Capítulo 24

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Clara

Nem sempre, eu estava errada. Não contei sobre a "visita" de Lúcia ao meu apartamento por causa de alguns motivos, que eram todos válidos. O mais importante deles, era porque eu não queria que Sofia sofresse por causa do preconceito da mãe, de novo. Apenas preferi poupá-la de tomar ciência desse episódio, uma vez que já sofreu tanto por causa disso. Por essa razão, não menti para ela, apenas omiti. Minha intenção sempre foi protegê-la, não enganá-la.

Por estar me sentindo injustiçada e irritada, afastei-me e esperei, por dois dias, que Sofia refletisse sobre seu comportamento e surgisse de mala e cuia, pronta para me pedir desculpas e para dividirmos a vida juntas. No entanto, ela era turrona demais quando se sentia traída.

Eu não costumava esperar por nada, muito menos, esperaria sentada. Dois dias foram tempo suficiente, mas ela não apareceu. Portanto, quando Isabel entrou em contato, convidando-me para sair, aceitei seu convite e fomos juntas para uma noitada agitada. Eu precisava espairecer; não correr atrás da minha namorada que me julgava de maneira errada.

Por um lado, um pouco de diversão foi bom para acalmar meu espírito e distrair minha mente; por outro lado, não me evitou de fazer uma besteira.

Eu estava farta de guerrear com Sofia. Só queria ficar bem com ela. Bastava, apenas, saber fazer isso do jeito correto; parecia, no entanto, que eu só sabia fazer más escolhas e cometer erros atrás de mais erros. Exatamente por causa disso, não me arrisquei a tentar uma conversa madura, porque meu gênio forte acabaria falando mais alto e eu cometeria mais uma de minhas trapalhadas.

Escolhi dar tempo ao tempo e lavar minha alma numa boa noite de farra. Todas as vezes que eu saía com Isa, havia se tornado habitual, para mim, ficar colada no bar, com meu drink em mãos e dispensando algumas mulheres que se aproximavam ou que enviavam olhares e cantadas. Era compreensível. Eu estava sozinha, de bandeja, e elas não sabiam que já havia alguém em minha vida.

Era divertido sair para lugares assim, mas era chato ficar sem Sofia e ter que dispensar todos os possíveis flertes. Eu preferia apenas um, minha namorada. Mas ela insistia em ficar de mal comigo.

Isabel, como sempre, aproveitava sua solteirice muito bem; porém, dessa vez, eu precisava mesmo distrair a mente e ela teria que me fazer mais companhia, do que ficar paquerando pela boate. Por causa disso, a portuguesa ficou por perto quase que o tempo todo, dançamos muito juntas e, sendo assim, a mulherada parou de demonstrar interesse – para minha sorte, e para o azar de Isa, claro.

Estava tudo indo bem, até que lá pelo quarto drink, meu discernimento se reduziu quase que a zero e, em contrapartida, minha dor de cotovelo havia aumentado exponencialmente.

O lugar estava animado, as pessoas dançavam e Isabel tentava me manter distraída, mas minha mente teimava em pensar em Sofia. Meus pensamentos, misturados com um pouco de álcool, tornou-me ainda mais impulsiva. Para fechar a noite com chave de ouro, não poderia faltar uma de minhas burradas, muito motivadas pelo meu gênio incontrolável. Dessa vez, fiz questão de tirar algumas fotos com minha amiga portuguesa e publicá-las em minha própria rede social. Isso iria, no mínimo, incomodar muito um certo alguém. E era exatamente o que eu queria.

Sofia achava que tinha toda a razão em ficar chateada comigo e desistir da decisão de se mudar para meu apartamento apenas para me punir. Pois bem, eu lhe mostraria o quanto estava triste com isso.

Com toda a certeza, ela não ficaria contente em ver que eu estava me divertindo em uma balada, em vez de estar sofrendo por sua ausência. Ela merecia, mesmo que estivéssemos apenas brigadas e não separadas. Acontece que eu estava chateada demais.

Qualquer Semelhança É Uma Mera Coincidência 2Onde histórias criam vida. Descubra agora