Capítulo XXVI - Decisão

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      — São boas fotos — o professor disse, muito surpreso ao passar as imagens na câmera e admirar cada detalhe delas. — Conseguiram fotografar bastante coisa e com uma qualidade incrível.

     — A minha dupla é expert no quesito tirar fotos boas — Ray disse simplesmente, apontando para Norman ao seu lado que parecia ansioso para tirar boas reações do professor, e ele sorriu ao ouvir o elogio do moreno.

     — Eu percebi — ele sorriu para ambos, desviando a atenção da câmera para eles. — Já esperava grandes resultados de vocês dois. Algumas duplas simplesmente saíram registrando qualquer coisa, mas vejam só o que conseguiram...

     Sim, o prodígio de Denver e o prodígio de Amherst eram uma dupla fantástica.

     Eram quase seis da noite quando Norman e Ray foram uma das três primeiras duplas a voltarem ao acampamento e se depararam com a grande fogueira já acesa, os guias e dois professores conversando enquanto faziam algumas anotações e guardavam em uma pasta. Agora, estavam mostrando os dados e tudo o que fora conseguido naquela tarde para um deles.

     Conseguiram coletar poucas coisas nos saquinhos, mas em compensação, tiraram muitas fotos. Eles não tinham conversado sobre a cachoeira depois que terminaram o piquenique, e tampouco voltaram ao assunto do mesmo em algum momento. Ray estava ansioso e um tanto nervoso, porque não tinha certeza do que estava acontecendo, mas, talvez para o bem do processo que eles estavam dispostos a passar para se conhecerem melhor, Norman quisesse deixar o que aconteceu no rio, onde bem estava. Talvez quisesse deixar o piquenique naquela floresta e não trazê-lo à tona. Talvez quisesse deixar tudo aquilo no silêncio.

     E Ray estava confuso, mas sem o direito. Era ele quem não queria nada. Era ele quem não queria se preocupar com aquelas besteiras.

     Agora, também era ele quem queria falar sobre elas e perguntar se eles iriam simplesmente fingir que nada havia acontecido.

     Então, enquanto Norman explicava as fotos para o professor a apenas alguns passos à sua frente, Ray tinha os olhos muito atentos sobre ele. Sobre a maneira que ele gostava de contar os detalhes e como ele sorria falando dos esquilos que sempre fugiam quando ele apontava a câmera para eles.

     Ray pensava em como tudo tinha acontecido tão rápido e como ele havia se deixado levar tão facilmente em uma semana. Em como agora ele tentava enxergar uma forma de iniciar aquele tipo de conversa com Norman sem receber risadinhas e sem que ele fugisse do assunto.

     Ele odiava ter que admitir e se irritava só de pensar, mas nunca havia experimentado tantas coisas boas com alguém em toda a sua vida. Os beijos de Norman, os toques dele... Até mesmo com aquele jeitinho absurdamente irritante dele, Ray estava se acostumando. Tudo em pouquíssimo tempo.

     Ray nunca foi tão fácil em toda a sua vida. Norman conseguia derrubar suas barreiras com facilidade e Ray se deixava levar todas as vezes, mesmo que ainda negasse.

     — Oi — uma voz feminina surgiu atrás de si e o moreno virou-se imediatamente num sobressalto, deparando-se com a garota de óculos ali, extremamente séria. — Ocupado?

     — Oi, Gilda. Hã... Eu... — ele gesticulou confuso, um pouco desconcertado. Não via a garota desde que a mesma pediu para que não criasse grandes expectativas com Norman.

     E bem... Agora não era um bom momento para vê-la, também.

     — Se não está, podemos conversar? — ela foi direta, ainda mantendo aquela cara fechada e uma sobrancelha arqueada em pura desconfiança. — É sobre o Norman.

     Aquilo fez Ray congelar.

     Ele não queria ouvir mais baboseiras cuspidas para afastá-lo de Norman depois que tudo já tinha sido explicado pelo mesmo. Apenas ficaria ainda mais confuso sobre o que pensar da garota.

call me by your name; norray Onde histórias criam vida. Descubra agora