O almoço dele com a minha família foi perfeito.
A família toda gostou dele, conversaram bastante e eu nunca vi ele tão solto... Falou muito sobre ele também, coisa que nunca tinha feito entre nós dois.
Só não aprovei uma coisa que aconteceu após o almoço, enquanto todos comiam a sobremesa, a Priscila, sentada ao meu lado, sussurrou uma pergunta ao meu ouvido; "Me interessei nele... Vocês tão namorando?", assenti positivamente, podia não ser verdade, mas se a Priscila se interessava, eu não teria a menor chance, ela fez beicinho e voltou a comer sua sobremesa... Às vezes a Priscila perdia a oportunidade de calar a boca.
De canto de olho, percebi o Lucas dando uma olhadinha para mim e sorrindo. Será que ele escutou?
Não me importei muito com isso, apenas continuei de cabeça baixa e dei um risinho amarelo.
- Tá acontecendo alguma coisa aqui?- Era a vez da minha mãe se pronunciar naqueles olhares; ela mantinha o dela severo e especulador.
- Não, mãe.- Respondemos eu e Priscila em uníssono. Depois nos encaramos por alguns segundos.
- Hum, acho bom... Lucas, você e a Ísis estão namorando?- Minha mãe perguntou, totalmente mudada; simpática e sorrindo.
- Mãe!- Falei alto, repreendendo ela com o tom de voz.
- O quê? Que mal tem perguntar?- Ela disse fazendo cara de desentendida. Meu pai ria para a mesa e balançava a cabeça.
- É, Ísis... Que mal tem?- Lucas me olhava com um olhar estranho, jurei que era quase malicioso.- Acho que sim, senhora. Quer dizer, ainda vamos nos conhecer melhor...
Sorri, ele sempre dava a resposta ideal que conquistava meus pais. Minha mãe sorriu aprovando.
- Você quer dizer... Se conhecer sobre... A vida de cada um, não é? Quer dizer, não o cor...- Meu pai parecia repentinamente preocupado com aquilo, ele pigarreou antes de continuar.- Corpo?
Bufei e levantei na mesa, abandonando a sobremesa intocada e indo para o meu quarto.
- Senhor, queremos conhecer nossos gostos... Minhas intenções com a sua filha, pode ter certeza, são as melhores e provavelmente num futuro distante. Agora, se me dão licença, preciso conversar com ela...
Acho que meus pais assentiram, porque ouvi passos na direção do meu quarto, e depois batidas na porta.
- Ísis? Tá aí? Vamos conversar?
- Vai embora... Estou muito envergonhada... A gente se fala amanhã... Ou depois por SMS. Tanto faz...
- Ísis, minha pequena, eu não vou embora. Quando você estiver pronta pra conversar eu vou estar aqui...
Ele se escorou na porta, pois ouvi o baque de sua cabeça contra a porta e sua respiração constante.
- Não faz isso, moço da janela... Me deixa aqui, pode demorar até eu resolver conversar com você...- Disse. Eu estava super envergonhada. Não era nada demais, não havia motivo pra chorar. Eu só não queria ver o Lucas até eu esquecer oque meu pai tinha dito.
- Eu espero. E não vai demorar tanto assim, não.
Diferente do que ele esperava, eu não saí tão cedo assim, quer dizer eu não saí mesmo. Coloquei meus fones tentando evitar ouvir sua respiração e algumas batidas na porta que ele dava a cada instante.
...
Quando minha barriga já estava roncando de fome e o celular indicava 00:00 horas, decidi que era melhor sair pra beliscar algum lanche. Tirei os fones, esperando não ouvir barulhos indicando sua presença. Não ouvi nada, saí de fininho e fui até a cozinha, onde tomei água o suficiente para passar trinta anos sem beber nada, comi algumas sobras da janta e biscoitos (pra mim aquela guerra se é biscoito ou bolacha não existe, é biscoito e pronto! Bolacha não faz parte do meu vocabulário.), voltei ao quarto, onde encontrei o celular tocando. Era o Lucas.
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Livros, Cafés e Amores
Teen FictionÍsis não é a garota mais popular, nem a mais bonita, mas tem um garoto que gosta dela à seus pés, é repleta de amigos, apesar de preferir passar o dia na biblioteca. Certo dia, ao fazer uma de suas visitas diárias à ela para ler, encontra um rapaz...