Capítulo 1

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Uma década.

Já fazia uma década que estávamos trancafiados Sob a Montanha por Amarantha e seus capangas de Hybern.

Os primeiros anos foram os mais difíceis. Meu maior desejo era rasgar o pescoço dela e me transportar de volta a Velaris, de volta a meu lar e minha família.

Vários grão-feéricos haviam organizado rebeliões, tentativas de fuga e de tomar o poder, mas todos foram massacrados por Amarantha. E por mim.

Quando senti que meus poderes estavam se esvaindo e percebi o que ela estava planejando, fiz minha escolha. Iria esconder a existência do meu povo e da minha família.

Por ser o grão-senhor mais poderoso que já havia existido, Amarantha não sabia que, mesmo com aquela poção, meus poderes ainda se estendiam o suficiente para controlar as mentes de todos que soubesse da existência de Velaris e do meu círculo íntimo. Eu os controlava vinte e quatro horas por dia durante uma década para que se esquecessem da existência do lado bom da corte noturna, e estava exausto.

A exaustão não vinha somente do uso de meus poderes já extremamente depletados, mas pelas coisas que eu era obrigado a fazer para ganhar a confiança e a simpatia de Amarantha.

Logo no primeiro dia que nos aprisionou, ela ordenou que seus soldados assassinassem metade da minha corte, e fez questão que eu assistisse enquanto eles eram torturados lentamente e gritavam implorando por uma morte rápida.

Ela olhava a tudo com um sorriso de prazer no rosto. Eu sabia que me odiava por ter sido responsável pela morte da família de Tamlin, após o mesmo ter cortado as cabeças de minha mãe e irmã. Mas não imaginei que ela fosse me querer como... sua vadia.

Talvez fosse uma forma de me humilhar, de dizer que eu não tinha controle sobre absolutamente nada, que ela era dona de tudo, até de meu corpo. Apesar do ódio que senti quando percebi o que ela queria fazer comigo, vi que ali surgia uma oportunidade de cair em suas graças e, talvez, ganhar sua confiança e tentar contornar a situação que vivíamos.

Na primeira noite, em um momento que suas defesas acidentalmente se abaixaram, entrei em sua mente e a fiz acreditar que aquilo havia sido a melhor noite de sua vida, a fiz gritar e querer mais. E a cada segundo, só pensava em arrancar sua cabeça.

Ela me mantinha preso em um quarto e me usava quando queria, que, para meu desgosto, era bem regularmente.
Após algumas semanas, Amarantha enfrentou a primeira tentativa de fuga.

Alguns grão-feéricos da Corte Crepuscular usaram o restante de seus poderes para tentar atravessar. Mas Sob a Montanha estava cercada de feitiços que impediam que qualquer um de nós saísse, com ou sem magia.

Em uma das noites em que me usou, Amarantha perguntou sobre meus poderes. Mentir era suicídio, eu sabia que ela já havia  descoberto que eu era daemathi e queria usar isso em seu favor. Então, lhe falei sobre minhas habilidades, mas nunca sobre as asas. Ninguém fora da Corte dos Sonhos sabia sobre elas, e eu faria o possível para que continuasse assim.

Ela propôs que eu a ajudasse a descobrir se o grão senhor da Corte Crepuscular havia participado da rebelião, entrando em sua mente para ler seus pensamentos. Por mais que o grão senhor pudesse ter sido um potencial aliado contra Amarantha, eu sabia que não podia protegê-lo. Isso era um teste, e se eu falhasse, seria o próximo a morrer.

Ela convocou todos os grão-senhores na sala do trono para que assistissem a execução dos traidores e para julgar a se seu grão senhor era inocente ou não. Quando metade da cortel estava morta, Amarantha me mandou invadir a mente do grão senhor. Como suspeitava, ele havia participado e planejado a tentativa de fuga.

Corte de Sangue e MedoOnde histórias criam vida. Descubra agora