23. EPÍLOGO - ANO DE 2012

942 71 10
                                    

1939 — ESTADOS UNIDOS

AIYRA TALA

OS GRITOS dos humanos eram ensurdecedor para mim, gritavam por partes dos seus corpos que estavam machucados. Eu auxiliava da melhor forma, cuidava deles e dos seus ferimentos. Era triste e deplorável o estado em que estão.

— Você precisa beber isto para que não sinta dor, não seja teimoso. Estou fazendo meu trabalho, logo o médico irá aparecer — falei entregando a garrafa de whisky para o soldado. Ele bebeu a garrafa inteira em grandes goleadas e me entregou vazia.

— Aquele desgraçado me deu um tiro na perna, essa merda dói e arde como o inferno.

— Eu sinto muito, é uma guerra triste para seu povo — sussurrei estacando seu sangue — Vocês deveriam parar de ficar criando guerras.

— Por que você fala como se não fosse americana? Não, espera... por que você tem esse sotaque tão forte e estranho?

É o sotaque de alguém que falava latim medieval como sua língua natal, e infelizmente não consigo deixar o sotaque nem mesmo falando outras línguas, o que me deixa com falas um tanto fortes.

— Eu venho da Itália, agora se mantenha quieto.

O vento entrou pela tenda trazendo o aroma que queimou meu nariz, e minha audição captou imediatamente a voz da criatura da noite que se aproximava. Um rosnado perigoso tremeu no meu peito, e o soldado me olhou assustado.

— Você rosnou como um animal — disse me olhando de cima a baixo,e o encarei irritada.

— Cale-se e espere, ou irei quebrar seu pescoço. Sua família nem sequer irá chorar sua morte.

O homem piscou atordoado, e voltou a se deitar sussurrando que está bêbado demais. A criatura de mármore entrou na tenda com os olhos brilhantes em dourado. Ele me olhou de cima a baixo, pareceu espantado por me ver ali, era como se já me conhecesse.

— Quem é você? — perguntei entredentes.

— Sou Carlisle Cullen, o doutor. Me formei na Itália — disse simpático.

— Por favor, criança. Você sabe do que realmente estou perguntando. Espero que não esteja aqui se aproveitando para seifar vidas, isso seria ainda mais cruel para sua espécie.

Ele se aproximou, e exibi minhas presas para ele que o fez voltar para trás. Olhei para o soldado que estava totalmente tonto, sem chances de presenciar aquilo de forma coerente.

— Aiyra Tala, eu conheço você, Demetri me contou sobre você.

Minha expressão de perigo se desfez. Demetri? A quanto tempo eu não escuto esse nome. Eu não sei o que aconteceu com ele, mas ainda o sinto vivo através de nossa ligação. A cada lua azul que se passou, eu sofria por ele, por sua falta. Meu companheiro. Olhei tristemente para o anel, mas balancei a cabeça para afastar esses pensamentos.

— Você era um Volturi? — arquei a sobrancelha.

— Sim, fui um. Mas eu saí do clã por não termos os mesmos pensamentos. Aro costumava mandar Demetri andar com um humano sangrando enquanto eu estudava para testar meu autocontrole.

𝕽𝖎𝖘𝖎𝖓𝖌 𝕾𝖚𝖓 || 𝕯𝖊𝖒𝖊𝖙𝖗𝖎 𝖁𝖔𝖑𝖙𝖚𝖗𝖎Onde histórias criam vida. Descubra agora