CAPITULO 1 - POV DAHLIA

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⚠️ATENÇÃO! ESSE CAPÍTULO MOSTRA INDÍCIOS DE ABUSOS TANTO SEXUAIS QUANTO PSICOLÓGICOS E FÍSICOS E PODE TRAZER GATILHOS⚠️

                              Dahlia

O som de brigas e gritos altos inundavam meus ouvidos, por mais que eu fosse acostumada com isso, sempre parecia me assustar e encolher. O grande salão estava escuro, apenas algumas velas o iluminavam, o deixando de certa forma macabra, as esculturas de pedra pareciam acompanhar meu passo com o olhar, como se me vigiasse. Este lugar é assustador.

O que você esperava? Estamos na Corte dos Pesadelos.

Vivo aqui desde que me lembre, sempre foi meu pai e eu, já que mamãe o abandonou por não aceitar seu modo de vida, que era repleto de bebidas, jogos, apostas, machos assustadores batendo em nossa porta repletos de ameaças mortais.

Lembro-me de como minha vida mudou. Papai havia conseguido uma dívida enorme após perder outra aposta, e teve que vender tudo que tínhamos, sobrando apenas nossas roupas do corpo, e mesmo assim não conseguia pagar. E então ele me viu como saída, fazendo-me vender meu corpo para outros machos da Corte em troca de dinheiro para termos o mínimo de comida, afinal ele pensava que ninguém seria capaz de negar uma jovem feérica de cabelos negros e olhos âmbar.

Lutei até cansar, tentei impedi-lo de fazer isso. Eu era tão jovem, tão inocente quanto o sofrimento e injustiças do mundo em que vivia, mas fui forçada. Não preciso dizer que minha primeira vez foi um tremendo pesadelo, havia gritado até ficar rouca e quando acabou e o macho bruto foi embora deixando-me sentada na cama tremendo e segurando algumas moedas, eu desabei.

Nunca escapei dessa vida, principalmente quando papai morreu e não tinha como me sustentar a não ser se eu vendesse minha pureza e inocência aos poucos. Ainda tremo e choro enquanto aqueles em cima de mim se satisfazem, tinha medo de protestar, temendo que me batessem. Também sempre tomei tônico com frequência antes de dormir com qualquer um deles.

Tudo começou quando completei vinte anos, e hoje tenho cento e vinte e sete.

— Dahlia! — um grito impaciente me chama. — Está surda por acaso? Venha logo, o Grão-Senhor chegará em breve, precisará entreter nossos convidados! — Harkin, o chefe das cortesãs da cidade escavada, se aproxima e agarra meu braço com força, me machucando, mas não posso protestar. — Agora coloque aquele vestido que combinamos e ande logo, não queremos que nossa estrela da noite se atrase — Ele passa um dedo em meu queixo de forma seduzente, viro meu rosto, com nojo de seu toque.

Seus dedos em meu braço apertam ainda mais.

— Sem joguinhos, Dahlia. — rosnou.

Já comecei a sentir lágrimas surgindo.

— S-Sim, Harkin, perdoe-me, já estarei lá... — minha voz mal saiu, de tão trêmula e assustada, nunca me acostumaria com sua voz me ameaçando.

Ele me soltou e seguiu em direção ao salão, deixando-me sozinha no lugar que chamava de quarto, ou melhor, local de trabalho. Fui até o baú que estava o tal vestido, acho que se não fosse para fazer o que fazia, poderia ser um vestido bonito.

Era preto, assim como tudo que usava, com alças finas e um decote profundo na frente, trás e lados do vestido, era comprido e com duas fendas nas pernas, acreditavam que assim seria mais rápido e fácil para mim ao me deitar com os machos.

Coloquei minha maquiagem, chamativa como sempre, sem nada nos olhos a não ser um rímel e batom preto. Me encarei no espelho da escrivaninha, tentei colocar um sorriso no rosto, mas ao me lembrar que a vida que virei dependente duraria toda minha vida, o sorriso sumiu.

Corte de Sol e LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora