Capítulo II - Grand Valley

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     Ao chegarem no aeroporto, Yuugo parou a moto próxima ao passeio para que Ray pudesse descer sem precisar desviar das poças de água e da corrente que escorria ladeira abaixo até um bueiro na esquina. Assim que o mais velho deu-lhe o sinal, o irmão desceu com a mala enorme, retirando o capacete e entregando-o para Yuugo.

     — Ligue para nós quando chegar em Grand Valley. — pediu, pegando o capacete e prendendo-o no braço direito.

     — Não precisa pedir, eu irei ligar. — respondeu sorridente; dificilmente Ray demonstrava algum tipo de emoção assim. Yuugo sorriu de volta.

     — Acho que não iremos nos falar muito quando você estiver na universidade, então já é a hora do “até daqui a quatro anos”?

      — Não, Yuugo! Você é mesmo burro ou fez curso? Eu disse que vou ligar, para de drama! — ele deu um tapinha no braço do mais velho. — Agora eu vou indo, Emma está me esperando.

     — Vai lá, e não esqueça do que eu te falei em casa. — lembrou, vendo o irmão se virar para entrar no aeroporto. Ele apenas levantou um braço e fez um sinal de “ok” com a mão, acenando em seguida.

     A partir dali, era um caminho sem volta, Ray estava caminhando em direção ao seu futuro.

     Quando atravessou a grande porta de vidro giratória do aeroporto, um grupo de pessoas vestidas num uniforme escolar passaram bem na frente de Ray, ignorando completamente sua existência. “Qual é a desses idiotas? Mal-educados de merda!”

      Se pudesse, continuaria ali parado encarando feio aquele grupinho de alunos que passou, amaldiçoando-os em silêncio, mas alguém lhe despertou chamando seu nome no meio de uma multidão próxima à uma recepção. Era uma garota meio baixinha, ruiva e de olhos verdes que lembravam esmeraldas, ela estava loucamente acenando para Ray. “Emma?”, pensou, franzindo o cenho e apertando os olhos na tentativa de tentar confirmar se era ela mesma, o que foi desnecessário, pois ela saiu atravessando a multidão para chegar até Ray, que andava lentamente em sua direção.

     — Ray, aqui! Ei! — ela chamava, foi aí que ele teve certeza. Era mesmo Emma, finalmente! “Como você ainda estava em dúvida, seu cego? Deveria ter certeza de que era ela só de olhá-la!”

     — Me dê sua mão! — gritou de volta, estendendo o braço para tantar alcançar a mão da ruiva. — Peguei!

     Ele a puxou gentilmente para si, pois as pessoas em volta podiam acabar se esbarrando nela ou tropeçando. “O aeroporto já foi mais cheio do que está agora? Que dificuldade para conseguir um passaporte.”

     — O que estava fazendo na fila da recepção? — perguntou Ray quando finalmente saíram daquele tumulto terrível. — Você deveria estar me esperando nos bancos de espera.

     — Eu estava, mas quando vi você entrando, vim correndo para vê-lo. Já fazem meses, certo? Desde a nossa graduação, só nos falamos por telefone. — ela o abraçou, recebendo um leve carinho nas costas pelo Collins.

     — Tem razão, já faz um tempo, mas mesmo assim, devia ter me esperado quieta no banco, seria menos trabalhoso nos encontrarmos. — enquanto falava, eles caminhavam até os bancos de espera, onde não estava tão cheio.

     — Ah, Ray, eu ajo de acordo com minhas emoções. Você acha que eu ficaria parada ao ver meu melhor amigo que não vejo há meses aparecer na minha frente? Por favor — ela revirou os olhos, segurando o braço do amigo e acompanhando-o até os bancos, e lá se sentaram.

     Além de Emma ser a fonte de esperança de Ray, ela também era seu porto de conforto e seu ponto fraco. Digamos que ela tinha o Collins na palma de sua mão, mesmo que parecesse o contrário.

call me by your name; norray Onde histórias criam vida. Descubra agora