Diga meu nome | Renato Garcia (Concluída)

CAPÍTULO 27

- Por que você está tão sério? - Pergunto receosa.

Jay me encara com as sobrancelhas franzidas e limpa a garganta para poder falar. Ele se aproxima um pouco mais de mim e, para minha surpresa, me abraça.

- O que está acontecendo? - Pergunto confusa.

- Eu estou triste, Jess, é isso que está acontecendo, - ele diz passando a mão pelo meu cabelo.

Eu me afasto dele dele e olho para seu rosto, que me observa com um olhar amoroso e paciente, o que é estranho, porque Jay normalmente não age desse jeito.

- Voce não parecia tão triste quando cheguei aqui.

- Mas eu estava, estava muito triste, e ainda estou. - Jay coloca a mão atrás do pescoço e respira fundo. Isso não pode significar algo bom.

- Então... porque você está triste? Você quer terminar?

# Não, Jess, é claro que não. Nós somos o casal que a escola toda admira. Nós temos problemas? Sim. Nós vamos os resolver? É claro que vamos, não se preocupe.

Jay segura a minha mão e começa a acariciar com o polegar.

Meu coração logo se desacelera e meu corpo fica mais relaxado ao ver que este não vai ser o fim do nosso relacionamento. Mas logo vêm a minha mente, ele não vai terminar comigo porque somos o "casal que toda a escola admira" ou porque ele me ama e está disposto a resolver isso juntos?

-Então, se você não quer terminar, porque está tão triste?

- Não é óbvio? Jess, um homem tem suas necessidades. Por mais que eu queira muito ficar com você, não vou conseguir continuar esse relacionamento sem nem poder tocar você. Eu preciso de mais.

- De mais?

- Sim, - ele passa o dedo pelo meu braço, e seu jeito ignorante e faminto faz eu me sentir enojada.

- Jay... - tiro a mão dele do meu braço. - Então você está dizendo que, se nós não transarmos, você vai terminar comigo?

Jay me olha confuso, ainda raciocinando sobre o que eu falei.

- Basicamente, - ele diz na maior normalidade.

Que grande babaca. Uma simples palavra acabou de mudar todo o conceito que eu tinha sobre ele, e agora, apenas de olhar para ele tenho vontade de sair correndo.

- Basicamente? - Repito, em conflito comigo mesma, tentando me convencer de que ouvi errado e que ele não é esse tipo de cara.

- Você quer que eu te explique de novo? - Ele diz como se eu fosse idiota e não tivesse entendido.

- Me explicar de novo? - Grito. - O que você acha que eu sou? Uma idiota? Um brinquedo? Um lugar pra você enfiar seu pau quando quiser?

Eu me levanto e o olho com raiva nos olhos, perplexa.

- Não, Jess, você está entendendo tudo errado, - ele segura a minha mão, mas eu a afasto.

- Estou é? Então eu entendi errado que você não se importa nenhum pouco comigo, e que só está comigo por causa do status que você ganha? E que você só está me aguentando porque ainda tem esperanças de que nós ainda vamos transar? - Falo, tão alto que minha voz sai rouca.

Jay fica calado. Estar certa sobre algo nunca doeu tanto como agora.

Balanço a cabeça. Tento organizar meus pensamentos para não enlouquecer tão cedo no dia de hoje. Cubro meu rosto com as minhas mãos para esconder as lágrimas que Jay definitivamente não merece. 

- Jess, por favor, não é bem assim, você sabe que eu te amo. Por favor, nós nos amamos, - ele coloca a mão no meu braço e tenta me puxar para perto.

- Não encoste em mim, Jay. - Dou um passo para trás em busca de distância dele e de mais ar fresco.

Como pude ser tão idiota?

- Sabe qual é a parte mais triste de tudo isso, Jay? Que eu não fui a única para quem você mentiu. Eu sei que você fala para os seus amigos que nós transamos frequentemente. Sei que você tem vergonha de mim. - Minha voz sai baixa. Nem consigo sentir raiva dele, acho que no fundo eu já esperava que isso fosse acontecer, mas não esperava que fosse desse jeito. Ou por este motivo.

- Eu não tenho vergonha de você Jess, você quer que eu falo para eles que nós nunca fizemos? Eu conto, eu prometo, - ele diz quase implorando. - E aquilo foi no calor do momento, só saiu, eu não quis te magoar. Por favor Jess, nós não podemos terminar, vamos resolver isso. Eu conserto tudo, eu conto a verdade para eles.

- Isso é lindo Jay, o que você diz que vai fazer por mim, - rio, mas ainda com lágrimas nas minhas bochechas. - Que vai sacrificar sua "fama" por mim. Que pena que as suas palavras também são uma grande mentira, assim como nosso relacionamento.

Não espero ele responder, até porque não há mais nada que ele possa fazer que me faria voltar com ele ou desculpa-lo. Me viro de costas e tomo rumo para minha próxima aula, já devo estar atrasada, e não quero perder mais tempo com ele.

Nós dois destruímos essa relação. Nós não éramos feitos um para o outro. Eu honestamente achei que iria durar mais, achei que duraria para o resto de nossas vidas, mas também achei que ele me amaria, e eu obviamente estava errada.

Não posso dizer que eu não o amei, porque amei sim. Pelo menos eu o amava, mas talvez isso tenha mudado, e foi antes que ambos de nós percebemos.

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