Capítulo 18

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Clara

Meu coração acelerou, minhas mãos suaram e parecia que eu havia levado um soco no estômago. Fui pega completamente desprevenida. De forma alguma, eu esperava que Sofia fosse fazer uma declaração de amor, justamente naquele momento. Além de que, não estávamos bem há dias, eu já havia frustrado suas vontades por algumas vezes e não correspondi seus sentimentos nem aceitei seu pedido de namoro inusitado. E, para piorar ainda mais, atrapalhei sua chance de sair com outra pessoa, quando roubei sua paquera. Nunca, jamais, pensaria que fosse se declarar depois de tudo o que já havia acontecido.

No mínimo, eu esperava que estivesse nutrindo um ranço contra minha pessoa.

Ela tinha tudo para me odiar e me querer bem longe; porém, diferentemente disso, Sofia revelou que havia voltado ao país com o objetivo de me reconquistar e dizia ainda me amar.

Não tive reação, não estava mesmo esperando por isso e não estava preparada para lidar com os conflitos do meu coração.

Eu não conseguia administrar os sentimentos contraditórios que me impediam de tomar alguma atitude sincera, madura e satisfatória. Simplesmente, não me importei de levantar minhas defesas e repelir seus sentimentos de um jeito duro.

Era como eu protegia meu psicológico, que era vulnerável demais, única e exclusivamente a ela.

- Preciso te falar algo que tenho certeza de que vou me arrepender depois, mas foda-se! – Nesse momento, continuei sustentando o olhar, como havia me ordenado. – Eu voltei ao país para te ver, ouvir, tocar e te pegar de volta para mim. Eu te amo, merda!

Suas palavras ecoaram em minha mente e se chocaram contra meu coração. Os meus conflitos internos me torturavam e me afligiam. Não saber o que fazer, ou o que falar, deixou-me numa situação de estresse, preenchendo-me o peito de frustração, raiva e, talvez, de algo bom. Algo que eu não sabia identificar. Ou não queria.

Sofia não tinha o direito de me colocar nessa situação tão vulnerável. Já sabia qual era meu posicionamento e minhas vontades. Então, qual era o porquê disso? Senti-me pressionada, invadida e, consequentemente, irritada.

- Não vai dizer nada? – Insistiu, com raiva. – Fala alguma coisa!

Suspirei, cansada. Eu não queria mesmo estar nesta situação, prestes a tomar uma atitude ruim. Porém, ela me obrigava a fazer isso.

- Sinto muito, mas não tenho nada a dizer, a não ser que... talvez... – Respirei fundo. Iria doer nela, mas estava doendo também em mim. – Talvez você... tenha perdido seu tempo quando decidiu retornar ao país?!

Acabei transmitindo um pouco de hesitação em minhas palavras, mas era porque em meu interior havia muitas dúvidas.

Sofia me encarou com mágoa, antes de soltar o meu braço. Meu coração não estava preparado para seu olhar carregado de desprezo.

- Não me procure mais.

Simplesmente, deu-me as costas e se afastou, caminhando em direção ao fim da rua. Não queria que ficasse sozinha, depois de ter sido decepcionada por mim. Antes que sumisse de vista, supliquei angustiada que Hanna fizesse algo. Eu não estava preparada para tomar uma decisão tão importante nem para um diálogo franco. Também porque a covardia me impedia de voltar atrás e corrigir meus próprios erros.

- Vai atrás dela, por favor! – Implorei, com o peito apertado.

- Não quer você mesma resolver essa situação? – Neguei com a cabeça. – Tudo bem, então. Não vou deixá-la sozinha. Só explique tudo para Laura, ok? – Assenti, e ela foi embora, atrás de Sofia.

Qualquer Semelhança É Uma Mera Coincidência 2Onde histórias criam vida. Descubra agora