Nasce uma amizade

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"{...} Amizade é o melhor – e provavelmente – o único antídoto contra a solidão. Uma amizade pode ser forte e leve ao mesmo tempo. Amiga de infância, amiga irmã, amigo homem, amigo gay, amigos virtuais, amigos engraçados, amigos que não cobram, que não são rancorosos, amigos gentis, amigos que se mantêm amigos na distância e no silêncio. {...}"

- Martha Medeiros


Luciana

Geovane havia me dito que convidaria Felipe para fazerem algo. No fundo, fiquei feliz por saber que ele não estaria sozinho.

A verdade é que eu estava morrendo de vergonha pela cena que Matheus fizera esta manhã. Mal sabia encarar Felipe nos olhos. Queria pedir desculpas por aquilo e depois, enterrar minha cabeça na areia e fingir que aquilo não passara de um delírio causado pelo calor do sol. 

Sinceramente, eu não sei como aguentei agir como se nada tivesse acontecido a tarde toda e sei que só animei passear pela orla de Guarapari porque Isabelle e Jonatas animaram vir juntos. Caso contrário, teria inventado uma dor de cabeça horrível, para ficar tranquila em casa.

Matheus, por sua vez, agia como se nada tivesse acontecido e até amizade com Izzie ele estava tentando forçar. Insistiu em pagar a conta do nosso jantar e, ao voltar para casa, queria, de todo jeito, que fizéssemos amor.

Eu ainda estava entalada com toda a situação e, ao chegar, usei, pela primeira vez em minha vida, a desculpa da dor de cabeça e mal estar.  Mal queria que ele estivesse aqui, deitado ao meu lado agora.

Evito me mexer na cama e, apesar de tentar, osono não vem. Depois de batalhar buscando o tão esperado sono (acredite, contarcarneiros não funciona tão bem), resolvo sair do quarto e respirar um ar puro na varanda.

Ao sentar-me na rede, não deixo de pensar o que será que os meninos fizeram aquela noite?

Quando chegamos, Geovane e Marina já estavam com a porta fechada. Por esse motivo, Jon foi para o quarto de Izzie dormir com ela. Pensar nisso, me faz sorrir. Ao menos, um motivo para ficar feliz com o dia de hoje.

Minha amiga estava feliz e, a julgar pela sua cara, estava realmente se apaixonando por ele. E, vamos combinar, Jonatas é um partidão. 

- Oi. - Marina sussurra se aproximando e eu pulo na rede com o coração acelerado arrancando um sorriso dela.

- Caramba, Marina. Quase me matou do coração. - comento levando a mão ao peito, onde meu coração realmente esmurra o meu corpo.

- Desculpa, não era a intenção. - comenta e vejo sinceridade nisso. - Posso sentar-me com você? - pergunta ela apontando para a rede.

- Claro. - respondo e ela se senta ao meu lado.

Por alguns minutos, ficamos em silêncio, só observando as estrelas brilharem no céu. Não é um silêncio constrangedor. É bom...

- Posso te perguntar uma coisa? - ela quebra o silêncio.

- Por favor. - respondo instigando-a a prosseguir.

- Por que você continua com ele? - essa pergunta me pega de surpresa. E eu achando que nada mais que viesse de Marina Russel me deixaria surpresa.

- Acho que essa é uma pergunta complicada de responder. - começo. - Acho que eu me apego ao início do nosso relacionamento, à esperança de voltar a ser como era, à zona de conforto... não sei. - admito por fim. 

- Você o ama? - e mais uma vez fico sem resposta. Analisando meu silêncio, ela prossegue. - Quando eu era pequena, meu pai brigava muito com a minha mãe.

Além de um VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora