Capítulo I - Fonte de Esperança

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     Ray Collins era o tipo de cara que se irritava facilmente por pequenas coisas, tudo porque fora mimado desde a infância pela mãe e pelo irmão mais velho. Se lhe pedissem para descrever sua vida em uma palavra, ele descreveria em duas: árida e incomum.

     “A culpa não é minha se minha vida é tão irritante e miserável... e legal, mas só às vezes”, era o que dizia.

     Vivia apenas com a mãe e o irmão mais velho numa casa até que confortável e bonitinha no centro de Grace Field. O pai de Ray havia falecido alguns dias antes de seu nascimento, então ambos nunca tiveram a chance de se conhecer pessoalmente. Mesmo assim, Ray se sentia mal quando alguém tocava nesse assunto, pois deixava sua mãe e seu irmão desconfortáveis.

     O rapaz ficou sabendo através de murmúrios que o aluno prodígio do colégio de Amherst, localizado em Grace Field, havia sido selecionado para entrar em uma das universidades mais bem sucedidas do país: a Valley's Academy. Era um lugar bem comum para falar a verdade, apesar do pessoal de fora a descreverem como uma versão real de Hogwarts. Patético.

     As imagens da Internet, por outro lado, favoreciam essa visão do mundo sobre a Universidade, então era compreensível, mas mesmo assim, Ray achava uma enganação desnecessária. Ele sabia que essa não era a verdadeira intenção das divulgações de fotos do local, mas também não queria aceitar que essas mesmas fotos estavam fazendo as pessoas enxergarem a Universidade Valley de outra forma. Grande e boa parte dos alunos de Grace Field, por exemplo, se inscrevem na Valley's Academy devido à forma que ela é vista pelas pessoas, ou seja, eles queriam entrar só para no futuro poderem dizer: “eu estudei na universidade privada bem mais sucedida da cidade de Grand Valley.”

     “Tsc, mais estúpido que isso só meu irmão mais velho”, pensou.

     O nome do aluno prodígio que fora selecionado para a Valley's é Norman Ratri, e os boatos que circularam ainda quando Ray estava na cerimônia de graduação do ensino médio diziam que ele não havia sido escolhido somente devido às suas boas notas, bom comportamento e profissionalisamo em manter uma boa postura, mas também pelo fato de ser o filho de uma figura importantíssima no mundo da moda: o famoso James Ratri, mais conhecido por seu nome artístico, William Minerva.

     Durante seu colegial, ninguém nunca soube dos parentescos de Norman até essa possível informação vazada de ele ser filho do William. Mesmo que provavelmente não seja, não seria uma mentira difícil de se acreditar, afinal, eles tem características bem parecidas, desde o sobrenome até a cor do cabelo e dos olhos. Ele era um garoto de aparência encantadora, Ray tinha que admitir, e também parecia ser bastante amigável. Bom, não estava afim de cometer o mais errado dos erros e julgar o livro pela capa. Estava pronto para o momento em que o Ratri revelaria o que escondia por trás de sua máscara.

     No momento em que Ray preparava as malas para o dia seguinte, no qual viajaria para Grand Valley, ele cantarolava uma melodia que não desgrudava de sua cabeça. Sua mãe costumava cantá-la com frequência enquanto realizava os trabalhos domésticos, devia ser por isso.

     — Ah, ótimo. Yuugo pegou minhas meias de caveira de novo? Ele tem suas próprias meias, para quê pegar as minhas?! — enquanto remexia na gaveta de cuecas, resmungou, chutando a bola de basquete que estava no chão e logo se arrependendo, pois ela havia rebatido na parede e lhe acertado na perna. — Ai!

     Todavia, deu de ombros e saiu cambaleando até a porta, caminhando até o quarto do irmão mais velho.

     — Yuugo! — ele deu duas batidinhas na porta. Dali dava para ouvir um som de guitarra altíssimo, devia ser ele ensaiando música da banda outra vez. — Estou entrando.

call me by your name; norray Onde histórias criam vida. Descubra agora