{...} A primeira vez que a pessoa se apaixona muda a vida dela para sempre, e por mais que você tente, o sentimento nunca desaparece {...}- Diário de uma Paixão, Nicholas Sparks
Luciana
Quando chegamos na beira do mar, peço aos meninos para que vão para a barraca da frente enquanto vou até o bar cumprimentar o Bado, um senhor de mais idade, que sempre me lembrou um chefe de tribo indígena.
Desde que me entendo por gente, ele tem aquele mesmo bar. Antes o quiosque dele era todo pintado de verde, na areia mesmo, as mesas espalhadas pela areia para quem quisesse se sentar. Hoje, com tantas mudanças na cidade, o quiosque não existe mais, as mesas continuam dispostas, mas seu ponto fixo agora se encontra do outro lado da rua.
- Bom dia, Bado. - Digo entrando no estabelecimento pintado de branco com um quadro dele e da mulher, Carina, pregado na parede.
- Bom dia, menina. Quanto tempo! - Ele responde me envolvendo em um abraço. - Veio com seus avós? - Pergunta olhando além de mim, provavelmente em busca dos meus avós.
Literalmente, desde que me entendo por gente e sei que bem antes disso também, sempre ficávamos ali.
- Infelizmente não. Dessa vez trouxe alguns amigos. Como estão todos? - Pergunto me aproximando do balcão.
- Ah, aqui estão todos bem. Você quer que eu leve algo para a mesa? - Ao escutar a pergunta, olho para onde meus amigos estão, além da rua.
A praia já começa a encher, por isso, nãoconsigo esconder o alívio ao ver que eles conseguiram pegar uma das mesas quese encontravam na frente. Admito, as mesas que ficam mais ao fundo, geralmente ficam com muito movimento e acaba não dando para ver o mar direito.
- Não sei eles, mas eu gostaria de uma água de coco. - Respondo mudando o peso do meu corpo da perna direita para a esquerda enquanto tiro os óculos escuros que estou usando e coloco-o na bolsa de palha que trouxe.
Bado vai até o freezer branco na lateral do bar para pegar o coco que eu pedi enquanto fico ali, observando o bar e esperando.
- Ah, Bado. Você poderia abrir uma conta para gente? - Aproveito para pedir. Assim consumiríamos à vontade durante o dia e pagaríamos no final dele.
Meu Deus, como senti falta disso aqui, todo esse clima, os barulhos das ondas, o cheiro da maresia e a felicidade do povo capixaba.
Ao chegar em nossa mesa, vejo Marina já deitada tomando um sol, todo aquele corpo me deixava envergonhada em sequer pensar em tirar minha saída. A verdade é que, apesar de estar satisfeita com meu corpo, cresci sendo comparada a outros corpos e isso, algumas vezes, acaba me deixando insegura. Isabelle parece se sentir da mesma maneira, apesar de seu corpo ser lindo também. Ou talvez ela só esteja com preguiça. Na verdade, pensando melhor, é bem provável que seja a segunda opção.
- Aceita? - Ofereço a ela enquanto me sento ao seu lado.
- Não, obrigada. Depois pego uma. - Ela responde sorrindo enquanto ajeita seus óculos.
A cada segundo que se passa, a praia enche mais. E, por medo de não sobrar um lugar para estender minha canga, o faço mesmo com toda a vergonha. Isabelle segue meus passos e pouco tempo depois ela se deita de barriga para baixo ao meu lado enquanto eu opto por queimar a parte de cima primeiro.
Ficar deitada ali, ouvindo o som do mar me lembrando do meu passado, enquanto o sol me esquenta, começa a me dar sono. Quando estou prestes a dormir, sinto uma sombra se colocar entre mim e o sol. Espero um pouco, afinal, estou em um local público, poderia ser apenas um vendedor ambulante passando, mas a sombra insiste em continuar. Com cautela para não sentir as vistas doerem com o brilho do sol, abro meus olhos dando de cara com ninguém mais, ninguém menos que Felipe que está parado de pé na minha frente, usando uma bermuda jeans, óculos escuros e a mesma camisa branca que estava mais cedo jogada no ombro.
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Além de um Verão
RomanceApós anos se sentindo perdida e deixando a maré levá-la, Luciana decide tirar férias que prometem virar sua vida de cabeça para baixo. Em, Além de um Verão, Luciana Martine viaja para praia com os amigos e, juntos eles curtem férias regadas a divers...