1. NOVO VILAREJO

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OITOCENTOS ANOS DEPOIS DE CRISTO

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OITOCENTOS ANOS DEPOIS DE CRISTO



A neve já havia se prendido ao chão graças a nevasca que havia assolado o sul da Itália, e Aiyra praguejava baixo cada vez que quase caia quando as botas se afundavam. Junto de seus pais carregava as trouxas de roupas para a mudança para o novo vilarejo. Um animal havia atacado a antiga vila que moravam e não havia restado nada além deles e de corpos mortos empilhados com várias deformações e arranhões profundos. Histórias haviam se espalhado, apostavam que fossem apenas lobos comuns, mas talvez lobos comuns não fossem capaz de fazer estragos tão grandes, pelo menos não para Aiyra Tala. 

— É sério que acham mesmo que aquilo foram lobos que fizeram?  — indagou ainda encucada com a chacina. Ver os corpos mutilados não saiam de sua cabeça e se agradecia mentalmente por ter resolvido ir caçar animais para janta ao lado dos pais, se não fosse por essa decisão, poderia estar entre aquela pilha de corpos que o padre e seus fiéis foram recolher.

— Você faz muito bem a ideia do que os lobos famintos são capazes de fazer ao encontrar uma presa, Aiyra  — seu pai respondeu lhe dando um olhar de calma. Desde pequeno estava acostumado com ataques como aquele, não em tão grande proporção, mas o suficiente para aprender a se defender de um lobo. Diferente dos homens que gostavam de subestimar as mulheres, ele preferiu ensinar sua esposa e logo sua filha a caçar. Diria até mesmo que Aiyra havia se tornado uma caçadora melhor que ele. 

— Graças ao senhor, sim eu sei. Mas, lobos pequenos da floresta não são capazes de destruir um vilarejo inteiro. Teriam outros homens e até mesmo mulheres ali que saberiam matá-los, que os afugentariam. Aquilo estava claro que era algo maior e perigoso, meu pai  — insistiu. 

Aiyra estava acostumada a se sentar na fogueira feito pelos mais velhos e escutar as lendas que se passaram de geração em geração. Algo dentro de si dizia que aquilo era verdade, que nunca havia deixado de existir, mas isso fazia com que jovens rapazes e moças se afastassem dela por sua forte crença em história de velhos ali que já deveriam estar loucos. 

— O que acha que seja?  —  seu pai questionou se dando por vencido, mesmo que ela pudesse ver em sua expressão que nada que dissesse ele acreditaria. 

— Leões da montanha ou ursos?  — Alira, sua mãe lhe deu uma sugestão para que acabasse com o assunto insignificante a medida que já avistavam as pequenas casas em meio a outra chuva de neve que começava. 

Aiyra reprimiu os lábios receosa, pensando e repensando se deveria dizer aquilo aos seus pais, até que as palavras saltaram de sua boca. 

— Os frios.  

Alira e Tala pararam ao meio do caminho e encararam com a filha com a expressão assustada que dizia indiretamente que estava louca.

— Os bebedores de sangue foram expulsos da Itália pelo padre Antonio e seus fiéis, não há mais o que temer. Eles não são páreos para o poder divino de Deus. A igreja os exterminou — seu pai disse de forma convincente para encerasse o assunto falhamente. 

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