Capítulo 5

765 84 1
                                    

Ela ainda estava com uma aparência horrível, mas as lesões e os hematomas havia desaparecido. Enquanto os outros prisioneiros ainda tentavam se recuperar, Ayla aparentava não ter sofrido nenhum ferimento.

Fiquei aliviado ao perceber isso, mas então nossos olhos se encontraram e o que recebi foi apenas desprezo.

- A merda que eu fiz? Você quer dizer que tentar salvar Prithyan e matar Amarantha não é uma coisa que considere digna? - ela estava agora em pé, me encarando - Como eu pude estar tão enganada sobre você, Rhysand?

- Ayla, você não entenderia. Eu… - Não sabia o que dizer, não esperava que ela fosse me confrontar desse jeito. Eu não imaginava que ela, de todas as pessoas, fosse cair tão facilmente na minha atuação - Você acreditaria se eu dissesse que me arrisquei muito para vir encontrar você?
Ela deu uma risada sarcástica e se sentou de novo no colchão imundo que estava encostado à parede.

- O que exatamente você arriscou ao vir aqui? Pelo que me parece, você é o cachorrinho de Amarantha. É o favorito dela. - ela me olhou de cima a baixo - Por acaso você acha que não arrisquei muito mais ao participar desse plano? Me arrisquei mesmo sabendo que as chances eram mínimas, mas eu tinha algo pelo que lutar. Ainda tenho.

- Você só pode estar brincando - suspirei e passei a mão pelos cabelos. - Você realmente acha que eu estou seguro aqui? Realmente acredita que Amarantha confia em mim? Por que você  acha que nunca saí daqui nesses últimos dez anos? Não pode acreditar que é porque fiquei afeiçoado ao ambiente - fiz um gesto com as mãos apontando para onde estávamos.

- Até onde eu sei, você tem um quarto confortável, com comida e roupas limpas. Não está em uma masmorra passando fome e sede. - sua voz falhou na última palavra, como se desse conta do quanto realmente precisava beber alguma coisa.

Amarantha havia ordenado que eles passassem três dias sem água e comida, e apenas quando Ayla mencionou isso eu me recordei. Droga, eu era um idiota.

- Eu sinto muito. - disse, com um tom mais baixo para provar que as palavras eram sinceras - Estava tão preocupado em chegar a você sem ser percebido que me esqueci completamente de que você estaria nessa situação. Prometo que vou mandar algo para você assim que sair daqui.

Ela apenas me olhou, desconfiada de minhas verdadeiras intenções.

- O que exatamente você quer, Rhysand?

- Rhysand? Achei que já houvesse passado dessa fase - dei um meio sorriso, que não foi correspondido. - Tudo bem, eu realmente quero ajudar você.

- Por quê? Você não se importou em ajudar os demais rebeldes da Corte Diurna, ou os outros que vieram antes de nós.

- Porque é você quem está aqui, Ayla - me agachei para chegar mais perto dela. Ela não fez menção de se afastar - Mesmo que as coisas entre nós não tenham ido bem, você é e sempre será importante para mim. Não suporto vê-la nesse estado e não fazer algo para ajudá-la.

- Então você só está fazendo isso pela história que tivemos juntos? - havia algo como desapontamento em sua voz - Não para lutar contra ela?

- Isso é muito mais complicado do que você pensa. - mesmo sabendo que não havia ninguém por perto, eu sussurrava - Eu tenho sim, muito a perder. Você não imagina o que estou arriscando.

- Então me diga. - ela segurou minhas mãos - Me diga o que ela tem contra você. Talvez nós possamos nos ajudar. Eu sei que não pareço ser de muito ajuda presa aqui, mas tenho informações…

-Não, Ayla. - eu disse, rigidamente - Não fale isso aqui. Não é seguro.

Ela me olhou profundamente por alguns segundos. Aqueles olhos apresentavam uma determinação fervorosa que eu nunca havia visto antes.

Corte de Sangue e MedoOnde histórias criam vida. Descubra agora