10- Esse quase sempre atrapalha meus sonhos de se realizarem

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Depois de uma longa palestra de quem era o garoto da noite passada e oque ele veio fazer aqui, minha família me liberou da mesa do café da manhã.

Óbvio que eu não contei a verdade, falei oque ele disse que tinha contado para minha mãe deixá- lo entrar.

Subi para meu quarto, com certa vontade de mandar um SMS para o Lucas, apesar de eu não querer parecer uma atirada depois do quê havia quase acontecido ontem à noite. Se isso não ficou claro ainda, oque aconteceu foi que a gente quase se beijou. Esse quase sempre atrapalha meus sonhos de se realizarem.

Abri a janela esperando que ele estivesse lá parado com um sorriso no rosto, talvez com a mesma vontade de conversar.

Ele não estava lá.

Peguei o celular, ainda depositado sobre a cabeceira e desbloqueei- o. Não tinha novas mensagens. Será que ele estava envergonhado pelo nosso quase?

Resolvi iniciar o assunto.
Ísis: Oi :) Tá aí?
Lucas: E pela primeira vez, numa manhã chuvosa de domingo, o Lucas não foi quem iniciou a conversa com ela.
Ísis: E pela primeira vez, numa manhã chuvosa de domingo, não era a Ísis quem estava de olho no celular esperando uma mensagem dele. Estava esperando, não estava?
Lucas: Sim. Queria convidar você pra ir em um lugar comigo.
Ísis: Que lugar?
Lucas: Um lugar, minha Pequena, que quase ninguém da cidade conhece, somente pessoas com cultura e que amam café.
Ísis: Tipo eu? Já gostei desse lugar aí, é onde?
Lucas: É a Cafeteria do Leo. Topa?

O celular fraquejou na minha mão, quase o derrubei. Era a cafeteria onde o Luan trabalhava! Seria meio estranho aparecer lá acompanhada. Queria poder dizer não pra ele.
Ísis: Péssima ideia. Eu conheço o lugar, nem é tão bom assim...
Lucas: É perfeito! Vamos nessa, Is!
Ísis: Não é uma boa ideia, moço da janela...
Lucas: Se não quer sair comigo fala. Se não quer sair na chuva só porque é uma masoquista de meia tigela e fez um penteado que não quer estragar, fala também. E será a última coisa que falará comigo.
Ísis: Chantagista. Isso não é nada cavalheiro...
Lucas: Cavalheiro foi eu te convidar e você negar... Isso foi, né...
Ísis: Meu Deus! Tudo bem, eu vou! Quando?
Lucas: Tipo agora!
Ísis: São 09:00 da manhã, eu acabei de tomar café...
Lucas: Então tchau...
Ísis: Idiota. Me espera lá embaixo. E com guarda- chuva porque eu só tenho um.
Lucas: !! :) Legal!

Não me arrumei nada, apenas vesti um casaco azul de tricô feito pela minha avó, galochas amarelas e prendi os cabelos despenteados num coque alto, peguei o guarda- chuva ao lado da porta de saída e o encontrei ao lado da árvore, na frente da porta, andei desengonçada até ele, quase caindo no asfalto molhado da calçada. Dessa vez o quase me salvou. Ele ria do meu charme inexistente com calçadas molhadas. No fim estendeu o braço que não segurava o guarda- chuva para me estabilizar pela cintura.

- Uau, você tá linda...

Fiquei surpresa por ele comentar sobre isso, qualquer garoto me acharia linda nos meus melhores dias, como o Luan fazia, quando eu estava bem vestida, cabelo arrumado e maquiagem feita. Ele me admirava pelo que eu era de verdade, uma garota normal que às vezes cansa de tentar parecer bonita para a sociedade. Arregalei os olhos e sorri.

- Devo estar...- Sarcástica.

- É sério... Essa aí é você mesma! Do jeito que eu sempre via pela janela.- Disse baixando os olhos.

Ele ficava me espionando pela janela?!

- Você ficava me espionando pela janela?!

- Observando, na verdade. Ficava.

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