Qualquer um pode se sentir péssimo.
Qualquer um pode se sentir a pior pessoa do mundo.
Mas ninguém realmente está tão mal como imagina, ninguém realmente é tão péssimo como acha.
É só uma questão de ver o lado bom das coisas. Isso só não funciona quando o lado bom não existe.
E no meu caso, ele realmente não existe.
Eu me sinto péssima. E estou.
Me sinto a pior pessoa do mundo. E sou.
E o Lucas não está aqui. E a minha irmã e o Luan estão se beijando na sala como se fosse a primeira vez, e minha mãe está brincando com o Matheus e ao mesmo tempo de olho no casalzinho safado na sala, e meu pai está trabalhando, e o meu irmão está estudando. E eu estou no quarto, a ponto de chorar a qualquer momento.
Por quê?
Motivos tolos como antes? Não.
Luan? Never.
Pri? Dessa vez não.
Lucas? Esse mesmo.
*Flasback on*
No fim da festa, quando todos foram embora, inclusive a Priscila e o Luan, Lucas e eu ficamos sozinhos na casa dele com a mãe dele, que por sinal era muito liberal, ela estava ajudando a limpar todo o lixo que a festa havia produzido.
Eu também estava, e o Lucas também.
Só faltava varrer o chão repleto de espumas coloridas, mover o piano de calda para o lugar certo e tirar aquelas tiras de papel colorido das paredes, e enquanto eu fazia isso, ele varria o chão.
Obviamente eu terminei primeiro, e agora deveríamos mover o piano juntos, mas primeiro tinha que esperá- lo terminar a limpeza.
Por isso resolvi tirar a leve camada de poeira que havia sobre as almofadas do sofá, batendo- as com violência.
- Desse jeito não vai sobrar tecido de sofá pra contar a história...- Ele disse meio que em um murmúrio, ri baixinho, já a mãe dele que arranjava sacos de lixo o suficiente para todo o lixo que havia ajuntado gargalhou. Tinha uma risada contagiante, acabamos todos por gargalhar com ela, com vontade.
- É um sofá bonito demais. Não deve durar tanto para acabar com a auto- estima do sofá da minha casa...- Disse. E só depois percebi que havia dito bobagem. O sofá era bonito, mas sofás não tinham alto- estima. Ri por dentro.
- Isso não faz sentido nenhum.- Ele disse soltando uma lufada de risada. O fuzilei estreitando os olhos.- Quer dizer... Okay, esqueça, apenas... Limpe.
Ri disso, parecia bobo mas tudo parecia lindo e engraçado pra mim. Não havia bebido bebida alcoólica, e nem tinha, mas tanto refrigerante não deveria fazer bem pra ninguém.
- Gostou da festa, querida?- A mãe dele se pronunciou, com a voz animada.
- Adorei. Foi uma das melhores!- Disse a verdade. Ela piscou com um olho só e sorriu, olhando instintivamente para o Lucas que à essas horas estava rubro de vergonha.
- Que bom que gostou, Is.- Lucas disse tentando não me encarar, mas eu sabia que ele estava vermelho. Sorri e acabei o trabalho, por isso sentei no sofá. E só aí percebi que haviam duas estátuas de anjos nus virados de costa um de cada lado do sofá, ou seja, para qualquer lado que você olhasse via poupanças de anjos. Estranho.
- Como vocês conseguem sentar aqui quando há dois traseiros de anjos, um de cada lado do sofá?- Perguntei ingênua, pensando que não faria mal perguntar. A mãe dele e Lucas riram. Na verdade gargalharam.
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Livros, Cafés e Amores
Fiksi RemajaÍsis não é a garota mais popular, nem a mais bonita, mas tem um garoto que gosta dela à seus pés, é repleta de amigos, apesar de preferir passar o dia na biblioteca. Certo dia, ao fazer uma de suas visitas diárias à ela para ler, encontra um rapaz...