17-Sejamos Sinceros

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No fim das contas, quem havia dado o presente para o Ma era o Luan. Eu nunca teria suspeitado da barba porque das últimas vezes que o vi, ele estava com a cara enfiada na da minha irmã, então foi meio que um choque ver o rosto dele tão parecido com o do Lucas.

- Eu adoro o Luan!- O Ma disse todo sorrisos.

O Luan também sorriu. E logo se direcionou para mim, com a expressão repentinamente séria.

- E como vai o namoro com o Lucas, Ísis?- Desmanchei minha expressão quase- alegre e assumi uma de tédio, oque pareceu o contentar. Mas antes que eu pudesse responder, o Ma resolveu soltar a língua. Linguarudo.

- O Lucas é aquele barbado legal que entrou no seu quarto aquele dia e saiu horas depois?- Ai, Matheus, que mico!!

- O que ele tava fazendo no seu quarto?- O Luan perguntou, nada de expressão quase- contente, aquelas sobrancelhas arqueadas pareciam mais raivosas que outra coisa...

- O que você tá fazendo Zanzando pela rua se tem namorada? Viu, as respostas são as mesmas; não interessa.- Eu disse querendo acabar logo com aquele sorvete.

- Eu estava indo encontrar sua irmã na pista de skate. Quero ensiná- lá a andar, passando, vi o Ma aqui e resolvi parar pra conversar. A Pri me espera, principalmente porque marquei o encontro pra daqui meia hora. Agora é sua vez, oque ele foi fazer no seu quarto? O mesmo que você nunca me deixou entrar.- Ele perguntou. Fiquei pensando o porque de tanto interesse já que ele estava namorando com a Priscila, porque ele não pegava no pé dela?
- Ele veio assistir um filme comigo; Invocação do Mal. E porque eu te deixaria entrar no meu quarto se você sempre foi um grosso comigo?- Disse com os olhos fixos na casquinha, havia algum tempo que eu não conseguia encarar o Luan por muito tempo.

- Hum... Você nunca foi grossa comigo, não é? E naquela vez que você me empurrou do nosso beijo?- Ele comia sem pressa o maldito sorvete de morango, que o Ma havia cochichado que era sorvete de menina, afirmação da qual eu RI em segredo com meu irmão.

- Bem, eu costumo empurrar as pessoas que me beijam à força, quando eu não quero mais nem saber delas ou estou e resistindo à tentação porque elas me fizeram sofrer.- Disse maliciosa, lembrando dele e do Marco Júlio, o Luan ficara sabendo da história toda quando o último me batera.

Então ele simplesmente levantou, fez um brinde de sorvete com o Ma e saiu, tão grosseiro quanto sempre foi.

Sorri por dentro e peguei a mão do meu irmão e voltei pra casa, de mãos dadas com o único homem da minha vida, ou pelo menos o único que valia meu esforço.

...

Minha mãe estava sentada no sofá, com uma mulher estranha que eu nunca havia visto; e a usava uma saia até o joelho, preta e justa, sua pele era pálida como papel, mas pálida que a minha, ela parecia ter uns 10 anos a mais que minha mãe, ou seja, lá por uns 50, já haviam alguns fios brancos e cinzas em seu cabelo, amarrado em um coque rígido, sem um fio fora do lugar, ela não tinha aquelas rugas de sorriso que minha mãe já possuía, mas tinha algumas em volta dos lábios, talvez de tanto franzir a boca. Seus saltos super limpos balançavam ritimadamente no piso da sala conforme o balanço de seus pés. Ela parecia estar impaciente.

Deixei o troco ao lado da TV e sentei ao lado de mamãe, que mantinha a expressão séria e os olhos estranhamente assustados, o Ma logo subiu para meu colo, onde ficou pulando como se estivesse num cavalo, com um enorme sorriso na boca lambuzada de sorvete.

- Ísis, essa aqui é a assistente social, Maria Angélica.- Minha mãe fez as apresentações.

Balancei a cabeça em um aceno sorridente, ao qual ela não respondeu, mantinha os olhos fixos no curativo no joelho do meu irmão, mas mesmo assim, manto o sorriso e discretamente movo a mão para que fique sobre o band- aid. Ela percebe, e então finalmente me olha. O sorriso ainda está nos meus lábios. Será que pareço sádica demais?

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