- O quê você tava fazendo aqui sozinha com o meu namorado?- Minha irmã sussurrou, com a testa franzida. Dava pra perceber que nenhum de nós três queria que o papai acordasse.
Eu estava paralisada, não conseguia abrir a boca pra responder, e também não sabia se contava a verdade ou mentia para o bem dele e dela. A sorte foi que o Luan se precipitou, me salvando da situação toda de ter que responder isso. Eu devia uma à ele. Devia nada, Ísis, lembra que ele foi quem te trouxe aí? Deixa de ser trouxa!
- Vim tomar água, meu amor. Aí eu fiz um barulho no balcão tentando achar copos, porque não importa quantas vezes eu venha aqui, eu nunca vou saber onde vocês guardam os malditos copos!- Ele sussurrou sorrindo e se aproximando da minha irmã, já a abraçando. A testa dela não estava mais tão franzida.
- E a Ísis, o que veio fazer aqui?- Ela perguntou, me encarando.
Vasculhei minha cabeça a procura de algo que se encaixasse nos argumentos dele, até que uma ideia simples, mas infalível me surgiu.
- Eu ouvi o barulho. Vim ver oque era, você sabe que eu não gosto de desrespeitar as regras do papai, portanto me preocupei se algum casal não estava, você sabe, se beijando na cozinha.- Sussurrei em resposta.- Pri, desliga a luz se você não quiser levar bronca do nosso pai!
Ela já estava com a expressão mais suave, pois era bem a minha cara mesmo levantar da cama pra ver se alguém havia desrespeitado as regras, assentiu e apagou a luz, e então ouvi sons de beijos e percebi que era minha hora de vazar.
Me enrolei mais um pouco no roupão porque a noite estava fria, e utilizando novamente da minha técnica silenciosa, voltei para o quarto. Deitei na cama e me cobri novamente até o pescoço, de roupão e tudo, porque sabia que não conseguiria dormir durante a noite toda por causa da consciência pesada. Eu detestava mentir.
Mas eu sabia que era para o bem do namoro da minha irmã, mas mesmo assim era péssimo, porque se eu fosse uma boa irmã, eu teria contado à ela que tipo de pessoa era quem ela amava, que havia tentado me beijar depois de ser tão grosso comigo na sorveteria e tal. Mas também sabia que se eu contasse, talvez ele desmintisse e eu passaria de estraga- namoro e fura- olho. E minha irmã me detestaria ainda mais.
E depois, a consciência começou a pesar porque lembrei do Lucas, lá na sala, dormindo inocentemente, e eu na cozinha, escondida dele fugindo de um beijo proibido. Mas pelo menos você fugiu, Ísis! E não beijou...
Isso era verdade, mas mesmo assim, e se a Pri contasse para o papai desse encontro "acidental" meu e do Luan e o Lucas não acreditasse na coisa da água e eu tivesse que contar tudo pra ele? E no fundo eu sabia que talvez realmente contasse tudo a ele mesmo que a Priscila mantivesse o bico calado.
Fiquei olhando para a escuridão até ouvir outro barulho na porta, dessa vez uma abertura de maçaneta mais delicada, e a pessoa não foi embora, sentou ao meu lado na cama e manteve- se quieta.
- Quem é?- Perguntei sussurrando.
- Priscila.
- O que quer?
- Conversar.
- Fala.
Ela se virou para mim e moveu as pernas para cima da cama, cruzando- as em um X, fiz o mesmo, só que fiz mais barulho na cama e as cobertas cobriram minhas pernas.
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Livros, Cafés e Amores
Fiksi RemajaÍsis não é a garota mais popular, nem a mais bonita, mas tem um garoto que gosta dela à seus pés, é repleta de amigos, apesar de preferir passar o dia na biblioteca. Certo dia, ao fazer uma de suas visitas diárias à ela para ler, encontra um rapaz...