Últimas lembranças

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"{...}Há tempo de nascer e tempo de morrer. Tempo de plantar e tempo de colher. E se fosse possível termos todos uma segunda chance? Para amar. Para perdoar. Para fazer diferente. E corrigir os erros.{...}"

- Além do Tempo


Luciana

Ao encontrarmos com o pessoal em Guarapari, eu rezo para que a vermelhidão em meus olhos tenha diminuído e que eles não percebam que eu chorei.

O restante do caminho até aqui foi silencioso. Passei todo o caminho olhando para a janela, evitando o olhar de Felipe, mas sentindo seus lábios nos meus. Meu Deus, como eu tenho saudades disso. E como eu queria ter cedido e continuado o beijo. Mas que tipo de pessoa eu seria? Isso vai totalmente contra os meus princípios.

Matheus não é o namorado mais perfeito do mundo. E, se formos bem sinceros, é bem provável que ele já tenha me traído várias vezes. Mas isso diz mais sobre ele do que sobre mim. No que diz respeito a quem eu sou, eu digo que não desejo isso para ninguém. Não gostaria de ver acontecer comigo e por isso, não acho certo fazer com outra pessoa. 

- Terra chamando Luciana. - Isabelle acena a mão na minha frente.

Felipe está no mar com Jonatas e Marina está se bronzeando um pouco à frente.

- Oi, desculpa. - sussurro tentando esconder as lembranças.

- Vamos caminhar? - é a vez de Geovane de falar e já sei que o que eles querem saber o final da história. São tão tolos quanto eu, que achei que essa história já tivesse tido um final.

- Vamos sim. - concordo tomando um último gole de cerveja antes de me levantar da cadeira.

- Marina, vamos dar uma volta, ok? - ele anuncia para a garota que mal presta atenção na gente. E juntos, saímos dali. O mar de Guarapari é relativamente mais agitado que o de Itaoca, por isso, eu pouco me aventurava nele.

- Então... - Izzie começa.

- Ok. - suspiro escondendo minhas emoções.

"Eu só voltei a encontrar com o Felipe aos 13 anos, no ano de 2007. Exatamente 4 anos após ganhar o colar. Eu ainda o tinha guardado e ainda ligava para ele. Mas, aos poucos, acabamos nos afastando.

Apesar da distância, eu conversava com ele no msn e foi assim que eu soube que ele voltaria a praia naquele ano. Fui toda animada porque veria meu "namorado" de infância novamente. Mas eu já havia mudado e ele também.

No final, os pais dele realmente se separaram e aquilo o mudou. Assim como eu tinha mudado bastante. Ah, qual é? Eu estava passando pela fase da adolescência.

Mas acabou que, rever ele, foi como continuar de onde paramos. Foi como se nada tivesse mudado.

Naquele verão, ele chegou em uma tarde ensolarada. Eu tinha acabado de tomar banho e me arrumado para ir para a praça quando ele e a mãe dele entraram portão à dentro de casa.

Ele estava mais alto, sem aqueles cachos grandes. Mas o sorriso continuava o mesmo e, ao me ver, me iluminou com ele enquanto corria em minha direção.

Nos abraçamos forte e, enquanto meus avós e sua mãe jogavam buraco, resolvemos dar uma volta na praia.

- E então, me conta. - ele diz balançando os seus chinelos na mão.

- Contar o quê? - pergunto a ele que se aproxima do mar para sentir a água nos pés.

- O que mudou? Como estão as coisas?

Além de um VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora