Capítulo VIII - Confiança?

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     Ray não sabia se dava um chute nas bolas do garoto e saía correndo dali ou se ficava para ver até onde ele iria ir, estava curioso para saber e ao mesmo tempo nervoso. Não era ruim, era só... Diferente?

     A última vez que um homem lhe tocou daquela forma fora quando estava no segundo ano do ensino médio em Denver. Um rapaz da turma B do segundo ano acabou ouvindo por acaso sobre a sexualidade do prodígio do colégio e resolveu se aproximar do garoto, ao que parecia, este aluno era um nerd calouro que não suportava saber que havia alguém capaz de competir contra ele na aérea em que era mais experiente.

     Bobagem? Sim, mas não para ele.

     No início ele acabou ganhando a confiança de Emma e fez amizade com Ray através dela, até que ambos ficaram íntimos e começaram a sair com mais frequência para lugares que Ray normalmente só ia com Emma ou Yuugo, como praças, parques, cafeterias e até mesmo a sua própria casa. Uma vez, no intervalo de aula do último horário, esse tal rapaz chamou Ray para o depósito do zelador, já que a chave do lugar ficava do lado de dentro e lá ele poderia se trancar com o prodígio mas executar seu plano.

     Ele queria ganhar a confiança de Ray, usar seu corpo e em seguida partir seu coração, ele achava que talvez assim o Collins fosse ficar fora de seu caminho para se tornar o prodígio de Denver.

     Ele se chamava Jim, e por causa dele, hoje o maior medo de Ray é se relacionar com alguém romanticamente.

     — Ray? — a voz de Norman o tirou de seus pensamentos, mas dessa vez seu nome não fora sussurrado. — Ei, Ray? O que aconteceu?

     O Ratri segurou o queixo do Collins cuidadosamente levantou seu rosto para olhá-lo. As orbes negras agora brilhavam por conta das lágrimas e Norman pôde apostar que por um momento enxergou uma galáxia inteira nelas.

     — O que aconteceu? — perguntou preocupado, tirando a outra mão da cintura do rapaz e subindo-a para o rosto do mesmo, enxugando os rastros que as lágrimas haviam deixado. Eu que causei... Isso? — Desculpe, não era minha intenção te fazer chorar, você podia ter me pedido para parar ou saído correndo!

     — Não é isso, seu... Ugh — começou, choramingando — Esquece...

     — Nada disso, agora você vai me explicar o que aconteceu. Eu te machuquei em algum lugar? Foi quando eu te empur-

     — Já falei que você não fez nada! — ele o cortou, abaixando a cabeça. — Eu não quero falar sobre isso.

     — Tem certeza? — Norman levantou a cabeça do garoto novamente, fazendo-o olhar em seus olhos. — Você pode me contar as coisas, sabe?

     Ray demorou um pouco para responder, ele havia se perdido nos diamantes azuis que perfuravam um túnel e enxergavam até o fundo da sua alma. Tudo em Norman parecia ter sido feito por mãos mágicas, cada linha, cada detalhe, cada sombra, volume... Tudo! Exceto a sua má personalidade e humor, tirando isso, qualquer um facilmente se deixaria ser manipulado por um homem daqueles.

     Norman podia ser tudo de ruim que Ray imaginasse, mas em algumas situações ele sabia ser atencioso e até mesmo gentil. Os toques maliciosos se transformavam em toques carregados de ternura, o olhar maléfico se tornava dócil, sua voz sexy ganhava um tom sutil. Ele conseguia ter tudo aquilo e um pouco mais.

     Ray também queria ter esse poder, essa habilidade, essa experiência que Norman tinha, mas receber tudo aquilo dele, nem que fosse por somente um momento, já era o suficiente.

     — Você vai me zoar se eu contar? — perguntou Ray.

     — Dependendo do que for... — Norman respondeu e recebeu um olhar vazio do outro. Ele revirou os olhos antes de terminar de falar: — Brincadeira, brincadeira... Eu não vou te zoar.

call me by your name; norray Onde histórias criam vida. Descubra agora