5. UM VAMPIRO

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AIYRA TALA

Minha cabeça ardia como fogo enquanto eu lutava arduamente contra a minha fera para prendê-la de volta em meu inconsciente, mas doía e cansava. Eu me sentia exausta, e podia sentir meu corpo já suado a medida que voltava a forma humana e meu corpo despencou. Meu corpo caiu sobre a terra firme, e ofeguei cansada. Respirei fundo e senti um cheiro doce enjoativo irritar meu nariz. Levantei a cabeça me deparando com um homem em minha frente. Ele trajava vestes dignas de um lorde da realeza, o cabelo loiro escuro em uma franja. Mas o que me alarmou não foi apenas um homem desconhecido me vendo apenas com trapos do que sobrou das minhas roupas, mas sim a sua pele pálida e os olhos carmesim que corriam por cada parte de mim. Um vampiro, um frio. Meus olhos se encontraram com os deles como imã, senti uma conexão entre nós, como uma linha tênue. Fui tirada dos meus devaneios quando ele ousou dar um passo a frente, e um rosnado animalesco saiu da minha garganta. Arregalei os olhos me surpreendendo, e ele também parecia assim. E eu senti a minha pele mais quente que um humano comum, não era algo tão exagerado, mas perceptível. Meus olhos captaram pequenas formigas que faziam uma trilha ao chão, meus ouvidos podiam ouvir de longe risada de crianças vindo de longe. Era algo surreal e magnífico. Como uma criatura demoníaca é capaz de ser abençoado com tais habilidades tão divinas?

 — Me surpreende ver que sua espécie horrenda e intrigante é de certa forma humana — sussurrou, mas ouvi como se ele tivesse falado em voz alta. Ele deu um passo a frente, e rosnei me levantando rápido demais para olhos humanos, e tentei ainda que inutilmente cobrir meu corpo.

 — Eu sei bem o que você é, um vampiro. Fique longe de mim se não quiser ter o seu corpo estraçalhado  — ameacei, mas por instinto. Não sei ainda como me transformar em luz do dia, e estou longe de aprender, por mais que ainda tenha força para me defender em forma humana.

Olhei para os lados tentando reconhecer a onde estou, mas me parece bem longe de onde estava com Ariesla e os outros na trilha. Não havia sinais deles por ali. Minha mente me levou as lembranças da alfa contando sobre os vampiros Volturi, que estão nós caçando. Olhei para o vampiro desconfiada, e já rosnava novamente pra ele que revirou os olhos.

 — Eu só quero te ajudar, não esperava que fosse uma mulher. E andar por aí nua não será bom pra você. A sociedade nunca aprovou muito isso  — disse tranquilamente, mas eu sei que frios gostam se seduzir mulheres bonitas e eu não serei uma delas.

 — Me ajudar a troco de quê?  — arquei a sobrancelha pra ele. Ele levantou as mãos em rendição, e retirou seu manto estendendo pra mim. Mesmo que desconfiada, nem hesitei em aceitar para me cobrir rapidamente, e por trás de todo aquele cheiro irritante, havia um toque de canela que me agradava.

 — Talvez para te agradecer por ter voltado a forma humana antes que me matasse em forma de fera — disse de modo grosseiro, e foi a minha vez de revirar os olhos.

—  Você é tão antipático assim?!  — semicerrei os olhos pra ele.

— Você é tão chata assim?! —  rebateu.

O olhei boquiaberta com tamanha ousadia, e virei as costas saindo andando como se ele não estivesse parado olhando cada passo que eu dava. Mas essa questão foi deixada de lado, quando fui bombardeada pela estranha sensação de poder ouvir e ver melhor, eu não tinha controle, simplesmente via e ouvia melhor. Não conseguia controlar, e isso me fez ranger os dentes de raiva. Ainda sim, preciso me controlar. Eu posso usar essas novas habilidades para tentar encontrar minha manada.

Senti a presença se aproximando de mim em velocidade anormal, e ele rapidamente entrou na minha frente e ofeguei surpresa. Maldito vampiro e toda sua espécie. 

𝕽𝖎𝖘𝖎𝖓𝖌 𝕾𝖚𝖓 || 𝕯𝖊𝖒𝖊𝖙𝖗𝖎 𝖁𝖔𝖑𝖙𝖚𝖗𝖎Onde histórias criam vida. Descubra agora