Semelhança É Uma Mera Coincidência 2
RomanceSofia retorna para casa e ao convívio de suas antigas amigas. Mais de uma década depois, ela está preparada para encarar os dilemas que pensava terem sido superados, assim como enfrentar fantasmas responsáveis pelos seus traumas do passado. Focada e...