Capítulo XI - Cooperação

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     A fama pode se tornar uma armadilha para uma vida feliz, pois evapora a simplicidade, esmaga a sensibilidade e invade a privacidade. Norman nunca ligou muito para boa reputação durante os anos que estudou em Amherst e nem se importava em como as pessoas ao redor o veriam, mas com a medida em que fora crescendo e aprendendo a real importância de não ser mal-visto pelas pessoas, passou a valorizar mais a própria imagem.

     Ser filho de um modelo famoso e milionário facilitava muito as relações sociais do prodígio, além de que tinha suas vantagens. A família Ratri vivia do bom e do melhor. James compartilhava de sua riqueza com o filho e a esposa, vivia uma vida agitada, mas feliz. Norman amava-se, amava seu pai, amava sua mãe, amava incondicionalmente tudo que tinha, mas justamente por ter tudo, sua vida de era muito... sem graça. Todos os seus objetivos eram sempre facilmente alcançados, e em seus sonhos, desejava que sua vida fosse repleta de grandes obstáculos, obstáculos esses que nunca enfrentara antes.

     Aos quinze anos de idade, Norman despertou um interesse enorme pela área da engenharia elétrica. Ele sempre fora bom em exatas e gostava da ideia de resolver problemas matemáticos no tempo livre, a engenharia era um bom rumo para seguir e achava que combinava consigo, por isso resolveu se inscrever na Valley's Academy, uma universidade de múltiplas faculdades e de alta qualidade de ensino. Ele só não contava que encontraria um obstáculo tão problemático, alguém difícil de entender e decifrar, coisa que para o Ratri nunca fora um problema.

     Ray Collins era um garoto interessante, misterioso... O Ratri percebeu isso logo quando o viu pela primeira vez na sala do diretor. Devia ser a primeira vez em muito tempo que ele não se sentia tão empolgado para algo. A sensação era de euforia, mal esperava para disputar notas com o garoto.

     Don Springer e Gilda Miller são amigos de Norman desde o jardim de infância, estudaram juntos até o ensino médio e William, por ser quem é e ter condição para fazer o que fez, conseguiu comprar a entrada dos dois após uma negociação com o diretor da universidade, já Norman entrou por merecer e de forma justa, digno de um gênio como ele.

     Mas não é só a felicidade de pobre que dura pouco, a de rico também pode durar.

     Todo esse ensinamento, toda a educação que recebera durante anos, todas as suas formas de lidar com quaisquer situações não importando o quão difíceis fossem, pareceram ter sido completamente inúteis naquele momento. Norman nunca se sentiu daquela forma antes, aquele sentimento... era pânico. Talvez um desespero exagerado. Ele estava com medo e preocupado, mas não consigo, e sim com Ray.

     Claro que Ray pretendia fazer com que toda a Valley's soubesse mais sobre si, no momento certo ele se revelaria, mas quem o faria seria ele, e não um fotógrafo anônimo qualquer. O verdadeiro problema não era a foto, e sim a má-interpretação. E se as pessoas passassem a achar que o prodígio de Denver e o prodígio de Amherst tinham um caso?! Ah, Ray não saberia como reagir, pelo menos não depois de conhecer a personalidade do Ratri bonitão que ele imaginava ser um grandíssimo galã metido a popular, isso antes de entrar para a Valley's Academy. Ele não era nada como imaginava.
 
     — Você perdeu a cabeça?! Contar sobre a foto para Oliver e Zack, na pior das hipóteses, só aumentaria o risco dela vazar para a universidade inteira, Norman! — Ray sussurrou para o rapaz à sua frente. Ele acompanhava o albino de volta para a sala de aula, tentava manter o mesmo ritmo dos passos do outro. O Ratri parecia muito apressado. — E agora você quer contar para Gilda e Don também...

     — Precisamos arriscar, Ray. Vou ser honesto, não queria meter ninguém nos meus problemas, mas... Oliver e Zack são nossos amigos e colegas de quarto agora, podemos contar com eles. — o garoto respondeu, em seguida cerrando os punhos com força e engolindo em seco. Estava nervoso. Não tinha ideia de como Gilda e Don reagiriam àquilo, nem sabia direito como os contaria. — Você confiou demais na Emma e ela acabou contando para Anna. O sujo falando do mal lavado.

call me by your name; norray Onde histórias criam vida. Descubra agora