CENA EXTRA 2

3.2K 253 17
                                    




Azriel

Graças a Mãe Dahlia recebeu alta.

Confesso que estava um monte de nervos desde que ela acordou, preocupado demais para pensar em outra coisa, meu medo era dela se sentir sufocada, mas pelo visto aquela coisinha provocadora estava se divertindo com minha preocupação, já que ficava andando de um lado para o outro pelo quarto e perguntando a cada segundo se ela estava sentindo dor.

Mas pelo sorriso que ela me dava... ela estava bem.

Ficaria bem.

Os curandeiros nos alertaram sobre uma grande cicatriz que seria formada na ferida do corte, eu entrei em desespero enquanto minha parceira tentava brincar com a situação para me fazer relaxar. Fomos permitidos voltar para casa, mas avisaram que todo cuidado era pouco até o corte se cicatrizar por completo.

Era estranho, pensava. Tudo isso começou quando optei a cuidar de Dahlia e seus machucados até que se recuperasse, e olhe onde estamos! Pelo visto meu destino é, e sempre seria, protegê-la.

Meus dias e noites foram reservados para ela, não queria sair do seu lado nunca mais, talvez eu tenha pegado um tipo de paranoia por tê-la deixado e minutos depois a vejo quase sem vida no meio da calçada. Mas conseguia perceber o quanto ela me entendia, não julgou meus medos.

Rhys também conseguiu reduzir meu tempo no trabalho, prometendo me chamar apenas em emergências, que ainda bem que não aconteceram. Deixei Cass encarregado do serviço que fazia no acampamento, já que meu irmão jurou que daria conta e Nestha o ajudaria quando fosse necessário.

Dahlia estava ainda adormecida em nossa cama, deitada de lado e com os cabelos negros esparramados no seu travesseiro. Não conseguia deixá-la sozinha, mas também sei que o amor pode chegar a ser um veneno quase que mortal se não fosse dado o devido cuidado.

Meu medo era exatamente esse.

Estava a esperando acordar, com uma bandeja de seu café da manhã preferido nas mãos, era assim todas as manhãs, acordava cedo, preparava um desjejum, ela acordava e comíamos juntos na cama, já que os curandeiros sugeriram que ela ficasse mais alguns dias de cama para que se curasse totalmente.

Seus lençóis começaram a ficar inquietos, ela estava acordando. Dahlia se espreguiçou e deu seu famoso bocejo matinal, abrindo seus olhos dourados aos poucos, não demorou muito para que eles encarassem os meus de forma curiosa e inocente.

— Bom dia — disse ela com um sorrisinho cansado.

Me abaixei o suficiente para beijar sua testa, mas com muito cuidado para não derrubar a comida.

— Bom dia, dormiu bem?

Ela assentiu, se sentando na cama devagar, fazendo uma careta de dor já que seu ferimento ainda não se cicatrizou cem por cento. Sem dizer nada, levou a mão para o pequeno pratinho onde tinha alguns biscoitos, pegou um e deu uma mordida, assentindo.

— Só estou morrendo de fome... — resmungou.

Sempre meio mal humorada de manhã...

Peguei um biscoito e estendi para ela, que sorriu e bateu o seu no meu, um estranho tipo de brinde que fazíamos, e logo demos uma mordida. O resto do café da manhã foi em silêncio, não temos mais tantos assuntos como antes, agora ficamos em casa e não sabemos muito do que acontece fora daqui.

Quando terminamos, roubei um selinho dela rapidamente antes de levantar.

— Az! Eu nem escovei os dentes! — me repreendeu.

Eu soltei uma risada e fui para a cozinha, e pedi que as sombras a levassem para se arrumar no banheiro. Quando voltei ela já estava novamente na cama, com um livro em sua perna.

Corte de Sol e LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora