- Então você foi à biblioteca pra ler, não foi, Ísis?
Minha irmã estava parada à minha frente com as mãos na cintura, batendo com a ponta do pé no piso do meu quarto.
- Por que mais motivos eu iria?
- Quem sabe um garoto barbado, bonitinho, simpático, sorridente e que adora ler. E deve ser muito inteligente. Quem é?
- Não sei do quê você está falando, Pri.- Ignorei o olhar insistente dela. Eu não queria contar. Sempre que eu contava alguma coisa dava errado. Queria, pela primeira vez, guardar um romance para mim mesma, não queria que minha irmã participasse dele. Porque provavelmente ela iria querer ir junto da próxima vez, e havia um certo perigo de paixão imediata entre meu mais novo amor e ela.
Sim, eu havia quase esquecido o Luan e só conseguia pensar no Lucas.
- Tá bom. Você não quer contar? Entendi. Mas eu vou descobrir.
- Espera aí, Priscila. Como você sabe desse garoto aí que você diz que eu encontrei?
- Segui você.
- Ah... Pior, irmã, do, mundo.
- Não! Não diz isso! Eu... eu sou legal, não sou? Quer dizer, queria descobrir porque você queria tanto sair de casa. E por que está sempre com a cabeça mas nuvens quando está com a família. Só isso. E eu pensei que era o Luan, queria ver oque estava acontecendo.
- Que tal você cuidar um pouco mais da sua vida? Eu não sou sua irmã mais nova de três anos, ainda bem, porque se você fosse chata comigo como é com o Ma, eu morria, sou adolescente, Priscila. Sei cuidar de mim. Agora, dá um fora do meu quarto!- Disse apontando para a porta enquanto olhava para o chão, não querendo encarar minha irmã.
- Mas eu...
Rosnei, entre dentes, e ela resolveu sair. Depois não voltou mais. Nem pra se desculpar por ser prepotente demais. Ela não manda em mim.
Se eu não tivesse vergonha na cara, atravessava a rua e ia nesse momento ver o Lucas. Mas abrir a janela era o suficiente, quem sabe eu não o via andando ou por trás das janelas?
Abri as venezianas e foquei minha atenção na rua, caso o visse passar. De repente uma pedrinha atingiu meu braço, era tão pequena que quase não senti nada, se não fosse tão sensível. Olhei para a frente para descobrir quem a havia jogado, oque era ilógico, afinal, estava no segundo andar da minha casa. Mas era um impulso; qualquer objeto que vem da frente foi atirado por alguém que está na frente.
O melhor impulso do mundo.
Foi como um soco. Na janela da casa dele, Lucas sorria contra o pôr do sol, com um potinho repleto de pedrinhas na mão, a luz do sol o deixava ainda mais lindo, com um contraste fabuloso de amarelo. Não pude evitar um sorriso, quase como uma risada, por isso coloquei a mão na frente dos lábios.
Ele pegou algo por trás da janela e amarrou em uma das pedrinhas do poste. Depois ele jogou para a minha janela.
Eu não sei como isso deu certo, Ísis, mas já que entrou na sua janela... Quero falar logo. Me dá seu número? Eu não uso redes sociais, mas adoro trocar SMS. :)Sorri, e escrevi o número no verso do papel.
Claro, menino da janela.
XX XXXX-XXXX
:)Atirei a pedra com toda a força, graças a Deus acertei a janela dele. E ganhei um sinal de positivo do Lucas. Sorri para a escrivaninha, ao meu lado.
Logo meu celular apitou aquele barulho insistente de nova mensagem. Ele ainda estava na janela, sentado no batente, com o celular na mão, resolvi o imitar, queria ver suas reações às minhas mensagens, sentei na janela e respondi à mensagem.
Lucas: Oi :)
Ísis: Oi :)
Lucas: Tudo bem?
Ísis: Claro. E você?
Lucas: Ótimo.
Ísis: Veio para casa logo depois de mim? :)
Lucas: Na verdade não, fiquei mais algum tempo. A propósito, ouvi seus gritos com sua irmã... Meio altos... hahaha
Ísis: Ela é uma idiota. Mas esquece isso.
Lucas: Então ela me achou bonitinho.
Ísis: Esquece isso!
Lucas: Calma, não se estressa... Retirou algum livro?
Ísis: Austen, minha moça dos romances.
Lucas: Você precisa de um apelido. Algo que só nós conheçamos.
Ísis: Qual?
Lucas: Que tal se eu te chamar de Invasora?
Ísis: Bom apelido. Sr. Pedregulho.
Lucas: Esse é o meu? É o pior que eu já vi. Pareço alguém das cavernas. Um dos Flintstones,
Ísis: Idiota, decida seu próprio apelido.
Lucas: Moço da Janela. É um bom apelido.
Ísis : Grande demais, mas pode ser.
Lucas: Invasora, preciso ir, volto à qualquer momento. Se você quiser conversar. Tchau :)
Ísis: Tchau, moço da Janela.
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Livros, Cafés e Amores
Подростковая литератураÍsis não é a garota mais popular, nem a mais bonita, mas tem um garoto que gosta dela à seus pés, é repleta de amigos, apesar de preferir passar o dia na biblioteca. Certo dia, ao fazer uma de suas visitas diárias à ela para ler, encontra um rapaz...