01- Quando Não Há Nada Melhor Para Fazer do Quê dormir

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Dia normal. Cobertores quentes e agradáveis para o rigoroso frio de inverno de Minas, Lucas do meu lado...

Espera, Lucas do meu lado? Mas eu nem namoro com ele - infelizmente - como é que ele veio parar ao meu lado em uma cama?! A Ísis vai me matar...

Ísis grunhe, provavelmente envolvida em um sono muito pesa... Espera, eu disse Ísis?

É, eu disse.

Estamos em um acampamento, que todo aquele rolo meu, do Lucas, da Marina e etc aconteceu na estação passada, há três meses atrás, lembro que agora eu e Ísis somos super amigas, sou eternamente grata a ela por ter aberto meus olhos para o meu namorado- nem- tão namorado- assim, e que o Lucas está ao meu lado abraçado à namorada porque pegamos a mesma barraca no acampamento por sermos muito amigos mesmo.

Sim, as coisas realmente mudaram.

Decido voltar a dormir, porque é isso que se faz quando não se tem um namorado para beijar assim que acordar, conversar em cochichos e etc, e é isso que se faz quando não há nada melhor para fazer que dormir.

Porém, sei que agora não vou mais conseguir me embrenhar no sono. Acho que vou ter que ficar assim, deitada de costas para o Lucas, abraçando a droga dos cobertores e ouvindo o farfalhar de alguma coisa em meio às folhas do lado de fora. Nossa, será que é um bicho ou o Matheus, o garoto da barraca ao lado, fazendo suas necessidades? Bom, de qualquer forma, não faz muita diferença, ambos tem os mesmos hábitos.

João Victor e Rebeca estão realmente namorando sério, ela até mudou para nossa escola para ficar mais perto dele, os dois até viraram populares depois disso. Digamos que eu não sou muito amiga deles, estão muito bem - graças à Deus! - afastados da nossa barraca, lá do outro lado do mato, afinal, é lá onde ficam as barracas dos populares.

Esse ano, ao invés de fazermos as férias de inverno, a escola decidiu fazer o dito acampamento. Todos se animaram muito, mas ontem, no nosso primeiro dia, muitos já queriam voltar para casa pois os pernilongos nos comeram vivos.

E sim, caso esteja se perguntando, estou namorando. O Fábio. Mas ele ainda não veio para o camping porque teve uma alergia séria à amendoim no fim de semana e vai vir hoje à tarde, se estiver melhor. Espero que esteja, não quero ficar segurando vela para esses dois aqui ao lado. Eles são fofos demais para o meu gosto; beijo pra lá, abraço pra cá... Ou talvez seja só meu recalque e saudade vindo à tona...

Aposto que daqui a algumas horas todas terão de acordar e deixar os cobertores quentinhos para trás, mas não tenho relógio para saber que horas são nem quanto tempo falta...

Alcanço minhas mochilas repletas de roupas ao lado da cama e visto algumas roupas quentes por debaixo dos cobertores, não quero passar frio e tenho medo do Lucas ver alguma coisa ou a Ísis acordar e ter uma impressão errada.

Após devidamente vestida, levanto do colchonete macio e saio pela pequenina porta da barraca. O mato não é um dos lugares mais feios que já vi; tem flores, árvores estranhas de troncos grossos e um rio pequeno perto, onde adoro sentar para admirar. A vista é fantástica. Calço minhas "botas de exploradora!" - esse foi o fabuloso apelido que nosso guia deu às nossas botas de explorador - e saio em rumo à praia.

Ao passar pela barraca dos populares, vejo que todos já acordaram e preparam uma fogueira bem grande no meio de todas as barracas. Provavelmente vão queimar a bruxa da Keetlyn, melhor amiga da Rebeca e a mais popular da escola. Legal, mais uma atividade em que eles se sairão muito melhores que nós; a fogueira matina! - outro nome bizarro da autoria do guia, ele realmente não tem talento para isso, mas é um gato!

Passo despercebida pelo lado mais denso do mato, melhor deixar as pedras que pretendia jogar para outro dia.

Sento na margem do lago e observo a água cristalina, alguns cardumes passam e me deixam estupefata com a velocidade e beleza. Poderia nunca mais sair daqui e nem me importaria.

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