CAPITULO 4 - POV AZRIEL

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                                                                                       Azriel

Dahlia, Dahlia, Dahlia...

Ela só poderia ser uma feiticeira, o que estava fazendo comigo?! Ela não recuou no meu toque, não estremeceu, não teve medo das minhas sombras. Que tipo de feérica ela é?

Posso estar parecendo um louco pensando assim de uma moça que conheço menos de 24 horas, mas ela começou a me intrigar. Mas todo o cuidado era pouco neste momento, não sei absolutamente nada sobre ela, a não ser o que faz naquela corte dos infernos.

Ou pelo menos pensava que sabia.

Abro os armários da cozinha procurando algo que ela possa comer e recompor as energias, seu corpo está tão magro e pálido que parece que não come nada direito a dias!

Tudo que encontro são panelas, tigelas, talheres...

Onde foi parar toda a comida?!

Desvio meu olhar, tentando vê-la no quarto, entretida com a sombra que havia deixado lá. Agora isso realmente era surpreendente, como ela conseguia sorrir ao ver aquilo ao invés de correr para as montanhas gritando por ajuda? Outros fariam isso.

Ao abrir outra gaveta encontro apenas algumas latas de sopa.

Só pode estar brincando...

— Tudo bem em ser sopa? — pergunto alto o bastante para que ela me escute do outro lado do apartamento.

— Claro... — um fio de voz responde.

Não querendo me gabar, mas até que cozinho bem, então pelo menos a sopa ficaria boa.

Preparo-a e coloco em uma tigela, logo voltando ao quarto que Dahlia estava, o meu para ser exato.

— Não tinha quase nada na cozinha, fiz o que pude — digo colocando a tigela na mesinha ao lado dela.

Ela deu um sorriso fraco.

— Está ótimo, obrigada... — ela tira a atenção das sombras e pega sua comida.

O silêncio que veio a seguir foi constrangedor, não sabia o que dizer. Poderia muito bem simplesmente se levantar e sair, mas queria ficar perto dela. Geralmente com fêmeas que eu achava atraente, jogava flertes e as seduzia, mas ela não estava parecendo precisar deles nesse momento.

Enquanto ela comia analisei suas feições, tão diferentes de quando ela estava dançando ontem a noite, ela parecia cansada, parecia...

Quebrada.

Se alguém no mundo sabe o que é estar quebrado, esse alguém sou eu.

Seu olhar se levantou e alcançou o meu, desviei no mesmo instante.

— Obrigada mais uma vez, não precisava ter esse cuidado comigo — diz ao terminar de comer.

— Não precisa agradecer.

Mais uma vez o silêncio paira pelo apartamento. Nunca fui uma pessoa de poucas palavras, sentia que ter nada a dizer era mil vezes melhor do que dizer algo sem razão. Mas ela não parecia o tipo que gostava de silêncio, ela parecia querer encher cada cômodo com risadas e conversas que poderiam durar horas a fio.

Não a conhecia, mas aqueles olhos âmbar me intrigaram. Pela primeira vez em décadas eu queria saber sobre outra pessoa.

— Se me permite perguntar, o que houve ontem? — pergunto, a fazendo congelar.

Corte de Sol e LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora