CAPÍTULO 47

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Jess

Depois da estranha visita que eu fiz na casa do Garcia, volto para casa e vou direto tomo um banho.

O dia de hoje não havia sido nenhum pouco fácil. Até agora, esse foi provavelmente o dia mais estressante do ano, e por causa do Garcia, estou com medo que eu tenha mais dias parecidos com este, porque querendo ou não, ficar perto dele é pura adrenalina, não importa o que estamos fazendo.

Quando saio do banho, visto uma roupa e vou para a cozinha fazer alguma coisa pra comer. Meus pais logo estarão em casa, mas estou tão faminta que não acho que vou conseguir aguentar esperar eles chegarem para comermos todos juntos.

Preparo um sanduíche rápido e o como sem pressa. Enquanto isso, mexo no celular tentando me distrair dos pensamentos que não saem da minha cabeça.

Quando estávamos transando, Garcia olhou para mim de relance, mas virou o rosto rapidamente. E mesmo que ele tenha me encarado por apenas um segundo, me pareceu uma década. A cada vez que ele me olha meu coração começar a acelerar cada vez mais rápido.

Não consigo me controlar quando ele me encara, e isso me deixa furiosa. O poder que ele consegue ter sobre mim me deixa furiosa. E o pior de tudo é que ele não faz nenhum esforço para ter essa atenção de mim. Ele literalmente não se importa, me trata como trata qualquer outra pessoa, e isso é inquietante.

Não quero que ele me veja como qualquer outra pessoa.

Estou quase subindo as escadas novamente quando ouço meus pais chegando em casa. Ao entrarem em casa, meu pai me fala "oi" cansado e logo sobe as escadas. Ele mal chega em casa e já começa a retirar a gravata, provavelmente o dia não havia pegado leve com ele hoje.

Ao contrário do meu pai, minha mãe deixa sua bolsa em cima do aparador e vem até a cozinha onde eu estou.

- Oi, Jess. - Ela me dá um beijo na testa e vai até a geladeira pegar um copo de água. Como eu estou mastigando, apenas aceno com a cabeça como resposta.

- Como foi seu dia? Está cansada? - Ela pergunta, se sentando no banco na minha frente.

- Estou. Na verdade só vim comer antes de me deitar um pouco antes do jantar, - respondo.

Minha mãe assente com a cabeça e começa a me observar a morder o último pedaço do meu sanduíche. Quando a vejo com aqueles olhos verdes brilhantes me encarando com olhar de curiosa, já sei que tem algo que ela quer me falar ou saber.

- O que foi mãe? - Pergunto limpando a boca das migalhas de pão.

Ela faz de desentendida por um segundo, mas logo toma a palavra para dizer o que quer que seja que ela está pensando.

- Não é nada não, eu só queria te agradecer por tentar fazer amizade com o Renato, eu sei que vocês nunca foram tão amigos quando eram mais novos, não creio que esteja sendo a coisa mais fácil do mundo, - ela diz.

- Está tudo bem, eu iria ter que começar a falar com ele em alguma hora. É difícil ficar longe de alguém quando você o vê praticamente todos os dias da semana.

- Já era de se esperar que vocês iriam ficar mais próximos, mas mesmo mesmo assim, obrigada por fazer isso filha, isso vai ser maravilhoso em varias maneiras.

Já conheço minha mãe o suficiente para saber que ela estava falando de trabalho e contratos, ou de qualquer outra coisa que for o sinônimo disso.

Não é que minha mãe não se preocupe com o que eu faça ou com quem eu me relacione, mas ela é meu pai são pessoas muito ocupadas e preocupadas com coisas maiores do que se formar na escola ou faculdade. E além do mais, sei que sempre terei o apoio deles em qualquer coisa que eu faça, seja de relacionamentos ou de atos, contanto que seja seguro.

- Sim, isso é muito bom, eu acho, - concordo, ainda sem ter certeza.

- Sim, mas Jess, cá entre nós, não deve ter sido tão difícil assim, né?! Seja sincera.

- O que não foi tão difícil, mãe?

- Ah, por favor, ele está tão bonito, mudou tanto. E com certeza esta mais educado, menos bagunceiro ou mal humorado. Não foi nenhum sacrifício a ser feito.

Ela fala com tanta certeza que eu quase tenho vontade de rir. Se minha mãe conhecesse Garcia do jeito que eu conheço, com certeza não estaria falando essas coisas.

- Disso eu não sei, mas é melhor não dizer nada, - respondo rindo.

- O que foi? Você não acha ele bonito ou que melhorou desde a última vez que o vimos?

Olho para ela de lado sem saber exatamente o que dizer. Não costumo falar de homens com minha mãe. Mesmo que ela seja praticamente uma melhor amiga para mim, isso ainda é muito estranho.

Minha mãe percebe que excitei ao responder e já me olha com um sorriso.

- Então você tem uma queda no vizinho?

Olho para ela como se ela tivesse falado a coisa mais sem sentido possível, mesmo que a este ponto eu não tenha mais ideia de nada.

- O que fez você achar isso? Eu só acho que ele é bem menos insuportável do que antes, mas mesmo assim não facilita tanto a minha vida, - respondo.

- Tudo bem, vou fingir que acredito em você,

- Mãe! Pare com isso, eu acabei de sair de um relacionamento, não quero algo sério com ninguém agora, e você sabe, - aponto para ela, que não acredita em uma palavra do que eu digo.

- Tudo bem, já que você diz. Mas só estou dizendo, vocês fariam um belo casal.

Minha mãe pega uma fruta e a lava, então começa a subir as escadas.

- Ah, quase me esqueci, - ela diz, chamando a minha atenção. - Esse fim de semana eles vão jantar aqui. Com sorte vamos fechar o contrato, então por favor, continue fingindo que você só gosta dele como amigo.

Eu olho para ela com os olhos arregalados, e estou prestes a responder ao seu comentário errôneo quando ela acelera o passo e entra no seu quarto.

Sei que as mães tem um superpoder para lerem os pensamentos dos filhos ou até do clima, mas desta vez ela não acertou em cheio. Como eu já disse antes, meu corpo é a única coisa que se atraí a Garcia, nada mais, sem sentimentos ou terceiras e quartas intenções. E se ela estiver falando especificamente disto, talvez esteja certa, talvez eu tenha uma queda nele, mas nada mais.

Subo para o meu quarto e olho pela janela. As cortinas do quarto dele já estão fechadas. Não... ela não pode estar certa, eu não gosto do menino do outro lado da rua.

Fecho a minha cortina e me deito na cama. Depois da conversa estranha que tive com a minha mãe até perdi o sono, o que é horrível, porque eu realmente estava animada para dormir. Os pensamentos estão de volta.

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Diga meu nome | Renato Garcia (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora