Verdades expostas

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"{...} Nascemos em um dia. Morremos em um dia. Podemos mudar em um dia. E podemos nos apaixonar em um dia. Qualquer coisa pode acontecer em um dia. {...}"

- Se eu ficar


Isabelle

Acordo com barulhos de portas batendo na cozinha, parece alguém procurando algo e, sem querer, lembranças da noite passada me espancam.

Rapidamente me sento na cama, assustando Jonatas que dormia profundamente ao meu lado.

- Morena? Tá tudo bem? - ele pergunta levando a mão às minhas costas. Levo minhas mãos à cabeça perdida.

- Como ele foi capaz de fazer isso? - pergunto me virando para olhá-lo. - Ok, é o Matheus. Nunca imaginei que ele fosse capaz de fazer isso com a Lu. Cara, estamos falando da Luciana. - admito frustrada. Isso vai destruí-la.

- Eu sei. - ele parece realmente chateado com a atitude do amigo.

- Preciso tomar um ar. - comento me levantando da cama e colocando meu robe.

- Está bem, vou só vestir uma roupa e te encontro lá fora. - então pego meu celular e saio do quarto fechando a porta atrás de mim.

Ao chegar na cozinha, me deparo com Matheus revirando os armários. É agora que eu te pego, Cortez. Silenciosamente, coloco meu celular para gravar o áudio. 

- Bom dia, babaca! Como está sua consciência hoje? - pergunto acidamente para ele.

- Leve como uma pluma, obrigado por perguntar. - ele debocha sem me dar atenção. - Vem cá, você sabe onde está o bule para fazer o café? - é sério que ele vai mesmo agir como se nada tivesse acontecido?

- Sério isso, Matheus?! - chamo a sua atenção que se ergue tirando o foco da busca incansável pelo bule e me encara.

- O que foi princesinha? O que você quer de mim? - pergunta com tom de deboche.

- Eu sei lá... - começo colocando o celular delicadamente sobre a bancada enquanto cruzo meus braços em uma distância segura dele. Afinal, não vale a pena gastar meu réu primário com ele.

- Que tal a verdade? Que você assuma a consequência dos seus atos? - devolvo no mesmo tom de deboche dele.

- De quais atos estamos falando, mesmo? - ele se faz de desentendido e o sangue começa a ferver no meu corpo.

- Você só pode estar tirando com a minha cara. - e é aí que minha voz começa a se alterar. - VOCÊ. TRAI. A. MINHA. MELHOR. AMIGA. E AINDA FICA DE CINISMO COMIGO? - grito sobre a bancada.

- Eu não faço a mínima ideia do que você está falando, garota. - ele responde voltando sua atenção para os armários.

Ah não, isso é demais!!! Deixo o celular sobre a bancada e dou a volta nela, mas antes que eu o alcance, Jonatas chega na cozinha e me segura pela cintura com Geovane e uma Marina descabelada atrás.

- Opa, o que está rolando aqui? - ele pergunta.

- Sua peguete é surtada! Isso que está pegando. - Matheus comenta dando de ombros e eu me impulsiono um pouco mais para esmurrar a cara desse sem noção.

- Mano, numa boa... Eu to cansado do jeito que você fala com ela e do modo como você trata a Luciana. – Jonatas altera sua voz para o amigo.

- Caramba, eu estou realmente indignado. Ela conseguiu fazer a sua cabeça? - Matheus debocha e de repente se vira para mim.

- Você deve ser ótima de cama, Isabelinha! - comenta levando os dedos ao meu cabelo e antes que eu possa reagir de qualquer maneira, Matheus é atingido no maxilar pelo punho de Jonatas. E é aí que o caos se instala.

- Jon... - exclamo tentando segurá-lo.

Geovane chega em meu auxílio e Marina se coloca na frente de Matheus para impedi-lo de tentar qualquer coisa contra Jonatas.

- MATHEUS, CHEGA! - Marina grita para ele. - É melhor você sair daqui. - ela parece firme.

- Ou o quê, Marina? - o tom de deboche.

Meu Deus, que complexo de superioridade esse moleque tem!

- Ou vou chamar a polícia para você. - ela fala e até eu me assusto. - Sério, Matheus. Você está de cabeça quente, melhor dar uma volta e tentar relaxar. Depois vocês conversam com calma. - ela pede e, por um milagre, Matheus passa por nós cuspindo fogo pelas ventas e vai até o quarto pegar a chave do seu carro. Pouco tempo depois, ele sai deixando-nos a sós.

A mão de Jon, que mal cicatrizou do último soco, parece estar mais esfolada, e não consigo deixar de imaginar que o rosto de Matheus também esteja.

- Acho melhor comprarmos alguma coisa para comer e para limpar esses arranhões. - comento segurando sua mão.

- Estou bem. - Jonatan comenta, mas sei que ele precisa ficar sozinho agora.

Mesmo que eu não goste, Jonatan e Matheus cresceram juntos e, mesmo sabendo de tudo o que o amigo fazia, ele nunca precisou se posicionar contra ele até hoje. Sei que isso deve estar incomodando-o bastante.

- Eu vou com você, Izzie. - Geovane comenta indo até o quarto para pegar uma camiseta.

O que me lembra que também tenho que me arrumar para ir até o mercado.  

Além de um VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora