15. LUA AZUL

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AIYRA TALA

UMA SEMANA DEPOIS

O tempo passou mais rápido do que eu esperava, finalmente chegamos ao evento da Lua Azul que encerra o ciclo das luas cheias. Só irei voltar a me tornar uma fera descontrolada com a chegada do verão. Ariesla hoje não me parecia tão contente como nos outros dias. Enquanto para mim a lua azul é importante para saber se Demetri e eu somos companheiros, para outros é um verdadeiro inferno.

- Como está se sentindo hoje? - perguntei, observando Ariesla que terminava de costurar um novo vestido para a chegada do Natal. Além de ser um marco para os cristãos, para pessoas como eu é um sinal que logo chegaremos a uma nova época junto com o sol.

- É mais uma Lua que terei que me sentir presa a saudade do meu companheiro - sussurrou dando de ombros. Me sentei perto dela e apoiei nos seus joelhos.

- Você nunca me contou muito sobre isso - pisquei com os olhinhos brilhantes só para convencê-la a contar. Ela me olhou e riu pelo nariz.

- Caius Volturi e eu sempre tivemos uma ligação desde quando eu era bruxa, afinal, todos nós temos companheiros independente da espécie. Mas Trix o viu primeiro e sempre foi apaixonada por ele, eu não queria magoar minha irmã. Quando me tornei lobisomem, isso só se tornou mais evidente e eu não o rejeitei como meu companheiro, o que piorou a situação.

- Mas agora Félix está cortejando sua irmã.

- E Caius pensa que eu estou desaparecida há anos, talvez até mesmo morta. Além de que agora eu sou uma lobisomem, ele caçou nossa espécie e matou minha matilha. Tem todo um ressentimento por trás, apesar dos sentimentos.

- Eu entendo você, entendo de verdade. Se eu descobrisse que Demetri também caçou minha espécie e os matou, e estivesse mentindo esse tempo todo pra mim, eu o deixaria no mesmo instante e ele nunca mais me veria.

Ariesla piscou rapidamente e parou sua costura.

- Você faria isso mesmo? - arqueou a sobrancelha e assenti.

- Não estamos falando sobre pequenas mentirinhas, estamos falando sobre mentira sobre vidas. Eu não aceitaria por mais que gostasse dele. É uma matilha e todo um povo morto por ego e medo.

- Você tem razão, querida.

Meu nariz captou perfeitamente o aroma de Demetri se aproximando e meus ouvidos o seu passo rápido, até ele bater na porta. Sorri para Ariesla, e me levantei para abrir a porta. Antes que eu pudesse dizer algo, ele me abraçou e me tirou do chão. Soltei um gritinho fino quando ele me rodou.

- Tudo isso é saudade? Você me viu ontem - sussurrei tocando seu rosto e ele fechou os olhos com o gesto.

- Sim, muita saudade - murmurou. Abaixei a cabeça e o beijei. Era como se eu tivesse passado tempos sem beijá-lo. Eu sempre sentiria falta - Tenho que te levar a um lugar. Você vai gostar. A propósito, Olá Ariesla.

- Olá Demetri - acenou.

- Eu vou roubá-la por hoje - apontou pra mim.

- Fique a vontade - riu.

Demetri segurou minha mão e a levou até a boca, beijando as costas sem tirar os olhos do meu. Suspirei extasiada e deixei ele me levar pra onde quer. Acabamos entrando no vilarejo que fica perto de Volterra. As pessoas que nos viam passando, nos encaravam e olhavam direto para nossas mãos dadas, os olhares deles deixavam bem claro suas opiniões. Eles não me achavam boa o suficiente considerando as roupas mais nobres de Demetri comparadas as minhas, o que não é algo que eu ligo. Mas ainda sim, da onde ele tira essas roupas?

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