AzrielTrês anos depois...
Haviam milhares de coisas que me traziam felicidade agora, desde acordar pela manhã com Dahlia em meus braços a uma dança sem ritmo e envergonhada. Mas a minha coisa favorita era sem dúvidas voltar para casa após um longo dia de trabalho, pois era recebido da melhor forma que poderia existir.
Depois que Dahlia se recuperou o suficiente, disse a ela sobre Harkin e o que tive que fazer. Esperava diversas reações, mas a dela me surpreendeu. Ela se sentou na cama, e me abraçou. Ficamos horas assim, apenas nos abraçando, não estávamos nem mesmo nos comunicando pelo laço.
Nos casamos em uma cerimônia simples, apenas com nosso círculo de amizades, e felizmente Lucien e Elain voltaram a tempo para também fazer parte desse momento.
Eu tinha preparado um presente especial de casamento para Dahlia, que por sinal, estava linda naquele vestido, eu a vendei e a levei para uma região afastada de Velaris, as montanhas illyrianas. E a mostrei a tal surpresa.
Comprei uma grande casa no campo, do jeitinho que nós imaginávamos, realizando apenas um dos milhares de sonhos da minha amiga, parceira, amante e esposa.
Gostava de voar até lá, não era muito distante do acampamento, mas quando eu chegava próximo da porta gostava de caminhar, o motivo? Bem...
— Papai! Papai! — gritinhos animados chegam aos meus ouvidos, vendo de longe meu pequeno pacotinho correndo ao meu encontro.
Dahlia e eu nunca usamos tônico, então não foi surpresa para ninguém quando minha esposa engravidou apenas alguns meses depois de termos nos casado, filhos eram raros, mas nós tivemos sorte. Cassian até brincava que nossos filhos seriam como os três mosqueteiros, já que Nestha também deu à luz um tempo depois de Dahlia e o filho de Rhys tinha uma diferença de idade muito pequena deles.
— Vem cá, minha morceguinha — me agachei para pegar minha filha de recém três anos no colo.
Eu a abracei fortemente contra meu peito, cheirando seu pescocinho de um jeito que sempre a fazia sentir cócegas, igual sua mãe. Ela era mestiça, meio illyriana e meio feérica, e sempre se sentia uma pequena morcega com suas asas.
— Papai! Tá fazendo cosquinhas! — soltou um gritinho quando as minhas sombras entraram na brincadeira também.
Eu sorri. Não tinha como não sorrir perto dela.
A batizamos de Ayla, que significa "luz da lua", queríamos fazer algo relacionado aos apelidos que eu e Dahlia nos demos. Ela me chamava de sua Lua, e eu a chamava de meu Sol. Mas quando nossa morceguinha nasceu e ambos percebemos que ela era a minha cara, a batizamos relacionado à Lua e ao céu noturno.
— Quem é a garotinha mais linda em todo o mundo? — perguntei a ela, que levantou os bracinhos.
— A Ayla, a Ayla!
— Ayla, meu amor, deixe o papai descansar um pouquinho, ele deve estar cansado — Dahlia aparece na porta de casa, já com sua camisola longa para dormir, encostada no batente da porta com um sorriso torto.
Ela caminhou até mim, e só pude admirar seus cabelos pretos, olhos dourados, e sua silhueta de quatro meses de gravidez.
Sim, pelo visto teríamos mais sorte do que esperávamos.
Ayla esticou os bracinhos para Dahlia, que quando a pegou, deu um beijinho em sua bochecha.
— Oi, meu amor... — disse para mim, beijando meus lábios.
— Oi — sussurrei, sorrindo e a beijando de novo.
— Para de beijar o papai, mamãe! É nojento! — Ayla gritou, protestando.
Nós demos risadas, ela era muito grudada comigo, era uma pequena ciumentinha.
— O que acha de irmos ao telhado ver as estrelas, morceguinha? — perguntei para minha filha, que logo se animou, pulando para meus braços. Ela amava ver as estrelas, contava cada uma no céu e dava nome para as constelações. — A mamãe também pode vir — digo sorrindo ao ver minha esposa com uma cara fingida de brava, e seguro sua cintura.
Voei com cuidado até o telhado, onde tinha feito uma área especial, só para essa atividade entre nós três.
E lá ficamos, horas e horas observando o céu estrelado em meio a risadas, até ver que Ayla havia adormecido em meu peito, segurando minha mão com cicatrizes, olhei para o outro lado, vendo que Dahlia também adormeceu. Encolhi minhas asas, fazendo um tipo de coberta para protegê-las de brisas frias.
Se alguém me dissesse anos atrás que estaria vivenciando esse momento, provavelmente riria até ficar rouco, chamando seja lá quem for de louco.
Mas agora, não mudaria isso por nada.
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Corte de Sol e Lua
RomanceDahlia teve sua vida transformada da noite para o dia após seu pai apostar tudo o que tinham, e não foi para melhor. Ela se tornou cortesã na Corte dos Pesadelos, tendo que vender o próprio corpo para conseguir roupas quentes ou um mísero pedaço de...