Capítulo 11

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Rhysand

Havia sangue em toda parte. Eu estava acorrentado na sala do trono de Amarantha, meus braços acima do meu corpo esticados dolorosamente porque minhas pernas não conseguiram suportar o peso.

Os cortes em meu peito eram grandes e profundos, cortes que apenas garras de um Grão-Senhor poderiam fazer. Tentei forçar as correntes para me levantar, mas uma dor excruciante em minhas costas me fez rugir. Então as vi no chão à minha frente. Minhas asas. Em pedaços e ensaguentadas. 

Não era possível. Não não não não. Minhas asas não. Amarantha não sabia sobre as asas. Mas ele sabia.

Desespero tomou conta de mim e ignorei a dor lancinante enquanto me colocava de pé. Eu sabia quem tinha feito isso. Ele fez exatamente a mesma coisa com minha mãe e irmã.

Sangue se derramava pelos cortes de meu peito, e eu sentia o líquido espesso banhando minhas costas. Meus ferimentos não estavam cicatrizando, eu teria alguns minutos, no máximo, antes de desmaiar. 

Olhei ao redor procurando por alguém. Por ele. Eu não me importava que fosse morrer, mas ele morreria junto. Iria finalmente me vingar pela morte de minha mãe e irmã. Arrancar minhas asas havia sido o último erro de Tamlin.

Escutei sons de passos e me preparei para usar o resto do meu poder para dar um golpe fatal, mas hesitei quando duas sombras apareceram na entrada da sala. 

Tamlin puxava uma fêmea pelo braço. Eu não conseguia ver seu rosto, ele estava coberto por um capuz.

- Achou que eu iria parar antes de destruir toda sua família? - ele sorriu - Encontrei sua tão preciosa prima. Tenho que admitir, fez um ótimo trabalho escondendo o paradeiro dela.

Ele tirou o capuz e o rosto banhado de lágrimas de Mor surgiu. Me desculpe. Ela disse sem som.

- Faça o que quiser comigo Tamlin, mas deixe Mor fora disso. 

Ele riu com desdém. Então tirou uma adaga do cinto e cortou a garganta da minha prima. Sangue banhou o chão quando ela caiu, sem forças, seu corpo se debatendo em agonia.

Eu gritei, rugi, ameacei e me contorci nas correntes, mas não consegui me libertar. Tamlin apenas me olhava com um sorriso de satisfação no rosto.

Não percebi que Amarantha havia entrado na sala até que estivesse parada na minha frente, seus sapatos pisando no sangue de Mor e deixando marcas pelo chão.

Fúria tomou conta de mim e senti meus dedos se transformando em garras, minha escuridão se espalhava ao meu redor sem controle.

Amarantha fez um gesto e seus soldados entraram segurando caixas enquanto o Attor arrastava uma outra fêmea encapuzada.

- Vai aprender o que acontece com aqueles que mentem para mim, Rhysand - disse a rainha, enquanto seus soldados jogaram o conteúdo das caixas no chão.

Demorei alguns segundos para compreender o que via. A cabeça de Amren pousou perto do corpo de Mor, respingando seu sangue no vestido branco de Amarantha. Encarei os olhos abertos e opacos de Azriel, sua boca contorcida num grito de dor, enquanto sua cabeça parou ao lado de minhas asas. E aos meus pés, estava Cassian. Seu pescoço estava destroçado, o rosto cheio de cortes. Ele lutou até o final.

Desisti de lutar. Amarantha havia tirado tudo de mim. Minha família era tudo que me restava, protegê-los era a única coisa que me fazia querer viver. Mas agora eles haviam sido mortos por minha culpa. Eu só queria que ela me matasse logo e acabasse com meu sofrimento.

- Não vai morrer tão cedo, Grão-Senhor - a rainha disse, se aproximando de mim. Suas pegadas deixavam um rastro de sangue no chão - Ainda vou me divertir muito com você, enquanto ela assiste - o soldado tirou o capuz da fêmea presa em seus braços e o rosto de Ayla apareceu. 

Corte de Sangue e MedoOnde histórias criam vida. Descubra agora