Capítulo 8

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Ayla

Um estrondo ensurdecedor me atingiu quando a escuridão tomou conta do corredor. Rhys apertou o pescoço do guarda e grunhiu, com puro ódio nos olhos.  Suas presas estavam a centímetros do rosto lívido do macho. Ele começava a engasgar, sem conseguir respirar.

Os outros soldados recuaram, aterrorizados pelo poder e pela fúria de Rhys. Ele apenas continuou apertando o pescoço do guarda, até que ele começou a se debater, os olhos arregalados de terror.

O Grão-Senhor afrouxou o aperto e disse, com uma voz mortalmente calma e baixa: 

- Ninguém toca em meus prisioneiros. Não até que eu tenha terminado com eles. Especialmente com uma fêmea tão… adorável - um tremor percorreu meu corpo com o olhar que ele me lançou. Rhys apertou mais uma vez o pescoço do macho, como que para reafirmar a ameaça - Entendido?

O macho acenou freneticamente. Rhys olhou para os outros soldados, que fizeram um gesto de confirmação. 

- Parece que terminamos aqui. Por enquanto - me encolhi quando ele me olhou, um gesto não totalmente fingido.

Então ele simplesmente deu as costas e saiu andando. Os demais soldados e carcereiros o acompanharam, sem olhar para trás nenhuma vez. 

Desabei na cama, meu corpo ainda trêmulo. 

Esse não era o Rhysand que eu conhecia. Sabia que ele era extremamente poderoso, mas nunca o havia visto usar o poder com tanta fúria. Por um momento, realmente achei que ele fosse matar aquele guarda. Não que eu fosse lamentar sua morte. Se tivesse a chance, o mataria eu mesma. 

Eu esperava que sua explosão de raiva não levantasse suspeitas de que ele, na verdade, estava tentando me proteger. Mas se os guardas tiverem visto seu olhar para mim antes que saísse, com certeza acreditavam que suas intenções comigo eram outras. 

Havia aprendido várias habilidades nas últimas décadas, sabia me defender contra um macho mediano e tinha construído escudos mentais decentes. Rhysand só havia entrado em minha mente porque eu o havia permitido, mas desconfiava que ele me quebraria em um segundo se quisesse.

Balancei a cabeça para espantar esses pensamentos. Rhys nunca iria me machucar, não fazia sentido perder tempo pensando esse tipo de coisas. Os guardas de Amarantha eram uma ameaça real, teria que me preocupar com eles.

Algum tempo depois, dois carcereiros entraram na masmorra trazendo um dos prisioneiros. O macho estava sendo arrastado pelos ombros, sangue pingava de suas costas. Ele havia sido açoitado. 

Quando se aproximaram para jogá-lo na cela ao lado da minha, vi os longos cabelos negros e soube quem era. Julius era um dos poucos guerreiros entre nosso grupo que havia sido capturado. O restante havia fugido, só ele tinha tentado ajudar os que ficaram para trás. 

Quando percebi que estávamos sozinhos, me aproximei da grade.

- Julius - sussurrei - você está bem? 

Era uma pergunta ridícula. Ela estava sangrando e não conseguia andar. Claro que não estava bem. 

Escutei um gemido de dor vindo de sua cela, onde ele aparentemente tentava se levantar. 

- Vou sobreviver - sua voz saiu fraca, entrecortada - Como você está? Soube que Rhysand passou horas torturando vocês aqui embaixo.

- Como assim? Não estava aqui?

- Amarantha me prendeu em outra masmorra - vi que ele apoiava as mãos na grade para tentar se levantar - Seus soldados passaram os últimos dias tentando fazer com que eu falasse alguma coisa. Não conseguiram.

Corte de Sangue e MedoOnde histórias criam vida. Descubra agora