Epílogo

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Rhysand
5 anos depois do fim de Sob a Montanha

A luz do sol brilhava na grama verde e nas pequenas flores que cresciam no vale atrás do palácio de Helion. O vento trazia o perfume das árvores e o canto dos pássaros ao redor. Tanta vida havia florescido naquele local depois que nos livramos da maldição. 

Por um tempo, achei que fosse impossível que minha vida melhorasse mesmo se um dia conseguisse a liberdade. Eu sabia que não seria o mesmo depois do que passei, do que fiz e fui obrigado a fazer. Achei que sempre viveria na escuridão e nas sombras. 

Mas ela veio e trouxe luz à minha vida. Quando eu achei que estava perdido e sozinho, eu a encontrei, e trilhamos nossos caminhos juntos para nos recuperar de toda dor e sofrimento que foi infligido a nós. 

Olhei para Feyre, com os cabelos soltos voando e brilhando à luz do sol e meu peito se apertou com amor e felicidade. Será que um dia eu me acostumaria a vê-la sorrindo? Sua risada era o som mais bonito do mundo. Aquela mulher era tudo para mim, agora e pela eternidade que tivéssemos juntos.

Feyre me aceitou apesar de tudo que eu tinha feito. Ela compreendeu minha dor e minha angústia. Me deixou ajudá-la e, em consequência, me ajudou também. Não existiam palavras para expressar o quanto eu era grato por tê-la em minha vida. 

Minha melhor amiga, minha amante, minha companheira. Minha parceira.

Algumas noites atrás eu finalmente consegui contar a ela o pior que tinha me acontecido em Sob a Montanha. Falei sobre Ayla, e como ela foi minha melhor amiga na infância, como nos reencontramos e como ela se foi na minha frente e não pude fazer nada para salvá-la. Fiquei preocupado que Feyre achasse que eu ainda tinha sentimentos por Ayla, talvez por isso tivesse demorado tanto a dizer. 

A verdade era que eu ainda tinha sentimentos por ela. Ayla foi minha melhor amiga, meu primeiro amor. Eu nunca iria esquecê-la, nunca iria esquecer que ela se sacrificou para me salvar. Ela sempre teria um espaço em meu coração, por quanto tempo enquanto eu vivesse.

Mas eu queria ter certeza que minha parceira entendesse que o que eu sentia por ela era maior do que tudo. Meu amor por Feyre era maior do que minha vida. Ayla foi meu primeiro amor, Feyre era meu grande e último amor. 

Naquela noite, depois que disse tudo, ela beijou minhas bochechas molhadas pelas lágrimas e sorriu para mim.  "Eu sei que você a amou, nunca vou pedir que a esqueça. Ela faz parte do seu passado, de quem você é. E eu amo cada pedacinho de você." 

Ouvir aquelas palavras tirou um peso do meu peito que eu nem sabia que estava lá. Agora Feyre sabia um dos pedaços mais doloridos do meu passado, e eu me senti aliviado ao compartilhar com ela, como se o peso daquele sofrimento tivesse sido dividido. 

Não fui eu que tive a ideia de vir à Corte Diurna. Noite passada, Feyre me disse que havia falado com Helion e me perguntou se eu queria vir aqui. Eu sabia que Helion havia feito um monumento em homenagem aos habitantes caídos de sua corte, aqueles que morreram nas mãos de Amarantha e imaginei que alguma menção a Ayla estivesse lá. Mas não sabia que havia uma cripta no vale de sua família, naquele vale tranquilo e ensolarado em que estávamos. 

Feyre me pegou pela mão, a outra segurando um Nyx encantado com as borboletas, e nos levou até às lápides. 

Grãos-Senhores antigos e a alta nobreza da Corte Diurna foram enterrados naquele local. Lápides e mais lápides e perdiam de vista, mas Feyre sabia exatamente para onde ir. Ela nos levou até uma colina cheia de flores e árvores e ali eu vi. Abaixo de uma cerejeira, rodeada de pétalas rosas no chão, estava a lápide de Ayla. Alguns metros ao lado, a de seu pai, sua mãe, Julius, sua parceira e seu filho. 

Corte de Sangue e MedoOnde histórias criam vida. Descubra agora