Capítulo 7

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Não vou viver como alguém que só espera um novo amor
Há outras coisas no caminho onde eu vou
Às vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus e que não abro mão♪


Helô

A noite de ontem foi sensacional, mas hoje a extravagância na bebida já está cobrando a conta. Constato o fato no exato momento em que abro meus olhos com dificuldade e a cama parece girar como se eu estivesse em um parque de diversões.

— Droga! Nunca mais eu vou beber! — praguejo, sentindo a cabeça latejar.

É por isso que evito baladas, por causa da ressaca no dia seguinte. Com o passar dos anos – mais precisamente depois que passei dos trinta – meu organismo não tem mais a mesma tolerância a bebidas alcoólicas que tinha aos vinte anos e, para piorar a situação, a cólica que estou sentindo me deixa ciente que meu período está próximo. Na correria, acabei esquecendo. Porém, a dor que sinto todo mês me faz o favorzinho de lembrar.

Ontem acabei me empolgando demais e agora estou aqui, sem forças para me levantar da cama, com essa dor de cabeça alucinante e um gosto horrível de cabo de guarda-chuva velho na boca. Não faço ideia do que essa expressão significa, afinal, não acho que as pessoas enfiem cabos de guarda-chuva na boca, mas esse sabor tosco que estou sentindo desde que acordei só pode se parecer com isso.

Com tremenda dificuldade, jogo as cobertas no chão e me ergo da cama, ainda cambaleante. A cada passo que dou, sinto uma pontada irritante na cabeça, como se fossem marteladas.

Depois de um longo banho, começo a me sentir um pouco melhor, mas a dor de cabeça faz questão de me lembrar da bebedeira do dia anterior. Visto um roupão e vou arrastando os pés descalços até a cozinha, onde dou início ao meu ritual cura-ressaca.

Jogo um comprimido à base de cafeína na boca e um outro para aliviar as cólicas menstruais. Tomo quase meio litro de água e as cápsulas descem rasgando a garganta. Espremo um limão, misturo com água tônica e me encaminho para o sofá parecendo um zumbi.

Após algumas horas entre zapear pela televisão e cochilar, sinto-me um pouco melhor. A fome chega rasgando e eu saio abrindo todos os saquinhos que encontro na despensa... quanto mais calorias, melhor. Não sei se é coisa da minha cabeça, mas comer porcarias após uma ressaca costuma me deixar melhor.

Dou o sábado como perdido, afinal, não estou em condições de fazer nada além de comer, dormir e assistir o revival de Gilmore Girls mais de um ano após o lançamento. Na boa, acho que teria sido melhor não ter assistido.

No início da noite, finalmente, me sinto bem melhor. Aproveito para colocar algumas coisas em ordem no apartamento e, também, ligo para minha mãe e aviso que passarei o domingo na casa deles. Assim, eu paro de fugir do assunto e conto a eles sobre meu término com o Rafael.

***

No domingo acordo muito bem, sem nenhum sinal da maldita ressaca que me deixou de molho no sofá. Passar o sábado apenas me recuperando foi a atitude mais inteligente.

O dia está bem gostoso, nem muito calor nem muito frio. Assim que saio da cama, já tomo um banho e me arrumo. Decido ir mais cedo para a casa dos meus pais, passo na padaria no caminho e compro pães e pães de queijo fresquinhos para o café da manhã.

Faz algum tempo que não temos um domingo em família e, apesar de ter que tratar de um assunto chato, quero aproveitar o dia com eles da melhor forma possível.

Quando um amor floresce ** Apenas degustação ***Onde histórias criam vida. Descubra agora