Além de um Verão

Café com cheiro de passado

{...} So, when I'm all choked up but I can't find the words / Every time we say goodbye, baby, it hurts / When the sun goes down / And the band won't play / I'll Always remember us this way / Lovers in the night / Poets tryin' to write / We don't know how to rhyme but, damn, we try / But all I really know / You're where I wanna go / The part of me that's you will never die {...}

- Always Remember Us This Way, Lady Gaga

Luciana

Ao chegar em casa, vejo Marina sentada na cozinha enquanto Ge faz o café. Graças a Jon, temos pó de café e açúcar. Deus abençoe o café nosso de todos os dias! Quando me vê entrar com um saco de pão, presunto e queijo, ela desce da cadeira e vem me encarar, como se eu devesse dar alguma explicação a ela.

- Acordou cedo, hein? - Pergunta olhando para minha mão.

- Alguém precisava comprar pão. - Respondo secamente sem nem olhar para ela. Deixo o saco de pão em cima da mesa e vou até Ge no fogão. - Bom dia. - Falo beijando-lhe o rosto enquanto aperto o seu mindinho, exatamente do modo que fazíamos quando estávamos na balada e eu precisava de ajuda para lidar com os caras inconvenientes que chegavam tentando me agarrar. Esse era o nosso sinal secreto para "socorro". Ao sentir e compreender, ele me olha assustado.

- Bom dia. - Responde tentando esconder quaisquer resquício de preocupação. Deixo-o acabando de coar o café e vou para meu quarto, sabendo que não vai demorar muito até ele aparecer. Aproveitando esse tempo, encosto a porta e começo a separar minha roupa para me trocar. Pouco tempo depois, dois toques na porta me indicam que ele chegou e eu suspiro aliviada quando ele abre a porta com Isabelle ao seu lado. Eles entram e se sentam na cama.

- Estou ferrada. - Anuncio de cara em um sussurro me sentando entre eles na cama e enterrando as mãos na cabeça.

- O que aconteceu? - Ge pergunta me olhando com aqueles grandes olhos curiosos. - Quero dizer, além da padaria? - Solto um suspiro antes de começar.

- Eu nunca contei essa história antes porque achei que não daria em nada. Afinal, já estava tudo acabado mesmo, para quê revirar? Mas aí... Meu Deus! Dez anos depois. Acho que estou em choque.

Eu realmente não consigo acreditar em tudo o que aconteceu hoje. E como posso começar a contar isso para eles?

- Lu, respira. - Izzie pede colocando a mão em meu ombro em uma tentativa falha de me acalmar. - Você não está falando coisa com coisa.

E como eu falaria? Ninguém falaria coisa com coisa se estivesse na minha situação.

- Ok, é uma longa história. - Anuncio cruzando minhas pernas e olhando para os dois. - Mas vou tentar resumir para vocês.

- Resumo? Nem vem. - Geovane me repreende. - Queremos a história completa.

Olho para Izzie e para ele e percebo que se não contar os detalhes, ao menos aqueles que eu me lembro, eles vão me matar. Também sei que não dá para contar tudo aqui, vai demorar muito e Marina vai acabar desconfiando. Então, começo pelo primeiro ano, contando tudo o que eu me recordava. E deixo os próximos anos para quando Marina e Jonatas nos derem privacidade.

- Tudo começou no ano de 2000. - Começo relatando enquanto minhas lembranças me transportam para 17 anos antes.

"- Olá meninas! A tia trouxe um Karaokê para vocês cantarem.

Era dezembro e, como todas as férias de verão, a praia estava lotada. Todo fim de ano, minha família vinha para a casa de praia do meu avô. Neste ano, porém, foi quando tudo mudou na minha vida.