CAPÍTULO 77

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Jess

Quando chego em casa, vejo meus pais me encarando de maneira agressiva, como se fossem me bater a qualquer momento. Mas não dou muita importância para eles. Nada iria melhorar de qualquer jeito, mesmo se eu me importasse com a expressão de ira deles.

Começo a subir as escadas os ignorando, como se nenhum dos dois estivesse me olhando tão feio que me faz querer morrer agora.

- Jessica, volte aqui, não finja que não nos viu, - meu pai chama, indo logo atrás de mim.

Continuo em silêncio, subindo as escadas. Minha mãe não vem atrás de mim, ela fica quieta apenas observando meu pai se aproximando de mim. Ela fica quieta do mesmo jeito que ficou no jantar que eu e o Garcia fomos proibidos de namorar.

Não acho que minha mãe é a favor disso, porque sei quando ela não está feliz com a situação, mas também sei que ela não é contra.

- Onde você passou o dia? - Meu pai pergunta, me puxando pelo braço.

Sendo obrigada, acabo me virando para ele. O olho com os lábios cerrados e o rosto com puro ódio, mas logo sinto à vontade de chorar se aproximando de mim.

- Onde mais eu teria passado? Na escola, não é óbvio? - Minto.

- Eu liguei para a escola e me disseram que você só compareceu nas primeiras aulas. Não minta pra mim, onde você estava? Estava com o Renato?

Eu reviro os olhos. Um sorriso de amargura transparece em meus lábios.

- Se você estivesse lá, iria ter visto que me tranquei no banheiro feminino durante o dia inteiro porque não conseguia parar de chorar por causa das coisas estúpidas que meus pais estão dizendo para mim, - grito e me viro com pressa para continuar subindo as escadas, porque agora eu realmente estou chorando.

- Não vire as costas para mim, estou conversando com você!

O ignoro novamente e vou para o meu quarto batendo à porta com força. Sei que ele tinha um discurso preparado em sua mente, mas não me daria o trabalho de continuar ali parada apenas para escutar o que fosse que ele tinha para dizer. 

Conforme os dias foram passando, a situação foi piorando cada vez mais. Meu pai não parava de pegar no meu pé sobre Garcia e sobre as vezes faltar aula, e sempre dizia que iria me mudar de escola, mas esse plano nunca daria certo, já que já estamos no final do ano letivo e que é impossível mudar de escola agora. Nunca o ouvi dizer que nós mudaríamos de casa, até porque esse plano também não iria prestar nunca, porque eu e o Garcia ainda estamos tendo a relação apenas escolar de antes. A única coisa que mudou é que nós não podemos ir para a casa do outro em nenhuma ocasião. Seja para "fazer trabalho" ou para simplesmente nos encontrarmos.

Como nossos pais estavam ligando praticamente todos os dias para a escola para saber se estávamos matando aula para ficarmos juntos, decidimos que essa coisa de sair escondido da escola também não ia funcionar, então nós apenas nos encontrávamos nos horários vagos que tínhamos, e as vezes ficávamos um tempo depois da aula juntos e culpávamos os inúmeros trabalhos que tínhamos que fazer como desculpa para voltar para escola tarde, ou que eu tinha que ficar para os treinos das líderes de torcida, que eu já havia saído séculos atrás. Vários jogos já haviam acontecido desde então, mas eu não participei de nenhum.

Tirando as brigas massivas que eu e Garcia tínhamos com as nossas famílias, tudo ia bem, mas sentia que aquele era o último ano que eu teria junto de Garcia, porque sabia que logo depois nós dois iríamos ir para a faculdade diferentes ou iríamos mudar de casa e nunca mais iríamos nos ver novamente.

Diga meu nome | Renato Garcia (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora