{...} Ele tentou não olhar para ela, como se fosse o sol. Mas, como o sol, ele a viu mesmo sem olhar para ela. {...}- Anna Kariênina, Liev Tolstói
Felipe
Corri contra o tempo para arrumar um terno em cima da hora e conseguir chegar aqui a tempo.
Por um segundo, cheguei a achar que realmente não conseguiria. Quem eu estou querendo enganar? Eu achei que não tinha conseguido. Principalmente após ver Matheus tão próximo de Luciana.
No exato momento em que os achei, lembrei-me de Jéssica falando na carta que eles haviam terminado e, mesmo que tivessem voltado, ela teria me informado disso quando encontrei com ela e ela me disse exatamente onde Luciana estaria. Foi aí que eu a vi tentando se afastar dele.
Depois que me anunciei, tudo pareceu passar em câmera lenta e, apesar do pavor que eu senti ao pensar em perdê-la quando vi a arma, não tive dúvidas do que eu faria.
- Math, está tudo bem. Ok? - lembro de escutar minha doce Lua dizer. - Eu estou aqui. - e é aí que eu corri até ela. - Você, - paralisei ao ver que ela estava se referindo a mim. - fique exatamente onde está. - só podia ser brincadeira comigo, né?!
- Você está louca? Ele está armado. - protestei.
O que ela estava pensando que eu faria? Cruzaria os braços e observaria enquanto um lunático surtado levaria o amor da minha vida sob ameaça de uma arma?
- Sim. Mas ele não vai fazer nada comigo, né, Math? - ela voltou sua atenção para o ex-namorado que segurava trêmulo uma arma em suas mãos.
Por um segundo, cogitei se não era uma arma de mentira. Mas eu não podia arriscar a vida de Luciana.
- Eu vou com você, Math. Vamos sair daqui. Só você e eu, o que você acha? - escutei-a dizer e gelei diante da possibilidade.
E foi então que vi Jonatas comunicando silenciosamente com Luciana.
- Por favor, fica aqui. - ela voltou sua atenção para mim antes de dar um passo em direção à arma.
- Vamos embora, Luciana! - Matheus gritou do outro lado.
E, de repente, Jonatas derrubou-o no chão.
Enquanto Matheus afrouxou a mão e a arma caiu, Jonatas a pegou e arremessou-a para longe enquanto voltava para cima do ex-amigo.
Antes disso, porém, puxei Luciana para longe dos dois.
E agora estou aqui, um pouco distante da confusão com Marina e Geovane enquanto os pais e os irmãos de Lua estão ao seu redor, preocupados com a filha.
Matheus está sendo levado para a viatura que chegou pouco tempo depois da ligação de um dos tios de Lua.
- Como você veio parar aqui? - escuto a voz doce dela se aproximar por trás de mim depois que as coisas se acalmaram.
Buscando tranquilidade e tentando absorver tudo o que acontecera mais cedo, subi até um espaço gramado e me sentei ao chão com uma taça de champanhe nas mãos e as estrelas sobre mim.
- É uma longa história. - admito me virando para olhá-la.
Luciana está tão linda com esse vestido sob a luz do luar.
- Que sorte que eu não estou com pressa. - ela dá de ombros se sentando ao meu lado.
- Jéssica. - admito levando a taça até meus lábios.
Ela acena silenciosamente, acho que, no fundo, ela sabia que a irmã faria tal coisa.
- Fê, me desculpa. - ela pede enquanto puxa um pedaço de grama do chão, sinal de que minha doce Lua está nervosa.
- Lua... - começo, mas ela me interrompe.
- Eu não deveria ter duvidado de você. - começa a dizer. - Quero dizer...
- Lu, está tudo bem. - me viro para ficar de frente para ela.
- Não está... - ela foca seu olhar no chão, como se de repente, a grama tivesse ficado bastante interessante e não consigo deixar de sorrir diante disso.
- Felipe Baker, você é o amor da minha vida desde quando eu nem sabia o que era amor.
Ela admite e, escutar isso, em alto e bom tom, me causa sensações que eu, sinceramente, não sei nem explicar.
- Cada momento, cada experiência... Eu me lembro de tudo. Como se tudo estivesse tatuado em minha mente, em minha alma, entende? Foi você desde quando eu te conheci, empoleirado naquele muro de chapisco, com os olhos verdes e o sorriso de moleque atrevido. Foi você todos os dias dos longos anos que estivemos separados, doidos para chegar as férias de fim de ano para nos vermos de novo. E, mesmo durante o tempo que passamos distantes... Parecia faltar uma parte de mim... Porque era você... - ela morde os lábios ao dizer isso e percebo que essa é a minha deixa.
Antes que possa me controlar, seguro o rosto de Luciana e a puxo para meus braços. De onde ela nunca deveria ter deixado de estar.
E é então que nos completamos. Como peças de um quebra cabeça.
Ali, em um sábado quente de fevereiro, sob a luz do luar e de várias estrelas que pareciam cintilar com mais intensidade essa noite, encaixamos mais uma das várias peças que ainda encaixaríamos.
Porém agora, com a certeza de estarmos exatamente onde deveríamos estar.
Quanto ao futuro? Ele não me assusta mais.
Eu tinha medo de encará-lo quando havia a hipótese de não a ter em minha vida.
A verdade é que o verdadeiro amor é raro de se encontrar nos tempos de hoje. As pessoas romantizaram o fato de estar solteiro e sair com várias pessoas sem se apegar a ninguém. E isso, acabou tornando as coisas um pouco mais complicadas.
Mas comigo... As coisas meio que foram diferentes neste sentido. Porque eu tive a sorte de conhecer o amor da minha vida nos meus primeiros anos. E quero ter a sorte de continuar conquistando-a todos os dias para o resto de nossas vidas.
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Além de um Verão
RomanceApós anos se sentindo perdida e deixando a maré levá-la, Luciana decide tirar férias que prometem virar sua vida de cabeça para baixo. Em, Além de um Verão, Luciana Martine viaja para praia com os amigos e, juntos eles curtem férias regadas a divers...