Capítulo XVIII - Não!

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     Ray descia da mesinha e arrumava o cabelo enquanto Norman encarava Oliver e Zack com um olhar de quem não hesitaria em voar neles ali mesmo caso eles não dessem o fora dali. O Ratri devia saber seu próprio estado também - a camiseta amassada faltando um botão, o cabelo levemente bagunçado, os lábios vermelhos e Ray numa situação parecida ao fundo; tudo aquilo era autoexplicativo -, mas não se importava.

- Ah, entendi... - Zack apenas agarra o pulso de Oliver e se vira lentamente para sair dali. - Vamos, Oliver. E vocês dois, só não esqueçam de passar na nossa mesa antes de saírem da biblioteca.

- Espera! Não! Eu quero saber o que tá acontecendo! - Oliver estende um braço na direção de Norman enquanto Zack lhe arrasta pelo outro. O Ratri solta um suspiro cansado.

- Depois você pede para te contarem. Agora não é uma boa hora.

Ele respondeu e saiu andando, puxando Oliver - que não insistiu mais - consigo. Norman finalmente suspirou aliviado e fechou a porta, voltando a olhar para Ray que, de longe, tentava arrumar o cabelo com a ajuda do vidro refletivo da janelinha da porta. Norman pôs as mãos no bolso e caminhou em passos curtos até o garoto, e quando Ray notou, começou a recuar a cada passo que ele dava. "Deus, lá vem ele." Em um momento, acabou se batendo na mesinha de madeira e Norman aproveitou a chance para prensá-lo ali, com as mãos apoiadas na mesa e os braços prendendo-o dos lados de sua cintura.

- Ah... - Ray murmura, ainda com as mãos entre os próprios fios de cabelo, franzindo o cenho quando vê o rosto de Norman chegando mais perto. - Pra quê isso...

Norman sela os lábios do garoto rapidamente.

- Desculpa. - ele sussurra. - Acho que gostei de fazer isso.

- Norman... - ele recebe outro selinho. - Es... - e outro. - pera... - e mais um. - me deixa... Hhmpf!

Então, Norman o beija de fato. Ray agarra o rosto do rapaz quando seus lábios são pressionados por aqueles macios e vermelhos novamente, tentando manter um ritmo lento. Merda!

Em dado momento, Ray consegue afastar os lábios do rapaz usando a força restante em seus braços para olhar nos olhos dele.

- Oliver e Zack...? - ele franze as sombrancelhas e olha para a porta fechada, curioso sobre o que eles queriam.

- Só pediram pra passarmos na mesa deles antes de sairmos da biblioteca. - responde, inclinando o rosto para o pescoço de Ray e distribuindo beijos por ali.

Ray cravou os dedos entre os fios do cabelo de Norman, sem puxar, apenas apertando com pouca força. Ele mantinha os olhos fechados e as sombrancelhas franzidas, apenas aproveitando o momento. Nenhuma culpa ou arrependimento pesava em sua mente enquanto seus olhos ainda estavam fechados, mas sabia que quando saíssem dali, ele não saberia de que modo agir perto do garoto. Norman lhe pegou de surpresa duas vezes e Ray nem conseguia imaginar qual seria o próximo passo do rapaz. Era irritante ter que admitir, mas Ray sabia que não devia ter baixado a guarda em nenhum momento.

Ele não esperava que o jogo fosse começar assim... Mas não estava nada mal. Só não tinha percebido ainda que havia perdido o foco e esquecido o próprio objetivo. Humilhar o Ratri seria um ato egoísta depois de toda a merda que aconteceu e ajuda que o rapaz lhe deu, então Ray tinha que pagar essa dívida o mais rápido possível para poder continuar sem se culpar por ter sido egoísta. Era assim que as coisas funcionavam em sua cabeça.

- Norman... - ele murmura, o garoto ainda em seu pescoço. Ray sentia a respiração quente do rapaz em sua pele, a ponta de seu nariz traçando linhas por toda a extensão. - ... O que posso fazer para que fiquemos quites?

Ray perguntou com certa timidez, mas não tinha outra opção. Não sabia como agradecer a ajuda.

Norman levantou o rosto e tombou a cabeça para o lado, confuso, mirando seus olhos brilhantes em direção às orbes escuras do Collins. Era notável seus lábios vermelhos por conta do beijo e as pontas de suas orelhas e bochechas levemente rosadas se destacando na pele alva de um verdadeiro membro da família Ratri. Ray parecia ter despertado e finalmente notado o quão sortudo ele era por ter beijado um jovem tão bonito como aquele, mas Deus, isso era algo que ele não se imaginava nunca admitindo em voz alta.

call me by your name; norray Onde histórias criam vida. Descubra agora