Capítulo XIII

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  As O'Blac não colocava os pés em Bedford já fazia algum tempo. Pelo que se lembravam, as divergências entre George e Josias existia há pelo menos uns dez anos. Aneelize e Mary não sabiam — nem fizeram questão de perguntar — como o pai consentiu a visita à casa do tio.

— Lize! — chamou Mary — achas que...

— Shh, shh... — diz pegando na mão dela — Edith pode acabar acordando e não queremos isso! — sussurra. A viagem seria difícil de suportar com a mãe acordada.

  Moria e O'Blac eram irmãos por criação. O pai do conde, Benjamin Moria, se tornou viúvo após seis anos de casamento. A doença que levou a condessa à morte era violenta. Muitas vezes todos da casa acordava assustado com os gritos de dor dela. Angela Moria, condessa de Bedford passou os últimos dias em uma cama, definhando até morrer. Naquela época faltavam poucos dias para George comemorar o quinto aniversário.

  Ao passar o luto, Benjamin decidiu se unir novamente a uma mulher chamada Anna O'Blac, dama de companhia da rainha. Ele considerou tê-la ao lado um ótimo negócio. Anna, era uma jovem viúva. O marido tinha morrido em uma emboscada de salteadores. Dois anos após o casamento. Josias sendo recém-nascido, a mulher resolveu aceitar a proposta do conde, pois desejava que o filho tivesse um pai. Desse matrimônio fora gerado Caleb, o irmão mais novo e o filho problemático. Ele odiava a todos e fazia questão de evitar cada membro da família. Dele, apenas sabia estar vivo e com saúde, de resto era tudo um mistério.

— Estamos chegando! — empolgada, Mary diz.

  Mary Tereza, tinha uma paixão pelas belas planícies da terra do conde. Amava as manhãs úmidas, o brilho do nascer do sol e o vento gelado ao entardecer. A casa era excepcional. A condessa de Bedford, Ruth, procurava deixar as cores que compunham os ambientes o mais neutro e claro possível, trazendo sensação de conforto e paz.

— Sejam bem-vindas! — gentil disse Ruth.

  A condessa de Bedford, uma mulher discreta, elegante, de beleza singular. Tanto Mary, quanto Aneelize apreciavam-na. Ao contrário de Edith, que sempre tentava disfarçar, contudo, não a suportava. Para a senhora O'Blac tudo que a condessa representava não passava de encenação.

— Agradeço por no recepcionar condessa! — falou Edith a reverenciando.

— Edith! — chamou ela — se é que posso chamá-la assim? — a senhora O'Blac quis dizer não, mas apenas assentiu — nossos maridos são irmãos, não precisa ser tão formal. Me chame de Ruth, já lhe pedi isso, não?

— Por falar no conde, ele se juntará a nós? — perguntar Leah.

— Creio que daqui a dois dias. George e Richard precisaram sair as pressas para resolver algo no lado leste! — a informação desapontou a todos.

— E Helena? — perguntou Mary.

— Estou aqui! — ofegante diz. A preocupação com a chegada da sogra tirou-lhe o sono e quando enfim conseguiu dormir, cansada demais acabou por se atrasar para recepcioná-las.

— Grávidas tende a sentir muito sono! — brincou a condessa a abraçando. O que, no fundo, deixou Edith mais irritada. Ruth se identificava muito com a personalidade de Helena. O conde sempre estava viajando a negócios e ela tinha passado as gestações dos três filhos sozinha. Sentindo empatia pela jovem se tornaram próximas.

  O tempo passou lentamente, a espera por Richard era torturante. Nesses dois dias Helena fez de tudo para se aproximar da sogra, no entanto, essa que antes escondia o desprezo, agora não fez questão. A senhora O'Blac precisava culpar alguém pelo filho ter se afastado. Aneelize achou a cunhada chorando em certos momentos, ela não era boa em consolar, todavia mais do que ninguém sentira na pele jamais ser boa a altura do desejo da mãe.

Nosso acordo! (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora