2- 10 Coisas Que Eu sei Que o Luan Adora

548 55 15
                                    

Acho que já fazia meia hora que eu tinha chegado em casa, minha irmã ainda não havia chegado porque a chuva caía descontroladamente, depois que eu me troquei e organizei minhas coisas, fiquei olhando para uma foto do Luan Fernando no Instagram, ele estava com dois amigos e uma menina, que eu nunca havia visto com ele na minha vida, será que era só amiga ou namorada? Ai, Ísis, desse jeito você vai ter que concordar vom a Priscila; tá neurótica demais!

Não queria ter que ficar me perguntando essas coisas. Não queria mais ver aquela foto por outros 10 minutos, queria voltar a vê- lo pessoalmente. Parece que quando alguém joga algo na sua cara o sentimento aflora de vez e começa a parecer impossível reprimi- lo.

Mais uma coisa que era culpa da Priscila. Ela mandava muito bem nesses negócios de relacionamento, detectava de longe se alguém tava ou não apaixonado por alguém. Isso era terrível.

Decidi que eu precisava de uma lista para facilitar alguma coisa com o Luan Fernando, aquele garoto, de tão grosso havia conquistado- me, eu gostava do jeito dele, porque era o tipo de garoto que nunca gostaria de mim, não éramos tão opostos, mas não combinávamos, eu era simpática e não podia ver alguém precisando de ajuda, eu tinha que ajudar. O Luan era desligado, chato, puxa- saco, e para ele pessoas que não tinham objetivo nenhum na vida dele podiam estar se afogando e ele não ajudava. Mas o problema é esse, como você vai saber se as pessoas tem ou não objetivo na sua vida? Prefiro ajudar todas do quê ficar me fazendo essas perguntinhas sem resposta. Eu detestava perguntas que eu não podia responder e tinha vergonha de perguntar.

Deixei o celular de lado e peguei meu bloco de anotações e uma caneta.
10 Coisas Que Eu sei Que o Luan Adora
*Rock
*Café
*Livro de romance
*Literatura avançada
*Cabelo louro
*Garotas
*Videogame
*Xadrez
*RPG
*Star Wars

Ele era um nerd assumido, e era simplesmente perfeito assim.

Uma vez li um artigo que dizia que os nerds eram mais propícios para relacionamentos sérios, por isso eram tão rejeitados pelas garotas mais modernas, que reservavam seu tempo para relacionamentos mais rápidos, o tipo "ficar", mas eu, apesar de ser moderna - isso eu assumo - continuava preferindo os nerds. O artigo também dizia que os nerds eram mais românticos, por gostarem tanto de literatura, eles aprendiam muito sobre amor com ela. E eu realmente procurava alguém romântico que estivesse disposto à um relacionamento sério.

Ouvi batidas na porta. Queria realmente que fosse meu irmão ou minha mãe.

- Ísis, sou eu, a Pri. Precisamos conversar.

Droga. Deixei a lista sobre a cama e abri a porta, revirando os olhos claramente para que ela visse.

Me sentei na cama e ela ao meu lado.

- Desculpa te chantagear, Ísis. Eu tava arrumando uma desculpa na hora para você não falar pra mamãe. Me perdoa? Eu prometo que paro de falar com ele se você não quiser...

Não respondi. Ela levantou para sair. Devia estar decepcionada com a própria persuasão.

Mas eu tinha que perdoá- la. Droga, ela era era minha irmã!

- Qual o nome dele?

Ela sorriu.

- Lucas. E ele é tão lindo! Você precisa ver! Ele é louro e... Espera... O quê é isso?- Ela pegou meu bloco de anotações de cima da cama, se sentando novamente. - Então você gosta mesmo dele?- Ela disse toda animada.- Nossa, ele é tão nerd... Quer uma dica? Seja muito simpática, grudenta em excesso, fale dos assuntos que ele gosta e ria das piadas nerds dele. Ele vai estar nas suas mãos em uma semana, no máximo!

- Obrigada pelos conselhos, mas... Mas me fala do Lucas!? E olha só, eu não vou interferir na sua vida, só se ele pedir fotos, não seja idiota de mandar, e se pedir encontro, só vá se levar mais de duas amigas junto, inclusive eu, okay?

- Lógico, mana. Eu não sou burra!

Ficamos conversando horas sobre nossos garotos dos sonhos, ela me deu conselhos, eu sugeri possíveis conversas para os dois e nós éramos melhores amigas como sempre. Senti que irmãs nunca deveriam se separar, em hipótese alguma, pois uma entende a outra como ninguém nunca poderá entender.

- Ah... aí estão as mocinhas... Conversando inocentemente, não é? Como foram as provas?- Minha mãe abrira a porta pela metade e colocara a cabeça para dentro do quarto.

Ela me fez lembrar da prova, e logo senti que podia desabar à qualquer momento, eu havia me esquecido completamente da prova mal sucedida, agora, em forma de pergunta senti o verdadeiro peso da futura nota ruim. Me forcei a ficar normal e falei o mesmo que minha irmã.

- Acho que fui bem.

Minha mãe sorriu e fechou a porta, me deixando com a consciência ainda mais pesada. Ela confiava em mim, e eu estava me aproveitando de sua confiança. Era melhor deixar isso para lá e focar na prova do dia seguinte.

- Então... Quer estudar para as provas de amanhã?- Minha irmã perguntou sorrindo.

- Sozinha...- Sorrimos uma para a outra. E ela percebeu a deixa, saindo do quarto graciosamente, como eu não conseguiria fazer. O tipo de coisa que me causava inveja nela.

Não sei que tipo de inveja as pessoas imaginam quando eu digo isso, mas é a melhor inveja possível, não é uma cobiça, como se eu fosse capaz de tudo para fazer e ter igual, é uma espécie de vontade de se parecer um pouco com aquilo, mas eu não seria capaz de tudo pra ter ou fazer igual nem desejo mal às pessoas que tem ou fazem, apenas sinto uma raiva momentânea por não ser parecida.

Precisava de estratégias para o dia seguinte encantar o Luan e perguntar sobre aquela garota da foto.

Eu podia começar com uma simples conversa sobre literatura romântica e tentar enganchar alguma coisa sobre namoradas e no fim acabar com o seguinte comentário "engraçado como tudo sempre termina com o casal que se gosta namorando. Não é assim... Eu por exemplo, não namoro com ninguém... E você, Lu, namora?". Acho que já tinha uma boa conversa em mente, precisava mais era estudar Biologia, não queria correr o perigo de tirar nota ruim em outra prova.

E juro que era isso que eu iria fazer se meu irmão não tivesse entrado no meu quarto.

- Ísis, preciso de ajuda. Eu não queria pedir para a Pri, mesmo sabendo que ela é ótima nisso, porque sabia que ela ia me encher de crítica, mas sei que você vai me ajudar.

Suspirei. Aposto que era culpa da Flavinha. Eu ia arrancar os cílios dela se tivesse magoado meu irmão.

- O quê foi?

Ele sentou ao meu lado e desabou no choro.

- A Flavinha...

- O quê essa tonta fez?!

- Ela... ela é...

- Ela é o que?!!

- Casada, Ísis, ela é casada.

Meu choque foi tão grande que não falei palavra, apenas rosnei, soltando minha raiva entre os dentes da frente.
Sim, a menina ia ficar sem cílio nenhum pra contar história.

Livros, Cafés e AmoresOnde histórias criam vida. Descubra agora