Capítulo 4

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Clara

O dia estava belo, a natureza reluzia e minha disposição estava a mil. Eu havia criado o hábito de correr uma vez por semana, e aproveitava as manhãs de domingo para praticar atividade física na companhia de Laura e Maria. As únicas dispostas a isso, na verdade. Havia se tornado um compromisso que acontecia já há alguns anos. Mesmo que fosse raro qualquer uma de nós faltar a um dia de corrida, precisávamos, o tempo inteiro, nos apoiar a não desistir, ainda mais quando dormir até tarde numa manhã de domingo sempre nos soava mais atrativo. Maria era quem tinha mais disposição e sempre saia de sua casa para nos encontrar em meu apartamento. Laura acordava sem esforço e, as duas juntas, me tiravam da cama à força. Era quase sempre assim.

- Podemos descansar um pouco? – Parei, apoiando as mãos nos joelhos e ofegando como se estivesse infartando.

- Você anda muito mole. – Laura reclamou.

- Estou com a maior vontade de me refrescar com uma água de coco bem geladinha. – Maria confessou, me dando uma colher de chá. – Está muito abafado.

O dia estava muito quente e minha língua estava no chão. Era verdade que meus hábitos andavam displicentes com minha saúde, mas o calor também não estava facilitando.

- Eu corro todo domingo. – Protestei. – E vou à academia também.

- Você não vai à academia, só está matriculada.

- Que tal discutirmos isso a caminho do quiosque? – Maria deu a ideia.

Nosso lugar preferido para correr era na praia, e o pior lugar para isso, era na areia. Mas Maria sempre escolhia corrermos na "fofinha areia branca, que parecia massagear nossos pés". Era o que ela dizia para sempre nos convencer a escolher a pior ideia.

- Vamos lá! – Laura saiu na frente.

A melhor parte de tudo isso era o depois, quando a gente descansava, sentia a brisa do mar bater nos nossos rostos, ao mesmo tempo que nos refrescávamos com qualquer bebida bem gelada. Tudo bem, eu não era mesmo muito fã de corrida, confesso. Eu só insistia nisso, depois de tanto tempo, porque eu tinha Maria e Laura para me obrigarem e para me fazerem companhia.

Na maioria das vezes, só nos sentávamos em silêncio e admirávamos o mar. Mas, dessa vez, havia algo que já insistia em meus pensamentos há alguns dias. Só não queria admitir nem verbalizar. Era possível que interpretassem errado.

- Por que a Sofia voltou?

- Porque ela quis. – Laura respondeu.

- Ela sentiu que era a hora, queria estar com as amigas e sentia falta de estar em casa. – Maria me deu uma resposta um pouco mais satisfatória.

- Depois de tantos anos, pensei que ela já havia se acostumado com outro país. – Comentei, e Laura me observou com rabo de olho.

- Clara, faça logo suas perguntas. – Ordenou, sem rodeios.

- Ela falou algo de mim?

- Não.

- Nadinha? Vocês moram juntas. Ela deve ter comentado algo.

- Sofia não fala de você. – Foi bem enfática.

- A verdade é que ela já falou sim. – Maria confessou, atraindo um olhar severo da amiga. – No dia da boate, ela disse que não sentia mais nada.

Tudo bem. É recíproco.

- Isso não significa que ela pode entrar para sua lista de contatinhos para sexo casual. – Laura me alertou.

Qualquer Semelhança É Uma Mera Coincidência 2Onde histórias criam vida. Descubra agora