Agora você vê, agora não vê mais

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{...}- Épecado sonhar?

- Não, Capitu. Nunca foi.

- Então por que essa divindade nos dá golpes tão fortes de realidade e parte nossos sonhos?

- Divindade não destrói sonhos, Capitu. Somos nós que ficamos esperando, ao invés de fazer acontecer. {...}

- Dom Casmurro


Felipe

Acordo com o cheiro de café forte e por um segundo, me esqueço que estou completamente sozinho em casa, ou seja, sem chances desse cheiro estar vindo daqui. Em resposta ao cheiro, minha barriga ronca.

- Beleza, uma ducha fria e eu procuro algo para comer. - converso sozinho enquanto jogo minha coberta de lado e saio da cama de casal do pequeno quarto onde meus pais dormiam quando ainda estavam juntos.

Pensar nisso me traz lembranças que não quero reviver. Antes de levantar-me da cama, meu celular apita com uma mensagem de Luciana.

LUA: Bom dia, alecrim dourado! Os meninos estão perguntando se você já comeu.

Mesmo com um muro separando a gente, era como se sempre soubéssemos o que o outro precisasse.

FELIPE: Ainda não. Acabei de acordar. Envio em resposta e vou até a cômoda para pegar uma cueca, um short verde militar e uma regata branca. 

LUA: Acho que a Disney perdeu a Bela Adormecida em Itaoca.

A resposta dela chega pouco tempo depois e não consigo deixar de sorrir. Luciana sempre tentava fazer as pessoas rir com piadas ou comparações. É bom saber que isso não mudou.

FELIPE: Ha, ha, ha. Neste caso, eu devo me deitar e esperar pelo beijo? Provoco-a sabendo que ela não vai cair nessa provocação.

LUA: Bela tentativa. Não esqueça de escovar os dentes antes de deitar-se, coitada da pessoa que for te despertar depois. O seu bafo está chegando aqui.

A resposta é quase imediata e dessa vez, a minha risada é alta, para que ela consiga ouvir do outro lado. 

FELIPE: Bem engraçadinha, Lua. - grito em resposta.

LUA: Eu sei. Sou uma graça!

A resposta vem em mensagem, seguida de outra:

LUA: Se quiser tomar café com a gente, Jon já passou o café.

FELIPE: Vou só tomar uma ducha antes. Me espera 10 minutinhos.

Envio minha resposta e corro para o banheiro.


Oito minutos depois, estou no portão da casa ao lado esperando Luciana abrir para mim.

Ela vem ao meu encontro, vestindo uma social branca que parece realçar ainda mais as bochechas rosadas pelo sol.

- É isso que eu chamo de banho de gato. – ela brinca ao abrir o portão para que eu entre.

- Acho que vou levar isso como um elogio. - decido ao beijar o rosto dela.

Antes de encostar meus lábios em sua bochecha, o cheiro dela me invade. Deus, como eu quero essa mulher na minha vida.

- Eu não ficaria tão iludido se fosse você. - comenta trombando seu ombro em meu braço e esse gesto me arranca um sorriso.

A galera me recepciona tão bem que me pergunto se fariam o mesmo se soubessem o que eu realmente sinto pela Lua. Afinal, eles também são amigos do Matheus. Mas, se sabem do que eu sinto, parecem não querer opinar em nada, porque me tratam como se eu fizesse parte da turma e, aos poucos, acabo me sentindo mesmo.

Além de um VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora