Livros, Cafés e Amores

3- Mas decidi que Dessa Vez eu Não Deixaria O tal Nervosismo me Atrapalhar

Eis me em frente à tela do computador com o skype aberto no chat da Flavinha.

Afinal, depois de consolar meu irmão, estudei para a prova de Biologia até as 02:00 horas da madrugada, e havia me saído muito bem nela, acho que acabara compensando a nota de química, mesmo que não na mesma matéria. Quando cheguei em casa fui barrada pelo meu irmão, ele afirmava que a tal menina que partiu seu coração havia mandado uma mensagem no skype, chamando meu irmão de tudo que há de pior no mundo, dizendo que ainda o amava mas ele era um patife que a havia iludido. Se a mensagem não contivesse tantos palavrões, eu a escreveria aqui.

A respiração quente do meu irmão no meu pescoço, em uma cadeira atrás da minha me deixava nervosa, mais além do que já estava, pois não sabia oque diria àquela garota idiota.

- Vai escrever ou não, Ísis?!- Meu irmão parecia estar tão nervoso quanto eu, e bufava a cada poucos minutos.

- Ai, Miguel! Desse jeito não vou escrever mais nada e vou deixar você se virar! Mas que coisa, para de respirar no meu pescoço!

- Tá bom, vou trancar a respiração aqui...

Revirei os olhos, acho que ele percebeu. Pelo menos teria se tocado que o sarcasmo dele era péssimo quando eu estava nervosa assim.

- O que você quer que eu escreva, afinal?!

- Não sei, você é a garota aqui, tem que saber...

- Ah, pelo menos eu sou a garota aqui.

Ele revirou os olhos do mesmo jeito que eu, éramos mesmo irmãos.

Precisava pensar logo algo para escrever ali e me livrar dele. Não havia dado tempo de passar na Cafeteria pra falar com o Lu e colocar meu plano em prática, e eu ainda pretendia passar lá com um livro de romance e alguns trocados para comprar café.
Flavinha,
Eu iludi você, afinal? Incrível sua capacidade de mentir na cara dura! Espero que você seja muito feliz com o seu MARIDO, é, eu ainda lembro de ontem quando você me deu o maior fora porque era casada. Então perceba que foi você quem me iludiu. Aliás, sabe esses nomes ridículos e do nível mais baixo de quê você me chamou? Não chamo você de cada um deles porque sou muito bem educado e diferente de você, gosto de usar palavras mais desenvolvidas. Então, invés de mentir e vir tirar satisfações de uma pessoa que amava você, vá até uma biblioteca e leia algum dicionário, ocupe seu tempo com conhecimento e não mentiras. E eu não a amo mais como antigamente, apesar de que você será inesquecível, não apenas por ter sido um grande amor, mas uma grande decepção, um grande erro e uma grande mentira. Será que seu nome é Flavinha mesmo? Hum, sobre oque mais você mentiu, eu não sei, mas não darei oportunidade para que minta sobre mais alguma coisa.
Adeus.

- Uau... Metade do que você escreveu aí é mentira, mas... Arrasou!- Meu irmão sorria enquanto eu me levantava da cadeira e ia para meu quarto.

Troquei o uniforme da escola por um vestido floreado soltei os cabelos louros e peguei o primeiro livro de romance da minha estante Love Story- Uma história de Amor, um dos melhores livros de romance que eu já havia lido, na minha opinião, melhor até que A Culpa É Das estrelas, que só virou modinha porque determinada quantidade de jovens populares leu o primeiro livro de suas vidas, e por acaso ele era triste e então bum; febre mundial.

E se, de repente, eu chegasse na frente do Luan e esquecesse tudo que eu deveria dizer? E se perdesse os sentidos e desmaiasse de nervosismo? Esse era meu pior defeito; nervosismo. Ele me denunciava sempre. Mas decidi que dessa vez eu não deixaria o tal nervosismo me atrapalhar.

Minha irmã fez isso por ele.

- Onde você vai, dona Ísis?- Minha irmã estava à minha frente, com o pijama de oncinha e os cabelos emaranhados.