Só fui voltar ao normal mesmo com ele, sem nenhuma vergonha de conversar como bons amigos, na quarta- feira. Um dia antes do meu aniversário. Fala sério, eu não sei porque as pessoas comemoram os aniversários. Nada contra, mas... Na minha opinião isso não é certo... Comemorar por ter vivido mais um ano? Talvez. Comemorar por fazer mais um ano na tua vida que te aproximam cada vez mais da velhice? Não é um bom motivo pra comemorar. Eu gosto de ser jovem.
Por isso no meu aniversário eu não queria festa. Meus pais sempre respeitaram isso por conhecerem meu ponto de vista. Minhas amigas não.
Caramba, 7 meninas convidavam a turma toda e faziam festa surpresa. Todo ano era na casa de uma. Portanto hoje, quinta- feira, eu estava esperando tristemente festa surpresa de qualquer lado.
Minha mãe me levou à livraria, para comprar meu presente de aniversário, que era sempre o mesmo; livros.
- Você pode pegar quatro.
Comemorei em silêncio e entrei na livraria. Deslumbrada com aquela imensidão de livros de tantos gêneros diferentes, como toda leitora ficava quando entrava numa livraria.
Acabei comprando; A Garota Que Eu quero, Markus Susak, Cidade dos Ossos, Cassandra Clare, Cidade das Cinzas, Cassandra Clare e Cidade de Vidro, Cassandra Clare. Minha mãe achou estranho os títulos dos livros, mas cedeu quando expliquei à ela que era uma série muito boa.
Acabei saindo da livraria e indo tomar café. Sozinha. Porque minha mãe não me acompanhou, alegou que suas pernas doíam muito de tanto ficar parada esperando que eu escolhesse livros bons o suficiente.
Dessa vez fui em uma cafeteria diferente. Próxima da minha casa.
Levei meus livros, claro. Minhas companhias por aproximadamente três semanas. Tempo que eu precisava para lê- los por completo.
Paguei um Cappuccino no balcão e fui até o fundo da cafeteria. Acabei me acostumando a me direcionar ao fundo dos estabelecimentos de tanto ir aos lugares com o Lucas.
E encontrei quem eu menos esperava encontrar fora de casa sem a minha companhia.
O Lucas, sentado à mesa lendo Orgulho e Preconceito. Como eu, amante de Austen.
- Oi.- Depositei a sacola repleta de livros na mesa, mais ao lado, pois na frente dele daria a impressão de que eu queria esfregar na cara dele. Que era oque eu menos queria. Permaneci com o copo na mão, e percebi que ele também havia pedido Capuccino.- Resolveu aderir aos meus gostos?
- Eu?- Ele fechou o livro e me encarou com a sobrancelha erguida.- Apenas tentando descobrir oque você pensa quando lê Austen e toma esse tipo de café.
- Eu penso no amor...- Sorri ao perceber sua expressão zombeteira.- É sério... No que você pensa?
- Qual seu maior sonho?- Perguntou ignorando minha pergunta. E então percebi que ele estava anotando alguma coisa num papel no centro do livro.
- O quê você tá anotando?
- Qual seu maior sonho?- Me ignorou de novo, às vezes ele dava olhadas analisadoras para mim e voltava a anotar com um lápis.
- Escrever um livro um dia... Algo publicável... Bom o bastante... Fazer sucesso, ver as pessoas realmente lendo meu livro, sorrindo com as partes emocionantes ou engraçadas, chorando com as tristes... Essas coisas... Qual o seu?- Perguntei, já emocionada com minha própria explicação.
- Sair de casa. Construir a minha própria casa e minha própria família, ter uma esposa atenciosa... E filhos lindos...- Ele sorria, enquanto tirava a folha de dentro do livro e o fechava sem marcar a página. Fiquei assombrada com aquilo, mas fingi ignorar. Eu tinha uma mania perfeccionista com livros.
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Livros, Cafés e Amores
Fiksi RemajaÍsis não é a garota mais popular, nem a mais bonita, mas tem um garoto que gosta dela à seus pés, é repleta de amigos, apesar de preferir passar o dia na biblioteca. Certo dia, ao fazer uma de suas visitas diárias à ela para ler, encontra um rapaz...