CENA EXTRA 4

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Azriel


A noite estava tranquila, quieta, silenciosa. Por mais que eu tentasse, não conseguia dormir, algo estava me preocupando, a única questão era: "o que?".

Me virei mais uma vez na cama, mais uma das incontáveis vezes até agora. Dahlia estava dormindo profundamente, mas temia acordá-la, já que ela conseguia sentir meus sentimentos pelo laço mesmo adormecida e acordava em menos de dois segundos para me perguntar o que houve.

Ayla estava em um quarto próximo do nosso, enquanto Eliah, nosso caçulinha, dormia em um berço ao nosso lado da cama, do mesmo jeito que fizemos com sua irmã até ela ficar um pouco mais crescida e suas asas não caberem mais no pequeno espaço.

Inquieto demais para ficar deitado e tentar dormir, me levantei com cuidado para não acordar minha parceira e fui até meu filho que pelo visto também não conseguia dormir, estava de olhos bem abertos esticando as mãozinhas para o móbile de estrelas e morcegos que Cassian nos deu de presente quando ele nasceu.

Se Ayla era a minha cara, Eliah era a cópia de Dahlia, se duvidar seus olhos são ainda mais dourados e brilhantes que os dela.

Ao me ver aproximando, começou a chutar os pezinhos e bracinhos no ar, e um esboço de sorriso surgiu em seu rostinho. Sem me conter, o pego no colo, deixando-o junto de meu peito enquanto cantarolava baixinho uma cantiga que minha mãe cantava para mim em algumas de suas visitas. Minhas sombras fizeram carinho em sua cabecinha, e quando menos espero, ele adormece.

Sortudo...

Vou até o berço, o colocando com cuidado.

— Não consegue dormiu? — a voz da minha parceira me chama a atenção, me virando para encará-la.

Dahlia estava com um sorriso cansado no rosto, apoiando o rosto com a mão para me ver melhor no escuro da noite.

Neguei com a cabeça.

Ela se levantou, amarrando seu roupão azul claro no corpo por cima da camisola e veio até mim, abraçando-me por trás, tomando cuidado com as minhas asas.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunta fazendo pequenos círculos com os dedos em meu peito.

— Essa é a questão, eu não sei.

Me virei, apenas para puxá-la para um abraço.

— Deve ser muito estresse do trabalho, não se preocupe — digo dando um beijo no topo de sua cabeça.

— Como não me preocupar? — indagou levantando a cabeça. — Não gosto de vê-lo assim... — sua atenção foi para o berço onde nosso filho dormia com o polegar na boca, a arrancando um sorriso. — Eles estão crescendo muito rápido, não é?

Estavam. Ah como estavam.

Parece que foi ontem que Ayla nasceu, que deu os primeiros passinhos vindo para mim, suas primeiras palavras, que a ensinei a voar (Dahlia quase me deu uma surra por estar ensinando para ela ainda tão novinha, mas foi Ayla que pediu, como diria não a ela?), e de sua gargalhada inocente de quando era um bebê, que achava graça em tudo no mundo.

Agora ela está com cinco aninhos, cinco!

E hoje mais cedo, Eliah balbuciou sua primeira palavra.

Quem diria que me tornaria um pai. Ainda mais de dois filhos e completamente babão por eles.

— Mais um não seria tão ruim... — comento brincalhão.

Ela solta uma risadinha, para não acordar o mais novo.

Corte de Sol e LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora