♪Pés, não me falhem agora
Me levem até a linha de chegada
Oh, meu coração, ele se parte a cada passo que dou♪
Tento abrir meus olhos, mas a dor de cabeça pungente me impede. Não consigo raciocinar. Não me lembro onde estou, tudo que sinto é um grande latejar na região do meu olho direito.
Levo minha mão até ele e sinto um líquido gosmento e um cheiro metálico de sangue. Entro em desespero, estou sangrando. Respiro fundo, na ânsia de me acalmar e colocar as ideias em ordem, mesmo diante de tanta dor e confusão mental. Abro o olho esquerdo, já que o direito não consigo, olho ao redor e tudo que vejo é escuridão. É nesse instante que tudo volta a minha mente como uma avalanche.
A conversa com Rafael, ele puxando meu cabelo, depois a pancada que me deixou desacordada. Apresso-me em me sentar e ignoro a dor que sinto ao forçar o olho bom para tentar me localizar.
— Você finalmente acordou. — A voz grave, a qual conheço bem, faz meu sangue gelar.
— Onde eu estou? — pergunto quando consigo enxergar sua silhueta na penumbra.
— Estamos na minha casa. — Aproxima-se de onde estou, acredito que seja sua cama, e eu encolho de medo.
Estou apavorada, jamais imaginei que ele pudesse chegar tão longe, que me agrediria, e tenho medo de que possa fazer novamente.
— Rafael — minha voz é trêmula —, me deixe sair daqui, não faça mais nada de estúpido.
— Eu jamais queria ter chegado a esse ponto, eu perdi a cabeça, você me obrigou... a culpa é toda sua.
— Minha? Eu não fiz nada! — digo em voz alta. E repito internamente: Eu não fiz nada de errado, eu não fiz nada de errado.
Rafael se senta na cama ao meu lado, fazendo o colchão afundar com seu peso. Passo os braços ao redor do corpo, buscando proteção.
— Sua sim, foi você que mal terminou comigo e já estava nos braços de outro, ainda por cima um moleque. O que você tem na cabeça, sua estúpida?
— Foi você quem me deixou... — sussurro baixinho, fechando os olhos novamente.
Sempre que ouço algum relato de mulher que foi agredida, meu primeiro questionamento é: por que ela não reage? E agora consigo compreender. É por medo, e ele é paralisante.
— Eu ia voltar, pois sempre te amei, querida. — Passando a mão pelo meu cabelo, ele continua: — Você só precisava ter tido um pouco de paciência.
— Rafael, por favor, me deixe ir — imploro, pois é a única coisa que posso fazer neste momento.
— Não posso fazer isso, pois, se sair daqui, irá direto atrás do outro, Alex, é esse o nome dele?
Eu subestimei esse cara, achei que suas mensagens cessariam em algum momento. Lari tentou me alertar, mas não dei a devida atenção. Ele estava o tempo todo me vigiando, a ponto de saber o nome e quem é o Alex. Me coloquei em risco e a ele também.
— Por quanto tempo eu dormi? — tento ganhar tempo, desviando de suas mãos.
— Mais ou menos uma hora. Desculpe mesmo por isso, querida. — Passa a mão sobre meu rosto ferido.
Deixo as lágrimas escorrerem pela minha face.
— Eu só quero ir embora, preciso ver esse machucado.
— Eu já disse que você não vai a lugar algum — se enfurece. Sou empurrada de forma violenta sobre a cama e imediatamente sinto o seu corpo pesar sobre o meu. — Você me pertence, Heloísa, não vou deixar ninguém ter o que é meu. Você só quer sair daqui para ir correndo para os braços de outro, como a puta que é.
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Quando um amor floresce ** Apenas degustação ***
Romance**** Apenas degustação **** O livro foi postado totalmente e retirado alguns capítulos da plataforma no dia 14/03/2021. Alex Lembro perfeitamente da primeira vez que vi Heloísa, naquela época, ainda tão jovem, não soube identificar direito o motivo...