Capítulo 12

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♪O amor é como a chuva
Como a primavera quente que me faz sonhar
Devo lentamente me aproximar de você e dizer-lhe hoje?

Se só meu amor poderia andar me fazer andar nessa chuva
E chegar até você
Se ao menos os pingos de chuva em seus lábios fosse eu

Alex

Uma das lembranças mais vivas que tenho da época que parti do Brasil é a dor que senti em deixar Pedro e Helô para trás. Pedro pelos motivos óbvios, por ser meu melhor amigo desde sempre; naquela época, me imaginar longe dele foi doloroso. E de Heloísa por ser a minha primeira grande paixão, mesmo com alguns anos a mais que eu.

Nas minhas ilusões adolescentes, eu pensava que, ao chegar à maioridade, finalmente teria coragem de me declarar e teria uma chance com ela.

Lembro nitidamente como era maravilhoso quando ela chegava em sua casa e eu estava lá. Helô sempre foi linda e iluminava tudo ao seu redor. Apenas Pedro sabia de meus sentimentos, mas, pensando bem, não sei se ela não percebeu algo na época, pois tenho certeza que eu dava muita bandeira. Se ela notou, nunca deu moral, afinal, eu era apenas o amigo de seu irmãozinho.

Durante os primeiros anos em Paris, esse sentimento me acompanhou. Ainda achava que voltaria para o Brasil quando pudesse ser independente e lutaria por ela.

É claro que o tempo passou e a vida mudou. Conheci novas pessoas, me acostumei a morar no novo país, namorei outras mulheres e esse pensamento de adolescente ficou para trás.

Houve muitas mudanças nesses oito anos de ausência, mas, agora que voltei ao Brasil e a reencontrei, posso afirmar que há coisas que continuam na mesma. Como o fato de Helô ainda iluminar o lugar assim que entra nele, e eu ainda me comportar como um menino diante dela.

Ela é simpática com todos ao redor. O segundo dia de fotos correu perfeitamente bem. Todas as mulheres que foram fotografadas, além de bonitas e com histórias de vidas fortes, foram simpáticas e muito bem receptivas com nossa equipe. Bem diferente de trabalhar com modelos profissionais, algumas dão shows de estrelismo e é preciso muita diplomacia para fazer um bom trabalho.

Além disso, nossa equipe se deu muito bem com a equipe da revista, tanto Larissa quanto Elisa e Helô também sempre estavam por perto, dando sugestões e atentas a tudo que precisávamos.

Heloísa, por sinal, é sempre a mais agitada e empolgada de todo o set. Caminha de um lado para o outro, interagindo e ajudando alguém para que tudo saia perfeito, e eu a entendo bem, é a primeira edição da revista sob a sua direção, o que me dá um puta orgulho. Acho até que ela deveria estampar as páginas dessa edição, afinal de contas, é uma mulher que também está exercendo seu trabalho maravilhosamente bem.

Eu sei que não deveria me deixar levar por tantos pensamentos a respeito dela, mas é mais forte que eu. Não consigo não sentir sua presença a todo momento estando no mesmo local que ela. Sei que é errado, mas nesses dois dias, em vários momentos em que esteve distraída, eu não resisti e capturei algumas fotos suas.

— Acho que nosso talentoso fotógrafo já tem a sua musa inspiradora — Marina, nossa fotografada da tarde, fala atrás de mim.

Eu me viro em sua direção um tanto sem graça.

— Não precisa ficar envergonhado assim, será um segredo nosso. — Ela me dá uma piscadela e eu lhe dou um sorriso um pouco sem graça. — Mas, mesmo se as pessoas percebessem, quem poderia culpá-lo? Ela é realmente uma bela mulher — completa.

— Sim, ela é — limito-me a dizer, enquanto ajusto a câmera para a próxima tomada de fotos.

— O que minhas estrelas estão cochichando? — Helô nos interrompe.

Quando um amor floresce ** Apenas degustação ***Onde histórias criam vida. Descubra agora