Capítulo XXII - Cachoeira

926 75 193
                                    

     — Bom — Gilda juntou as mãos e olhou para Don. — Vamos? Quanto mais cedo começarmos, melhor.

     Ela acenou para os dois prodígios, deu as costas e saiu andando. Don a seguiu após fazer o mesmo, deixando Norman e Ray para trás.

     — Devemos ir também, né? — ele toca o queixo do moreno, fazendo-o levantar a cabeça. Ray parecia meio distraído.

     Norman queria saber o que eles estavam conversando antes dele chegar.

     Ray balançou a cabeça na tentativa de afastar os pensamentos e começou a caminhar em direção à mata, seguindo uma das trilhas livres, e Norman lhe acompanhou. Cada dupla seguiria uma trilha diferente para evitar fotos repetidas ou combinadas. Haviam vinte e dois universitários, onze trilhas e uma clareira, que era onde estava o acampamento. Era o ponto de encontro próximo ao centro da floresta.

[...]

     O ar estava fresco, os raios de Sol atravessavam as frestas das folhas e davam vida à cor verde da folhagem em volta. Norman carregava uma câmera fotográfica em suas mãos enquanto buscava algo que chamasse a sua atenção na floresta, e Ray caminhava ao seu lado na trilha com uma caderneta e uma caneta em frente ao corpo. Não havia ninguém ali com eles. Ray sentia que devia quebrar aquele silêncio estranho... E sabia que ele próprio estava agindo estranho. Não conseguia imaginar o que devia estar passando pela cabeça de Norman naquele momento. Ele estava distraído, mas podia estar apenas fingindo, certo? Ou ele realmente estava determinado a fazer aquela pesquisa?

     Ray cerra o punho, tentando encaixar aquele quebra-cabeça irritante. O que Gilda queria dizer com ele "não ter chances"? Por que não podia criar expectativas?

     Ele não conseguia acreditar que algo tão insignificante estava deixando-o tão pensativo, intrigado, nervoso. Aliás, tudo que diz respeito ao Ratri o deixa daquela forma, porém ultimamente ele até tem sido menos... Como poderia dizer? Irritante? Não que ele tenha deixado de ser, claro, mas definitivamente havia alguma coisa ali que estava fazendo-o sentir o mínimo de consideração por ele.

     — Você vai acabar machucando a palma da sua mão assim. — a voz do albino se manifesta. Ele observava o punho fechado de Ray pelo canto dos olhos. — Sobre o que você e a Gilda estavam falando?

     Ray aperta a mão com mais força.

     — Nada importante. — ele range os dentes.

     Norman para de andar e se vira para o Collins com uma expressão confusa em seu rosto. Ray também para e encara os próprios pés. Exatamente. Por que ele se importaria? Está preocupado que ela tenha dito algo que não deveria sobre si?

     — ... Você está bravo? — sua voz suaviza. Ele se aproxima lentamente do garoto, segurando seu queixo e virando sua cabeça para que pudesse olhar o seu rosto. Ray estava emburrado. O biquinho em seus lábios lhe denunciava e seus olhos miravam o que quer que fosse, exceto o rosto de Norman. Ele levanta a ponta do chapéu de Ray para que pudesse selar o biquinho do moreno com um beijo. — Por que você tá assim?

     Ray sente um leve aperto no peito. Ele não queria ser babaca ao nível de guardar aquilo para si porque poderia facilmente ser um mal entendido, mas não saberia como agir se não fosse o que estava pensando.

     — O problema sou eu? — ele pergunta.

     — Por que eu não teria chances com você? — sem pensar, ele questiona meio embolado por conta do biquinho e imediatamente percebe que sua pergunta havia soado meio estranha. Norman congela, processando o que havia acabado de ouvir. Ray sente um rubor tomando suas bochechas. — E-Eu não quis dizer... É que a Gild-...

call me by your name; norray Onde histórias criam vida. Descubra agora