Corte de Sol e Lua

CAPITULO 2 - POV AZRIEL

                                                                                    Azriel

Odeio esse lugar.

De todos os lugares que tinha que vir para realizar meu trabalho, aquele sem dúvidas era o pior de todos. Sempre repleto de feéricos com sede insaciável de sangue, era sofrimento e desordem a cada passo que eu dava. Isso sem contar com a maldita máscara que todos nós tínhamos que colocar para nos proteger, proteger a todos em Velaris principalmente.

Era o teatrinho de sempre: Rhys sentado no trono junto de Feyre tomando vinho, Amren e Mor sempre por perto e analisando cada possível ameaça naquele lugar, e Cassian e eu revezando entre ficar de guarda para nosso irmão e caminhar pela multidão caso fosse preciso reportar algo.

— Sua vez — escuto a voz de Cassian ao encostar a mão em meu ombro.

Assenti para meu irmão, adentrando o salão, que precisamos concordar, estava um tremendo caos, respirei fundo ao chegar perto das pessoas, minhas sombras vieram ao meu redor, como cobras prestes a atacar qualquer um suspeito, aqueles em meu caminho sussurravam uma para as outras e se encolhiam ao me ver passar.

Sou grato pelo meu trabalho e pela minha posição, mas às vezes eu não conseguia suportar aquela rotina: treinar, procurar, torturar, e em alguns casos, matar. Mas fui treinado para isso a vida toda, é assim que eu sou e pelo jeito sempre serei.

Um barulho de aplausos e assobios chama minha atenção.

O que estava acontecendo?

Me aproximo aos poucos do barulho, que logo foi adicionado música. Não que isso não acontecesse por aqui, mas por algum motivo isso me intrigou.

E é então que eu vejo, no centro daquele salão enorme, uma fêmea dançando de olhos fechados, rodopiando no lugar com um leve esboço de sorriso em seus lábios com batom preto. Nunca havia visto ela por aqui, mas ela era linda...

Fico encantado com sua dança, parecia uma feiticeira chamando todos os machos para a admirarem e caírem ao seus pés. Em um de seus rodopios ela finalmente abre os olhos, e os meus encontram os dela, e o tempo parou, não havia outra definição.

Quando eu menos esperava a dança acabou, a fêmea fez mesura para sua plateia e aos Grão-Senhores, ela recolheu as moedas que haviam jogado para ela durante sua performance, e simplesmente desapareceu.

Quem é ela?

— Azriel? — alguém me chama, mas minha atenção está para onde aquela garota foi. — Azriel! — me viro e encontro Cassian com uma expressão quase impaciente. — O que há com você? Estou te chamando uma eternidade, hora de trocar!

— Ah, sim, claro — assinto, começando a caminhar na direção do nosso irmão, mas algo me impede. Sinto algum tipo de dor no peito, como se fosse um aviso, já senti coisas assim antes, mas nunca tão forte, até minhas sombras começaram a se agitar.

Quando chego ao lado de Rhys e Feyre, o aperto aumenta. Algo aconteceria, mas não estava certo do que ou quando.

— Az? — Feyre me chama. — Está tudo bem? — ela sussurra para que ninguém além de nós e Rhys escute. — Parece preocupado com alguma coisa...

—Eu... — mais uma vez o aperto. — Rhys, preciso sair para tomar um pouco de ar, eu volto já.

Não esperei ele responder, já saí em direção dos corredores, sabia que estariam vazios por conta do evento daquela noite, e tudo que precisava era um minuto para respirar.